O inglório adeus (ou até já) de Nalo

A vitória do Porto sobre o Benfica a 1 de Junho acabou por ser a última partida do capitão Reinaldo Garcia de dragão ao peito. Uma despedida inglória para uma figura histórica do Porto, atraiçoado pelas burocracias da nacionalidade.

O inglório adeus (ou até já) de Nalo

O afastamento do Porto da final do Campeonato Placard dita o fim da temporada da equipa de Ricardo Ares e, no entra e sai do defeso, há um adeus particularmente amargo. Reinaldo Garcia, a cumprir a sua 14ª temporada de dragão ao peito, termina contrato e já se sabe que a sua carreira prosseguirá nos italianos do Trissino.

Não sendo opção na "negra" das meias-finais, fatal para as aspirações do Porto, "Nalo" acabou por cumprir o seu derradeiro jogo no passado dia 1 de Junho, na recepção às águias, num jogo que terminou com a vitória azul-e-branca por 5-2. De resto, Reinaldo, com uns 40 anos mais notados no papel que em pista, só não fora chamado ao primeiro jogo do play-off, cumprido os restantes seis antes deste quinto jogo frente ao Benfica.

Tramado pela burocracia

Quando se especulava a despedida de Nalo na pretérita temporada, o Porto anunciou a renovação no final de Março de 2022 por mais uma temporada. Ricardo Ares ficava com um problema de excesso de não seleccionáveis que se esperava pudesse ser resolvido com o processo de aquisição de nacionalidade portuguesa por Reinaldo Garcia - que já tinha nacionalidade espanhola - e a não chamada ao Mundial de San Juan. O jogador não foi à sua San Juan natal para aquele que podia ser a sua segunda conquista de um Campeonato do Mundo (vencera em 2015), cumprido os necessários três anos para poder ser opção noutra selecção, mas o processo de naturalização "perdeu-se" nos sinuosos corredores da burocracia, apesar de inclusivamente ser casado com uma portuguesa.

Sem nacionalidade portuguesa - e, logo, não seleccionável -, Nalo alternou, por regra, nas convocatórias com o jovem catalão Roc Pujadas, e cedo se soube que seria preterido para a próxima temporada.

Histórico nos dragões

Reinaldo Garcia chegou ao Porto em 2001, ainda júnior, proveniente dos argentinos do Olímpia. Face a algumas lesões, foi desde logo opção na equipa principal e participaria na conquista do primeiro título do histórico "deca". Sempre campeão até que partiu para a Corunha em 2007, Nalo estabeleceu-se em dois anos ao serviço de "los verdes" como um dos melhores - para muitos, o melhor - jogador do Mundo. E o Barcelona chamou-o.

Representou os blaugrana durante seis temporadas, juntando mais títulos aos que conquistara nos dragões. Findo o seu ciclo na cidade condal, teve convites de Benfica e Sporting, mas regressou ao "seu" Porto. Somou mais títulos, "herdou" a braçadeira em 2019, quando Hélder Nunes partiu, e, este ano, depois de erguer a Liga dos Campeões, a prova máxima europeia de clubes que há mais de três décadas escapava aos dragões, já antecipava que era a "cereja no topo" de um percurso invejável.

Partindo para Itália com hipóteses e ambição de reforçar o seu palmarés, Reinaldo conta já 13 títulos de campeão nacional (nove pelo Porto e quatro pelo Barcelona), seis Taças de Portugal e duas Taças do Rei, seis Supertaças António Livramento e cinco Supercopas. Internacionalmente, conquistou a Liga Europeia pelo Barcelona em 2010, 2014 e 2015 e agora a Liga dos Campeões pelo Porto, tendo vencido também a Taça Continental de blaugrana (2011) e a Taça Intercontinental de blaugrana (2014) e azul-e-branco (2021).

Como jogador, há mais para vencer para lá dos Alpes. E, certamente, Nalo regressará a um Portugal que lhe foi ingrato, mas em que já tem raízes profundas. Desde logo, como treinador, deixa promessas de bom trabalho para juntar títulos ao de Campeão Nacional de Sub-15 em 2019 pelos dragões.

AMGRoller

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