Murches quer mesmo ficar, e faz por isso

Com 'chapa 9', Murches e Tomar venceram respectivamente Paço de Arcos e Parede nos dois jogos disputados este sábado para o Campeonato Placard. Destaque para o triunfo fora de portas do Murches, a somar pontos na luta pela manutenção.

Murches quer mesmo ficar, e faz por isso

"E quem é o Paço de Arcos? Je ne sais pas...". Roubando um cântico que vai ecoando nos futebóis que menospreza perda de um jogador campeão do Mundo, há que perguntar por onde anda um Paço de Arcos, outrora oito vezes campeão nacional, agora sucessivamente goleado. Desta feita, pelo Murches, por embaraçosos 1-9.

Nos cinco jogos anteriores, a equipa orientada por André Luís sofrera 31 golos. Agora, na recepção ao Murches, um concorrente directo na luta pela manutenção, esperava-se reacção, o alimentar de uma réstia de esperança para o que falta jogar. Mas, na quase total demissão dos adeptos no apoio à sua equipa, também os jogadores parecem ter deitado a toalha ao chão.

São primeiras linhas injustas para o Murches. Na sua primeira temporada na categoria máxima, Hugo Lourenço conduz uma equipa com vontade, crer e... querer. Mas não basta querer, é preciso mostrá-lo. E uma vitória por 1-9 em Paço de Arcos não é para todos. Aliás, esta época, não tinha sido para ninguém. Ali, o máximo de tentos conseguidos era do Porto, ao lograr oito. Mas nessa partida, os dragões até sofreram três golos.

A vitória do Murches começou a ser construída aos seis minutos, por João Maló, ampliada aos 11 por Zé Miranda, de grande penalidade. André Ferreira deu um ar da graça do Paço de Arcos, reduzindo quase de seguida, mas, acto contínuo, Zé Miranda bisava para o 1-3.

A seis minutos do intervalo, João Maló dilatava para 1-4, tinha a equipa do Paço de Arcos duas faltas de equipa averbadas. Na urgência de pontuar, nem pressão havia, e chegariam ao intervalo com quatro faltas, quiçá a apontar ao "prémio fair-play" que se atribui nos torneios jovens como consolação às equipas piores classificadas. Mas, também chegariam ao intervalo com mais três golos sofridos. António Estrela fez o quinto e, no total desnorte, nos últimos 30 segundos, novamente Estrela e Zé Miranda, a chegar ao hat-trick, fixavam o 1-7.

O jogo estava feito e já se pensava no que falta jogar no campeonato. Na segunda parte, o Paço de Arcos pouco mais fez (aliás, até menos faltas fez...), e Zé Miranda, a assinar um poker, e Miguel Feio fecharam as contas num 1-9 que, na apatia generalizada, é simpático para o histórico emblema da Linha, berço de tantas figuras da modalidade. Deixando para trás uma derrota por 6-5 no João Rocha no início de Fevereiro, nos últimos cinco jogos (Riba d'Ave, Braga, Tomar, Valongo e Murches) contam-se 34 golos sofridos e cinco marcados.

O Paço de Arcos soma nove pontos e, nas jornadas restantes, defronta Oliveirense, Porto e Óquei de Barcelos em missões quase impossíveis. Receberá o Parede e joga em Famalicão, para duas partidas em que teoricamente poderia pontuar, mas estes eventuais seis pontos já são insuficientes para alcançar o Murches, novamente acima da linha de água.

O Murches tem 18 pontos e na próxima jornada joga na Parede, num jogo que poderá definir - ainda que não matematicamente - a manutenção. Seguem-se os jogos com Porto, Benfica e Sporting, antes do fecho, em casa, com o Braga.

O melhor Tomar

Também na luta pela manutenção, o Parede deslocou-se a Tomar, onde mora uma equipa que respira confiança e que, pese a desvantagem inicial, venceria por inapeláveis 9-3, redimindo-se de um desaire por 5-3 na primeira volta.

A procurar tomar conta do jogo, o Tomar foi surpreendido no primeiro ataque rápido do Parede, com Rafa Lourenço a inaugurar. E, aos cinco minutos, depois de azul a Ivo Silva, Zé Costa rematou forte para o 0-2.

