Primeira jornada da 'Champions' com apenas uma (meia) surpresa
Arrancou a Liga dos Campeões, numa ronda europeia de poucas surpresas. Benfica, Oliveirense e Sporting venceram em casa e o Valongo triunfou em Itália. O Porto não foi além de um empate na recepção ao campeão de uma menosprezada Liga Europeia.
Depois de duas rondas qualificatórias, aí está a Liga dos Campeões com todas as suas equipas de renome. A primeira jornada terá tido apenas a surpresa do empate caseiro do Porto, um dos "tubarões" ausentes na pretérita temporada, mas os dragões defrontavam - desfalcados por castigos - o campeão europeu em título, por mais menosprezada que tivesse sido essa edição da Liga Europeia.
Para o Grupo A, em Lisboa, há mais de três anos que o pavilhão da Luz não recebia um jogo das competições europeias. E o último fora uma derrota por 2-4 na recepção ao Barcelona em Dezembro de 2019. Ainda a pandemia dava os primeiros passos na China, estava Nuno Resende a brilhar no Lodi, afastando mesmo o então campeão em título Sporting na fase de grupos.
Depois, as provas de 2019/20 foram canceladas. Em 2020/21, fez-se uma prova de recurso com apenas nove equipas no Luso. Em 2021/22, o Benfica alinhou com os consócios da EHCA e abdicou da participação na Liga Europeia.
Podendo levar a jogo os 10 que pretendesse independentemente da nacionalidade, Nuno Resende deixou de fora Daniel Oliveira ("Poka") para uma partida de Liga dos Campeões com casa despida, a que não será alheio o facto de jogar a equipa de futebol ao mesmo tempo.
Logo aos 17 segundos, o Benfica dispôs de uma grande penalidade, que Diogo Rafael desperdiçou. Perante um Calafell expectante, as águias chegaram à vantagem aos sete minutos, de livre directo, por Pablo Alvarez, e lograriam mais dois golos nos dois minutos seguintes. Lucas Ordoñez, numa jogada estudada, e Gonçalo Pinto, aparentemente com o patim, ampliavam para 3-0 e soava a goleada na Luz.
Mas o Calafell, detentor da Taça WSE, mas estreante na prova máxima europeia, reagiu. Depois de primeiros minutos em que só arriscara de meia distância, acalmou o jogo para evitar males maiores. E depois agitou-o com a entrada de Arnau Xaus, que passou, muito jovem, pela Juventude de Viana.
Mais intenso o Calafell chegaria a um merecido golo a sete minutos do intervalo, pelo internacional angolano Humberto Mendes ("Big"), mas depois de um azul a Sergi Miras, com passado de leão e dragão ao peito, Pablito voltou a ser eficaz e fixou o 4-1 com que se chegou ao intervalo.
Na segunda parte, Jordi Ferrer ("Ferreti") reduziu aos oito minutos. O Benfica manteve-se confiante com a sua vantagem, mas a equipa catalã crescia com o passar dos minutos. Já nos derradeiros cinco, um azul a Gonçalo Pinto deu oportunidade a Martí Casas de reduzir. O goleador do Calafell foi quase displicente no seu remate directo, mas, quando o "underplay" terminava, Jan Escala fazia o 4-3 que deixava tudo em aberto.
Num jogo de gato e do rato, a equipa de Ferran López ia protestando vários lances e o Benfica ia conseguindo manter a posse de bola. A solo, Roberto Di Benedetto libertou-se de um punhado de adversários para bater o interventivo Gerard Camps (num pavilhão com pouca gente, foi quem mais se ouviu na segunda parte) para o 5-3 que carimbava o triunfo encarnado, até porque, em protestos após o golo, o capitão catalão Oriol Palau viu azul deixando o Calafell sem jogadores ou argumentos para fazer mais...
No outro jogo do grupo A, a Oliveirense venceu categoricamente a Oliveirense, vigente campeão espanhol, por 5-1. César Carballeira ainda respondeu ao golo inicial de Tomás Pereira, mas três golos de Lucas Martinez decidiriam o jogo ainda na primeira parte. A equipa de Paulo Pereira controlou bem a partida e até ampliou a meio da etapa complementar, por Xavi Cardoso.
Campeão Trissino empata no Dragão Arena
No Grupo B, um Porto com três baixas por castigo não foi além de um empate a três na recepção ao Trissino, campeão italiano e europeu, sendo que muito se argumentou na pretérita temporada sobre o mérito do título continental quando, por opção própria, as mais fortes equipas da Europa abdicaram da participação. Mas a equipa de Alessandro Bertolucci, claramente a melhor de Itália, mostrou o seu inegável valor.
Andrea Malagoli bisou para uma vantagem ao intervalo atenuada por um golo de Telmo Pinto e uma exibição segura de Tiago Rodrigues. O guarda-redes internacional jovem português, em fim de contrato com os dragões e habitualmente tapado por Xavi Maliàn (um dos três castigados), deu provas do seu talento e terá sido mesmo o melhor em pista.
No arranque da segunda parte, Roc Pujadas, em menos de três minutos, virou o marcador com dois golos e o Porto tentou segurar os três pontos. Mas, em superioridade numérica, depois de azul a Ezequiel Mena, Jordi Mendez fez o 3-3 que, ainda com largos 15 minutos para jogar, seria final.
