Talento traído
Pol Molas anunciou aos 23 anos o abandono da alta competição, seguindo recomendações médicas. O talento e afirmação do internacional jovem espanhol, formado no Manlleu e actualmente no Voltregà, foram traídos pelo síndrome de fadiga crónica.
No passado sábado, o Voltregà recebeu o Calafell em jogo a contar para a 17ª jornada da OK Liga. O tangencial desaire da equipa de Sant Hipólit por 5-6 perante o actual 5º classificado, agora em igualdade pontual com os 3º e 4º, respectivamente Reus e Noia, acabou por ser frustrante. Mas não tanto como o "adeus" a Pol Molas.
O jogador de 23 anos, nascido a 14 de Março de 1999, anunciara inesperadamente, o abandono da alta competição por razões médicas e cumpriu frente ao Calafell os seus últimos minutos ao mais alto nível sobre rodas. A saúde falou mais alto.
Pol Molas estreou-se na OK Liga na temporada de 2016/17, com apenas 17 anos, num paradigma de aposta na "cantera" do seu Manlleu. Mas a categoria máxima não se compadeceu com a falta de experiência e a equipa foi despromovida. Na divisão secundária, Pol Molas foi-se afirmando diante dos mais velhos. Não sendo um finalizador, mas mais um estratega, assinou ainda assim 11 golos em 2017/18, 10 em 2018/19 e sete num 2019/20 encurtado pela pandemia.
Em 2020/21, "explodiu" com 22 golos na OK Liga Plata Norte, apenas aquém na sua equipa do registo de Biel Pujadas, contribuindo decisivamente para o regresso do Manlleu à OK Liga. Cinco anos depois, voltaria a jogar entre os maiores do Hóquei em Patins espanhol... mas com outra camisola.
"Saltou" para o Voltregà. Somou seis golos na sua primeira temporada na OK Liga com os históricos azuis-e-brancos, acrescentando ainda mais um golo no play-off de definição do 9º lugar. Esta época, Lluis Teixidó, que representou o português Infante Sagres em 2001/02, assumiu o cargo de treinador e reiterou a aposta em Pol. O caminho do técnico já se cruzara - pelos corredores, pelo menos - com o de Pol, entre 2013 e 2015, quando Teixidó representou o Manlleu para terminar a sua carreira como jogador.
Esta temporada, Pol Molas leva quatro golos em 16 partidas, mas há três meses foi-lhe diagnosticada síndrome de fadiga crónica, no culminar de longos quatro anos de exames a tentar perceber o que se passava. A condição - difícil de diagnosticar porque os seus sintomas podem ser muitas outras coisas - piora com a actividade física e não há tratamento para lá do "mero" alívio dos sintomas. E os médicos recomendaram o afastamento da alta competição.
No radar de "la roja"
Pol Molas destacou-se cedo como um jogador inteligente, com maturidade táctica, fazendo parte de uma excelente geração do Manlleu. Foi chamado à selecção espanhola de Sub-17 para se sagrar vice-campeão no Luso e, pouco depois, conquistaria a prestigiada Eurockey Cup do escalão. Em 2016, apesar da tenra idade, esteve no campeonato da Europa de Sub-20, em Pully, sendo "la roja" afastada por Portugal nas meias-finais.
Depois de prata e bronze, em 2018 chegou enfim o ouro. Em Viana do Castelo, ao lado de nomes como Roc Pujadas (hoje no Porto), Pol Manrubia (cedido pelo Benfica ao Liceo), Sito Ricart (Liceo) ou Miki Grau, que na altura representava o Benfica, Pol conquistou o Campeonato da Europa de Sub-20. E continuou no radar, fazendo parte dos pré-seleccionados para a Taça Latina de 2020, que não chegou a ter lugar. A pandemia traiu-o. E, agora, volta a ser traído...
No entanto, Pol não se afastará do desporto. Com formação na área da fisioterapia, procurará dessa forma dar o seu contributo para que outros possam almejar chegar ao patamar desportivo a que chegou.
Terça-feira, 7 de Fevereiro de 2023, 17h52
