A segunda vida de Aragonès
De 'encostado' no Benfica, a propulsor de um Reus vice-campeão, bicampeão europeu pela selecção espanhola e no radar do Barcelona para 2024/25. Na carreira, como em pista, Sergi Aragonès não vira a cara à luta.
Natural de Sant Sadurní d'Anoia, Sergi Aragonès cresceu - como tantos outros - no Noia. Em 2014, sagrou-se campeão júnior de Espanha, treinado por Keko Iglesias e ao lado de nomes como Arnau Xaus, agora no Calafell, mas com passagem pela portuguesa Juventude de Viana, ou Pau Bargalló, umas das figuras maiores do Hóquei em Patins mundial nos dias que correm.
Nesse mesmo ano, Sergi já era chamado à equipa principal, de Ferran López, participando na caminhada para a conquista da Taça CERS num Noia que contava com históricos como Jordi Del Amor, o capitão de então Joan Feixas, o capitão de agora Aleix Esteller, e ainda o trio de reforços para essa temporada: o agora director-técnico da federação espanhola Francesc Gil, o guarda-redes Lluis Gil, irmão de Pedro Gil, e Marc Julià, agora campeão europeu.
O Barcelona chamou Aragonès, para crescer na sua equipa "B". Procurando minutos e espaço de afirmação, regressaria ao Noia em 2016. E, sempre com um espírito combativo difícil de igualar, foi um dos pedidos de Alejandro Dominguez para o Benfica no defeso de 2020. Conquistaria a Taça 1947, mas, na convulsão do defeso de 2021, perdeu espaço. Na saída de Dominguez e chegada de Resende, foi a "vítima", na limitação de não seleccionáveis, do mau arranque dos encarnados e, apesar de conquistar o Campeonato da Europa em Novembro desse ano pela Espanha, não voltaria a ser opção nos 10 chamados a jogo.
Regressou à Catalunha em Janeiro de 2022. Um passo atrás? Uma nova vida.
Com tremenda fome de bola, teve impacto imediato. Marcou em sete dos oito primeiros jogos que disputou com o manto "roginegro" do Reus e seria preponderante na chegada à final do play-off da OK Liga, com a equipa de Jordi Garcia a eliminar o Barcelona nas meias-finais.
Voltou a ser chamado por Guillem Cabestany para uma grande prova, o Campeonato do Mundo de San Juan, mas o sonho "morreu" nas grandes penalidades dos quartos-de-final. O ex-treinador do Porto operou mudanças para o Europeu que se disputaria em Sant Sadurní, mas não abdicou da entrega de Sergi Aragonès, que responderia como uma das pedras fulcrais de um sólido bloco que, em crescendo, conquistaria a prova. Dois anos depois, Aragonès voltava a ter o troféu nos braços, voltava a abraçar o prémio como se nada mais importasse.
Sergi Aragonès completa 27 anos em Dezembro e vai para a sua terceira época no Reus. Que pode ser a última. Apontado ao Barcelona em 2024, pode ser mais um a ser chamado de volta por uma secção blaugrana que vive uma nova realidade de contenção económica. Poderia, curiosamente, ocupar a eventual vaga deixada por Pau Bargalló, seu colega e capitão na conquista do Nacional júnior pelo Noia em 2014, seu colega e capitão na conquista dos Europeus de 2021 e 2023.
Sábado, 5 de Agosto de 2023, 12h10