Desfalcado das referências atacantes Carlo Di Benedetto (vai falhar toda a primeira volta) e Gonçalo Alves (que falhará também o próximo jogo), o Porto somou um ponto frente ao campeão em título.
Em Itália, o Sarzana, semifinalista da última edição da Liga Europeia, vendeu cara a derrota frente ao Noia, que conseguiria uma das duas vitórias forasteiras (a outra foi do Valongo) da noite. Jordi Bargalló marcou o único golo da primeira metade de jogo e dois golos de Adrià Ballart nos primeiros sete minutos da segunda pareciam setenciar a contenda. Mas os "rossoneri" reagiram.
Dois golos de Facundo Ortiz, que chegou a Portugal pela mão do Benfica, relançaram a partida e os catalães passaram por calafrios. Aleix Esteller fez, a três minutos do fim, um 2-4 que feria as aspirações da equipa transalpina, mas Sergio Festa até logrou reduzir novamente para a margem mínima. No entanto, os três (suados) pontos já não sairiam da bagagem da equipa de Pere Varias.
Barcelona e Valongo vencem italianos
No Grupo C, o Barcelona venceu o Forte por 6-2 no regresso de Marc Gual ao Palau Blaugrana, onde se retirou e foi delegado antes de ser tentado pelo "Projecto Felicidade" dos italianos.
O tangencial 2-1 ao intervalo ainda deixava margem para alguma esperança da equipa de Pedro Gil e companhia, mas dois golos de João Rodrigues nos primeiros dois minutos e meio da segunda parte deram uma vantagem decisiva à equipa de Edu Castro.
Valongo foi a única equipa a não sofrer golos na primeira jornada desta fase de grupos. E conseguiu-o "fora de portas".
Em Lodi, o Valongo venceu por três golos sem resposta, terminando mesmo esta primeira jornada como a única equipa sem golos sofridos. Nuno Santos adiantou a equipa de Edo Bosch aos 14 minutos e Facundo Navarro ampliou ainda na primeira parte.
Na etapa complementar, o possível plano de recuperação de "Gigio" Bresciani sofreu logo um rude golpe aos três minutos, com o 0-3 por Diogo Abreu e os "giallorossi" não conseguiriam de forma nenhuma desfeitear "Xano" Edo.
Sporting triunfa em duelo luso
No João Rocha, para o Grupo D, no duelo português da noite, Gonzalo Romero marcou muito cedo e aos cinco minutos já tinha bisado para uma vantagem de dois golos que de alguma forma dava tranquilidade ao Sporting perante um Óquei de Barcelos que obrigara a reviravolta para o campeonato.
Sem o castigado Ferran Font (foi chamado Filipe Martins para o seu lugar), os leões controlaram, mas um azul já no derradeiro minuto da primeira parte, redundou em golo de Dario Gimenez, e Paulo Freitas, timoneiro nos títulos europeus de 2019 e 2021 dos leões, ficava com o empate a um escasso golo... mas não surgiria.
Num jogo em que brilharam mais os guarda-redes, dois golos madrugadores de "Nolito" Romero desequilibraram o jogo a favor do Sporting.
Numa segunda parte em que brilharam Ângelo Girão e Conti Acevedo, "apenas" os guarda-redes da final do Mundial, apenas João Souto marcou, a 11 minutos do fim, selando o triunfo leonino em 3-1.
Na Catalunha, o Saint-Omer de Pedro Chambel, única equipa francesa em prova, deu boa conta de si, mas não evitou a derrota por 4-2 em Reus. Marc Julià bisou na primeira parte e Sergi Aragonés bisou na segunda para três pontos importantes.
A 2ª jornada desta fase de grupos da Liga dos Campeões realiza-se na íntegra a 9 de Fevereiro. Entre as seis equipas portuguesas, só Óquei de Barcelos e Valongo jogam em casa, recebendo as duas equipas mais tituladas da prova.
Os barcelenses têm a visita do Reus, que venceu a prova oito vezes, e os valonguenses recebem o recordista Barcelona, que soma 22 troféus.
Grupo A
• Oliveirense 5-1 Liceo • 26.Jan
• Benfica 5-3 Calafell • 26.Jan
= 1º Oliveirense (3), 2º Benfica (3), 3º Calafell (0), 4º Liceo (0)
Grupo B
• Porto 3-3 Trissino • 26.Jan
• Sarzana 3-4 Noia • 26.Jan
= 1º Noia (3), 2º Trissino (1), 3º Porto (1), 4º Sarzana (0)
Grupo C
• Barcelona 6-2 Forte • 26.Jan
• Lodi 0-3 Valongo • 26.Jan
= 1º Barcelona (3), 2º Valongo (3), 3º Lodi (0), 4º Forte (0)
Grupo D
• Sporting 3-1 Óquei de Barcelos • 26.Jan
• Reus 4-2 Saint-Omer • 26.Jan
= 1º Reus (3), 2º Sporting (3), 3º Óquei de Barcelos (0), 4º Saint-Omer (0)
Sexta-feira, 27 de Janeiro de 2023, 7h17