Uma Oliveirense com outro paradigma

A Oliveirense, na sua capacidade de investimento, aposta para a nova temporada num outro paradigma, com uma base jovem desenvolvida em Valongo por Edo Bosch. Haja tempo e paciência para consolidação.

Uma Oliveirense com outro paradigma

Já se trabalha em Oliveira de Azeméis tendo em vista a nova temporada, com mais uma revolução no plantel. E, desta vez, também no paradigma.

Depois de muitos anos a investir em nomes maiores, numa espécie de "mais uma moedinha, mais uma voltinha", a Oliveirense aposta definitivamente no rejuvenescimento do seu plantel.

Edo Bosch foi ali adjunto até 2019 e regressa agora como treinador principal, depois de mostrar serviço - e que serviço! - no Valongo, culminado com duas presenças na final da Liga Europeia e a conquista da Taça Continental.

O técnico catalão, que leva consigo os adjuntos João Paulo Almeida e Jorge Vieira, saberá bem que o investimento dos últimos anos (da última década) ambicionava resultados imediatos. Mais do que questões técnico-tácticas, terá de conseguir paciência para consolidar o seu projecto.

Edo Bosch tenta dar continuidade ao bom trabalho feito em Valongo.
Edo Bosch tenta dar continuidade ao bom trabalho feito em Valongo.

Investimentos com "pouco" retorno

Há cerca de 10 anos, o Benfica investia para vencer em Portugal e na Europa, e tinha resultados. A Oliveirense procuraria seguir as pisadas das águias, com o "salto" a dar-se em 2014, quando, a uma equipa que só tinha portugueses, chegaram os catalães Xevi Puigbi e Albert Casanovas e o argentino Martin Montivero.

Depois chegaram nomes ainda maiores da modalidade. Como Carlos López, Caio e Barreiros (2015), Jordi Bargalló, Jepi Selva e Pablo Cancela (2016), um jovem Jordi Burgaya (2017), Marc Torra, Xavi Barroso e Emanuel Garcia (2018), Vítor Hugo e os campeões do Mundo Nelson Filipe e Henrique Magalhães (2019), Lucas Martinez e Franco Ferruccio (2020), Franco Platero e Xavi Cardoso (2021) ou Jordi Adroher (2022), citando apenas alguns.

Foram reforços de inegável qualidade, mas foi sendo apontada alguma falta de critério para a construção de uma equipa no seu todo, a veterania a alguns, algum acomodamento a uma espécie de "reforma dourada".

Nestes anos, a Oliveirense logrou duas presenças na Final Four (e final) da Liga Europeia, em 2016 e 2017, e a conquista da Taça Continental, em 2017, com Tó Neves ao leme. Em 2019, no "até já" de Edo Bosch, então adjunto, conquistaria a Taça de Portugal. Será um pecúlio parco para o desejado, mas que terá necessariamente de ter em conta também o investimento de Benfica, Porto e Sporting e as sólidas equipas do Óquei de Barcelos e, mais recentemente, Valongo.

Baralha e volta a dar

A nova Oliveirense que agora se apresenta começou a ser desenhada bem cedo. No final de Novembro, os rumores já eram fortes. Em Dezembro, tudo era dado como certo, condicionando a temporada da equipa liderada por Paulo Pereira. Ainda assim, ou talvez por isso mesmo, a presença nas meias-finais da Liga dos Campeões e o forçar da "negra" nos quartos-de-final do play-off com o Porto, merece relevo.

Xano Edo é aposta para a baliza. Presente no último Campeonato da Europa de Seniores, já deixou de ser o
Xano Edo é aposta para a baliza. Presente no último Campeonato da Europa de Seniores, já deixou de ser o "filho de Edo Bosch" para granjear reconhecimento próprio.

De saída estão Jordi Adroher (SHUM, Espanha), Jorge Silva (Braga), Nuno Araújo (Sanjoanense), Tomás Pereira (Liceo), Xanoca (Tomar) e o guarda-redes Diogo Fernandes (Famalicense), um sexteto que poucos desdenhariam. Com Edo Bosch, chegam de Valongo os internacionais portugueses Xano Edo e Nuno Santos, ambos presentes no Campeonato da Europa que se disputou recentemente em Sant Sadurní d'Anoia, o também internacional Diogo Abreu, vice-campeão da Europa de Sub-23, e o internacional jovem argentino Facundo Navarro. E do Liceo chega Bruno Di Benedetto.

O Di Benedetto que faltava

Depois de Carlo e Roberto, chega agora a Portugal o jogador que faltava do clã Di Benedetto. São o dínamo de uma selecção francesa que se afirma no panorama do Hóquei em Patins internacional. Carlo, Roberto e Bruno saltaram para o dito "melhor campeonato do Mundo" pelo "trampolim" do Liceo.

Carlo renovou recentemente com o Porto até 2027. Mais velho, agora com 27 anos, chegou em 2019, cumpriu quatro anos e prepara-se para cumprir outros quatro, tendo já conquistado a Liga dos Campeões (2022/23), o Campeonato Nacional (2021/22), a Taça de Portugal (2021/22) e uma Supertaça (2019), para além da Taça Intercontinental (2021) e da Elite Cup (2022). Roberto chegou em 2022, tendo assinado pelo Benfica até 2025. Na sua primeira temporada - única, para já - de águia ao peito, venceu a Supertaça e o Campeonato Nacional. Completou 26 anos e, não parecendo, é gémeo de Bruno.

Bruno Di Benedetto chega do Liceo. O clã reúne-se em Portugal.
Bruno Di Benedetto chega do Liceo. O clã reúne-se em Portugal.

Arranque da preparação

A Oliveirense iniciou a preparação esta segunda-feira, com Edo Bosch a poder contar com todos os atletas que constituem a equipa principal, juntando-se aos citados reforços Franco Platero, Lucas Martinez, Marc Torra, Xavi Cardoso e o guarda-redes Diogo Alves, que transitam da temporada anterior.

No início dos trabalhos, Edo Bosch conta também com os recém-coroados campeões nacionais pelos Sub-19 da equipa de Oliveira de Azeméis, Paulo Pereira e o guarda-redes Rafael Nogueira. Mas, a partir de 16 de Agosto, "Paulinho", na peugada de títulos jovens por Portugal como conseguiu o irmão Tomás Pereira, integrará os trabalhos de preparação para o Campeonato da Europa de Sub-19.

União Desportiva Oliveirense/Simoldes 2023/24

Guarda-Redes: Xano Edo (ex-Valongo) e Diogo Alves

Jogadores de pista: Bruno Di Benedetto* (ex-Liceo), Diogo Abreu (ex-Valongo), Facundo Navarro* (ex-Valongo), Franco Platero*, Lucas Martinez*, Marc Torra*, Nuno Santos (ex-Valongo), Xavier Cardoso

Treinador Edo Bosch (ex-Valongo)

*não seleccionável

AMGRoller Compozito

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