Nuno Lopes reagrupou as tropas e, com uma moldura humana de relevar - talvez a justificar a recente atribuição das próximas Final Four da Taça de Portugal e Supertaça António Livramento -, os nabantinos reagiram. Aos 13 minutos, "Tato" Ferruccio, de regresso à confiança e alegria do início da época, bateu Guilherme Pedruco de livre directo. Dois minutos volvidos, Guilherme Silva igualava. Antes do intervalo, Tomás Moreira consumava a reviravolta após um desvio que os visitantes reclamaram ter sido de Ivo Silva, com o patim, mas que a dupla de arbitragem terá entendido ser de um defensor.

Na segunda parte, há dois momentos fulcrais. Aos três minutos. Zé Costa não conseguiu bater António Marante na 10ª falta tomarense e, na resposta, Ivo Silva fez o 4-2. Dois minutos depois, o Parede tem duas excelentes oportunidades, mas, eficaz foi Tato, para o 5-2. A vantagem empolgava o público tomarense. E que gratificante será para o capitão Ivo Silva, na inevitabilidade de uma já pública saída para o Bassano, ouvir o apoio e reconhecimento dos seus adeptos...

O Parede, por João Alves, desperdiçaria uma grande penalidade. Guilherme Silva, não. A atravessar um momento extraordinário, o internacional português quase chegava ao hat-trick num lance individual, mas, naqueles dias em que tudo corria bem, estava lá Tomás Moreira para fazer o 7-2.

Faltavam 11 minutos e ia a jogo o jovem Diogo Cortez. Ainda tímido a atacar, ganhou minutos para afirmação e celebraria ainda mais dois golos, já no último minuto, por Lucas Honónio e Tato, este a selar um hat-trick. Pelo meio, de muito longe, Zé Costa reduzira.

"Pratos fortes" servidos este domingo

Na continuação desta 21ª jornada, há três jogos este domingo.

A partir das 15h, o Benfica joga em Viana do Castelo para tentar manter - pelo menos - a distância no topo da classificação. É que, ainda com a partida a decorrer no José Natário, arranca às 16h um Clássico entre Óquei de Barcelos e Sporting, mais directos perseguidores das águias, a quatro e três pontos, respectivamente.

Os barcelenses vêm de vitórias sobre Porto (7-3) e Benfica (3-5) e Paulo Freitas, ainda que a contas com algumas questões físicas no plantel, procura fechar o ciclo com os "grandes" com chave de ouro frente ao "seu" Sporting.

Mais tarde, a partir das 18h, há pressão do lado do Valongo, apesar de jogar em Oliveira de Azeméis. Afinal, na propalada aposta oliveirense de levar treinador (Edo Bosch) e quatro jogadores (Xano Edo, Diogo Abreu, Facundo Navarro e Nuno Santos), estes quererão mostrar que são melhores que aqueles que, na inevitabilidade de matemática, estarão de saída. As duas equipas estão separadas por apenas um ponto numa luta pelo 5º lugar, em que agora se intromete também o Tomar.

21ª Jornada

• Paço de Arcos 1-9 Murches • 11.Mar

Tomar 9-3 Parede • 11.Mar

• Juventude de Viana vs. Benfica • 12.Mar, 15h • Pedro Miguel Sousa e Manuel Fernandes

• Óquei de Barcelos vs. Sporting • 12.Mar, 16h • Joaquim Pinto e Fernando Vasconcelos

• Oliveirense vs. Valongo • 12.Mar, 18h • Manuel Oliveira e Carlos Correia

• Famalicense vs. Braga • 22.Mar, 21h

• Riba d'Ave vs. Porto • adiado • Rui Torres e Pedro Figueiredo

Classificação

= 1º Benfica* (51), 2º Sporting* (48), 3º Óquei de Barcelos* (47), 4º Porto* (42), 5º Oliveirense* (37), 7º Tomar (36), 6º Valongo* (36), 8º Riba d'Ave* (22), 9º Braga* (20), 10º Famalicense* (19), 11º Murches (18), 11º Parede (15), 13º Juventude de Viana* (10), 14º Paço de Arcos (9)

*menos um jogo

AMGRoller Compozito

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