A caminhada de 13 campeões rumo ao fim da malapata

Sem fazer uma fase de grupos brilhante, o Porto caiu no lado teoricamente mais difícil na Final Eight da Liga dos Campeões, mas tal não foi obstáculo à conquista de um troféu há muito procurado. Há 13 campeões, nove deles estreantes.

A caminhada de 13 campeões rumo ao fim da malapata

33 anos depois, o Porto foi novamente coroado campeão da Europa de clubes, numa caminhada que não esteve isenta de sobressaltos, em particular na fase de grupos. No terminar de uma espécie de maldição, Ricardo Ares chamou o aziago número de 13 jogadores. Agora, são 13 campeões europeus pelos dragões.

Caminhada

Como campeão português, o Porto ficou automaticamente qualificado para a fase de grupos da Liga Europeia, "remodelada" como Liga dos Campeões.

Finalista vencido nas três últimas edições concluídas em que participara (2018, 2019 e 2021, sempre com Guillem Cabestany ao leme), o Porto não protagonizou uma fase de grupos brilhante. Desfalcado por castigos, que já vinham da final de 2021, e longe do melhor momento no Campeonato Placard, o Porto não foi além de empates na recepção ao campeão europeu Trissino (3-3) e em Sant Sadurní, frente ao Noia (0-0).

Seguiram-se duas vitórias claras frente aos italianos do Sarzana (5-0 e 3-7), que deram o impulso necessário para cumprir o primordial objectivo de apuramento para a Final Eight.

Um triunfo por 5-1 na recepção ao Noia carimbava desde logo a passagem à fase seguinte, restando discutir a vitória no grupo com o Trissino. Uma derrota por 6-2 em Itália colocava os dragões no lado, teoricamente, mais complicado do quadro e, na passagem de "testemunho" como campeão, os italianos liderados por Alessandro Bertolucci poderão sempre orgulhar-se de ter somado quatro pontos em seis possíveis frente aos dragões.

Em Viana do Castelo, o Benfica foi o primeiro adversário batido, por 2-4, naquele que foi o quinto duelo da temporada com as águias. E perspectiva-se já novo duelo - de, pelo menos, mais três jogos - nas meias-finais do play-off, caso o Benfica passe o Braga e o Porto vença a Oliveirense. O saldo de quatro vitórias e uma derrota é favorável aos dragões.

Seguiu-se o confronto com o Barcelona, "carrasco" em nada menos que sete das 15 finais anteriormente disputadas pelo Porto. Com uma excelente exibição, os dragões chegaram a estar a vencer por 4-1 e a reacção blaugrana, chegando a um 4-3 que causou calafrios só serviria para adoçar a passagem a mais uma final.

Na final, frente ao Valongo, o Porto de Ricardo Ares chegou novamente a uma vantagem de 4-1, desta feita logrando segurar e mesmo ampliar para o final 5-1. Não faltando qualidade, o Valongo não tem os mesmos argumentos do Barcelona e foi notória a quebra física da equipa de Edo Bosch.

Demoradas três "estrelas"

Chegando ao seu terceiro triunfo na prova, o Porto iguala o número de conquistas de Voltregà e Sporting, havendo apenas quatro equipas com mais troféus ganhos na mais importante competição europeia de clubes.

Tardou, e com muitas unhas roídas, o terceiro triunfo do Porto. Uma rápida análise às finais disputadas, mostra-nos que Reus (oito títulos) e Igualada (seis) venceram três troféus nas suas primeiras três finais. Liceo (seis), Sporting e Voltregà (ambos com três) "demoraram" quatro finais a chegar aos três troféus. E o recordista Barcelona (22 triunfos) precisou de cinco finais para ter três taças no seu museu. O Porto só o conseguiu na 16ª final...

13 campeões

Na última vez que o Porto tinha sido campeão europeu, em 1990, Reinaldo Garcia tinha sete anos. Seria seguramente o único que já patinava, dado que Xavi Maliàn ainda não tinha completado um ano de vida. Os restantes ainda teriam de esperar anos (muitos, para alguns) para nascer.

Quatro jogadores já tinham saboreado a conquista europeia. Reinaldo Garcia e Xavier Barroso conseguem agora ao serviço do Porto o seu quarto título, depois de terem conquistado três títulos cada pelo Barcelona. Nalo e Xavi coincidiram nas vitórias blaugrana de 2014 e 2015, sendo que o argentino já triunfara em 2010 e o catalão viria a vencer também em 2018.

Xavi Maliàn bisara em 2011 e 2012, nos últimos títulos do Liceo na prova. E Telmo Pinto, que, nos festejos, mais uma vez, não esqueceu o malogrado César Fidalgo, "levara" em 2021 o Sporting ao terceiro título, como fez agora com o Porto.

Entre os que conquistam o título pela primeira vez, destaque para Carlo Di Benedetto. Já fora o primeiro francês a ter conquistado o campeonato português, ou qualquer um dos "grandes" campeonatos, e torna-se agora o primeiro (e único) a conquistar a mais importante prova europeia de clubes.

Gonçalo Alves e Rafa, campeões da Europa e do Mundo por Portugal, têm agora o prémio maior de clubes depois de três finais perdidas.

O guarda-redes Tiago Rodrigues e o argentino Ezequiel Mena tinham disputado "apenas" a final de 2021, e os reforços para esta temporada Roc Pujadas e Diogo Barata estrearam-se na maior das decisões. Numa temporada para recordar, Mena e Roc juntam o título europeu de clubes aos títulos de campeão mundial, no caso do argentino, e de campeão da Europa de Sub-23, no caso do catalão. E Roc, de 21 anos, está convocado por Cabestany para o europeu sénior.

Completam o lote de novos campeões os jovens Miguel Henriques, chamado ao último Campeonato do Mundo de Sub-19, e José Silva, guarda-redes, que colmataram as ausências dos castigados Carlo Di Benedetto, Gonçalo Alves e Xavi Maliàn no arranque da fase de grupos.

Golos

Mesmo cumprindo dois jogos de castigo, Gonçalo Alves e Carlo Di Benedetto destacaram-se, como é cada vez mais habitual, como melhores marcadores do Porto na caminhada europeia, apontando oito golos ao marcarem em cinco jogos.

Rafa e Roc Pujadas marcaram uma cheia de golos, sendo que o português foi protagonista em Viana, na terra que o viu nascer, e a poucos dias de nascer a filha Alice, ao marcar nos três jogos disputados na Final Eight (tal como Gonçalo Alves).

Ezequiel Mena marcou quatro golos, Xavi Barroso três e Telmo Pinto e o capitão Reinaldo Garcia um cada. Do grupo de nove jogadores de pista da equipa principal dos dragões, apenas o "benjamim" nascido em 2002, Diogo Barata, não marcou na Liga dos Campeões.

AMGRoller

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