«Olá, Portugal, sou um argentino e sou português»

Reinaldo Garcia abdicou da participação no Mundial para poder ser considerado 'seleccionável', mas, pese ter chegado a Portugal em 2001 e ser casado com uma portuguesa, tarda em ver reconhecida a nacionalidade. Desabafou nas redes sociais.

«Olá, Portugal, sou um argentino e sou português»

Reinaldo Garcia desabafou este domingo nas redes sociais sobre a relutância e demora das autoridades portuguesas em lhe concederem a nacionalidade.

"Sinto-me cidadão português. Sou profissional de hóquei em patins, tenho a minha atividade económica em Portugal, toda a gente sabe o que eu faço. Tenho uma loja de comércio em Portugal, toda a gente sabe onde é. A minha morada é em Portugal há mais de cinco anos seguidos, nunca deixei de ter a minha casa no Porto, mesmo nos tempos em que joguei na Corunha ou em Barcelona. Os meus filhos são portugueses, a minha mulher é portuguesa. Sim, somos todos portugueses, eles por nascimento, eu por acolhimento", escreveu, recordando que chegou a Portugal com apenas 18 anos. "O meu papel de português está mais que presente na minha vida, só gostava que as entidades estatais responsáveis por isso sentissem o mesmo", lamentou.

Campeão do Mundo em 2015 e mantendo um nível acima de qualquer suspeita apesar de ter cumprido 40 anos no passado dia 15, Reinaldo Garcia seria um dos indiscutíveis nas escolhas de Jose Luis Paez em Novembro último, mas abdicou da presença no Mundial de San Juan para poder cumprir três anos sem representar a Argentina e cumprir um dos dois critérios para ser seleccionável por Portugal. O outro, ter a nacionalidade portuguesa, está mais complicado...

"Nalo" renovou até ao final da presente temporada, tendo desde logo sido rumorada a contrapartida de poder ser um dos seleccionáveis. Para além do experiente argentino, fazem parte do plantel às ordens de Ricardo Ares os espanhóis Xavi Maliàn, Xavi Barroso e Roc Pujadas, o francês Carlo Di Benedetto e o argentino Ezequiel Mena, que esgotam o limite de cinco "não seleccionáveis" previstos em cada ficha de jogo.

Nascido em San Juan, Reinaldo Garcia chegou a Portugal e ao Porto em 2001. Rumou em 2007 à Corunha, já rendido a Portugal e a uma portuguesa (irmã de Ricardo Figueira, internacional português que representou Porto e Sporting), para se afirmar definitivamente como um dos melhores jogadores do Mundo. Primeiro ao serviço do Liceo, até 2009, depois no Barcelona.

Em 2015, terminando contrato com os "blaugrana", regressou a Portugal e, mesmo com convites de Sporting e Benfica, ao "seu" Porto. Em 2019, ficou com a braçadeira de capitão quando Hélder Nunes saiu para o Barcelona. Com a lei dos "seleccionáveis" a entrar em vigor em 2021, Reinaldo, que até é comunitário, por via da nacionalidade espanhola, viu o seu estatuto alterado.

Recorde-se que Carlos Nicolia vai mantendo uma outra "cruzada" em paralelo com a de Nalo. No caso do jogador do Benfica, a luta é contra o próprio estatuto de "seleccionável" instituído pela Federação de Patinagem de Portugal, que o descrimina no campeonato português apesar de ter a nacionalidade portuguesa.

AMGRoller Compozito

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