Carlos Silva na baliza de Moçambique

Carlos Silva, guarda-redes campeão suíço pelo Basel, vai defender a baliza de Moçambique no Mundial de França, que decorre entre 20 e 27 de Junho.
“Esta oportunidade surgiu por ter familiares de Moçambique da parte da minha mãe e através de um treinador que me conhece há muitos anos, e que sabia da minha situação, o Pedro Nunes”, começa por contar ao HóqueiPT. “Há um ano recebi uma abordagem e disse que estaria disponível. Na altura não passou daí. Entretanto, a meio desta época recebi outra abordagem, já mais concreta e avancei com a documentação”, explica.
Carlos Silva foi internacional jovem e sénior por Portugal, tendo representado a selecção das quinas no Europeu de 2006 (Monza) e no Mundial de 2007 (Montreux). Aos 32 anos volta a ter oportunidade de actuar num Mundial.

“Sabia também que já não era um jogador seleccionável para a selecção portuguesa, que representei pela última vez há oito anos e assim já poderia representar outra. Como sabia de antemão que não iria ser chamado para a selecção portuguesa, decidi aceitar. É uma oportunidade que tenho de jogar um Mundial e de mais uma vez trabalhar com o Pedro, que é um dos treinadores que mais me marcou na minha carreira e por isso também ter aceite o convite”, refere.
Carlos Silva esteve às ordens de Pedro Nunes no Paço de Arcos na época de 2012/13, finda a qual o técnico se mudou para a Luz. Este Mundial marca o regresso de Pedro Nunes ao comando técnico da selecção moçambicana, depois de em 2011 ter conquistado um inédito e brilhante quarto lugar. Volvidos quatro anos, ainda que os “ngonhamas” possam almejar a um percurso semelhante, para Carlos Silva há um primeiro passo importante a dar. “O principal objectivo é passar o grupo”, afirma, e analisa as hipóteses de Moçambique.
“Estamos num grupo com a Argentina, Suíça e Inglaterra. Muito provavelmente, vamos discutir o apuramento com a Suíça, dado que a Argentina está fora do alcance das equipas deste grupo e a Inglaterra será talvez a equipa mais acessível. O grande objectivo passa por passar o grupo e depois, nos oito primeiros, cada jogo é uma final e vamos tentar melhorar a classificação de há dois anos em Angola”, expõe. Recorde-se que Moçambique terminou o Mundial 2013 em sétimo lugar.

Uma grande época na Suíça
O guarda-redes Carlos Silva chegou em 2004/05 ao Benfica, com apenas 21 anos, depois de uma época brilhante em Paço de Arcos. Esteve na baliza encarnada seis temporadas, regressando depois ao clube da Linha, onde se formou, para mais quatro temporadas. No último defeso apostou numa aventura “extramuros”, nos suíços do Basel.
“Decorreu de acordo com aquilo que esperava”, afirma. “Foi uma experiência muito boa, uma experiência maravilhosa a nível pessoal e a nível desportivo. Conheci pessoas fantásticas, uma cidade fantástica, um país fantástico”, regozija-se. “Venho de lá completamente realizado. Feliz por aquilo que aconteceu, por aquilo que vivi”, descreve satisfeito, finda a temporada em que o Basel conquistou o título helvético. “Fomos campeões, atingimos o objectivo máximo”, refere, ainda que ambicionasse mais. “Ficou um pequeno amargo de boca na Taça, em que fomos eliminados na meia-final. Mas na recta final do campeonato fizemos um playoff muito bom, estivemos a um nível muito alto”, orgulha-se. “Chego a Portugal com o sentimento de dever cumprido, cresci muito como pessoa. Adorei”, resume.

Terminada há pouco tempo a época, ainda não há decisões para a próxima. “Ainda não tenho o meu futuro decidido. Tenho hipóteses de voltar a Portugal ou de ficar na Suíça. Para além do Basel, tenho ainda hipótese de outro clube suíço mas ainda não decidi. Deve ficar resolvido nas próximas duas semanas, no máximo”, aponta.
A selecção moçambicana concentra-se esta segunda-feira em Lisboa e inicia amanhã os trabalhos com treinos bi-diários na Luz. Caso não haja alterações, o primeiro jogo no Grupo B do Mundial – com Inglaterra – está marcado para as 16h10 locais de dia 20 deste mês.
Segunda-feira, 1 de Junho de 2015, 13h01