Capitão Gonçalo

Gonçalo Alves é o novo capitão do Porto. Aquele que é para muitos o mais determinante jogador português, na sua nona época consecutiva de dragão ao peito, procura liderar o actual campeão europeu, com três mudanças no plantel, a mais títulos.

Capitão Gonçalo

Quando Gonçalo Alves chegou ao Porto em 2015, confessou que cumpria um sonho. Agora será capitão do seu clube do coração.

Gonçalo tivera o dragão ao peito muitos anos antes. Foi assim que se iniciou no Hóquei em Patins, com quatro anos, era o tio, Paulo Alves, uma das figuras maiores da sua geração. Mas, aos 10 por logística familiar, o jovem que já mostrava talento para a coisa teve de prosseguir carreira no Famalicense.

Quatro anos depois, seguia com a família para Lisboa. Encontrou "casa" num Sporting de casa às costas, que ia trabalhando na formação na esperança de voltar a surgir pujante num futuro próximo. Trabalhado pelo pai, Quim Zé, tornou-se cedo uma figura da modalidade, uma promessa a dar passos firmes. Dizia-se que a equipa trabalhava para si, que descurava tarefas defensivas. Gonçalo respondia com golos, golos e mais golos.

Primeira época na equipa principal do Porto, já ao lado de Rafa, Telmo e Hélder, foi coroada com a conquista da Taça de Portugal
Primeira época na equipa principal do Porto, já ao lado de Rafa, Telmo e Hélder, foi coroada com a conquista da Taça de Portugal

Foi preponderante na subida (até ver, definitiva) do Sporting à I Divisão em 2012, mas apostou no projecto mais sólido da Oliveirense, ainda com idade júnior, para marcar golos, golos e mais golos entre a "gente grande" da categoria máxima. Depois de três anos em Oliveira de Azeméis, foi chamado pelo Porto, num regresso aos 22 anos. Do actual plantel, só estava Rafa, que chegara um ano antes. Foram oito anos de golos, golos e mais golos...

Com 30 anos cumpridos em Julho último, Gonçalo Alves entra na sua nona temporada consecutiva de dragão ao peito, e é-lhe entregue a braçadeira que antes foi de Reinaldo Garcia, capitão desde 2019, Hélder Nunes (2016 a 2019), Edo Bosch (2015/16), Reinaldo Ventura (2012 a 2015) e Filipe Santos (até 2012). É um novo voto de confiança, depois de em Dezembro ter sida anunciada a renovação da ligação ao Porto até 2028. Para além do termo dos contratos de Carlo Di Benedetto, Ezequiel Mena, Telmo Pinto, do treinador Ricardo Ares e do regressado Hélder Nunes, todos comprometidos até 2027.

"Capitão Gonçalo" até podia ser nome de super-herói. Porque, pelo Porto ou pela Selecção, mesmo sem capa, é muitas vezes o papel que Gonçalo assume.

Gonçalo Alves é, para muitos, o jogador português mais determinante da actualidade. Não só pelos golos que marca - com eficácia de bola parada, forte meia distância, ou com habilidade que não é para todos -, mas pela dimensão a todo o campo que ganhou nos últimos anos às ordens de Guillem Cabestany e consolidou já com Ricardo Ares. Muitas vezes, Gonçalo é o primeiro defensor, o condutor, uma seta que parte de trás para desequilibrar o jogo. No Porto e na selecção portuguesa.

Campeão da Europa de Sub-17 em 2008 e 2009, campeão da Europa de Sub-20 em 2010 e 2012, vencedor da Taça Latina em 2014, Gonçalo Alves não falha uma grande competição pelos seniores de Portugal desde 2013, sendo apenas superado por João Rodrigues e Hélder Nunes, capitão e sub-capitão das quinas, chamados um ano antes. Entre cinco Campeonatos do Mundo e cinco Campeonatos da Europa, Gonçalo sagrou-se campeão europeu em 2016 e mundial em 2019. E não foi por si, que, em Julho, a selecção das quinas não triunfou novamente no Europeu.

Pela selecção portugesa, foi unanimamente considerado o melhor jogador no Europeu
Pela selecção portugesa, foi unanimamente considerado o melhor jogador no Europeu

Depois da participação no Mundial ter sido condicionada por uma lesão, Gonçalo Alves apontou 10 golos em Sant Sadurní d'Anoia, sagrando-se melhor marcador mesmo só somando um tento no jogo mais propício, na goleada por 15-2 sobre Inglaterra.

Entrou com um poker frente a Itália e, quando era a valer, bisou na meia-final com a França e voltaria a bisar na final com a Espanha, num jogo em que - numa exibição colectiva pálida - não podia fazer mais. Assinou um golo épico, em que finta toda a selecção espanhola e finaliza em jeito. Ganhou o reconhecimento dos adeptos pelo que jogou e pela entrega. Mas não queria "fazer um grande campeonato", queria ganhar.

Três mudanças

No Porto campeão europeu, há a registar três mudanças, mantendo-se um plantel de 11 jogadores, agora com apenas cinco não seleccionáveis, deixando de haver esse constrangimento para Ricardo Ares na hora de decidir o 10 que vai a jogo.

Partem Tiago Rodrigues, Reinaldo Garcia e Xavier Barroso. Todos para além-fronteiras.

Tiago Rodrigues, depois de quatro anos nos dragões, vai em busca de mais minutos. Campeão do Mundo de Sub-20 em 2015 e 2017, é apontado como um dos mais talentosos guarda-redes da sua geração, mas as oportunidades escassearam. Reforça o Liceo, onde dividirá a baliza com Martí Serra, vice-campeão do Mundo de Sub-20 em 2015. Nesse ano, foram os dois suplentes - de Pedro Freitas e Blai Roca - na final. Para o seu lugar, regressa Leonardo Pais.

Edu Lamas
Edu Lamas

O resiliente Xavier Barroso regressa ao seu Barcelona, numa troca directa com Hélder Nunes, que viaja da cidade condal para voltar ao Dragão.

Reinaldo Garcia parte depois de erguer o troféu mais desejado, a terceira Liga dos Campeões do Porto, que tardou 33 anos. Com um total de 14 temporadas de azul-e-branco, Nalo, tramado pela burocracia para obter nacionalidade portuguesa, leva a sua experiência para Trissino e o campeonato italiano.

Para o lugar de Nalo, chega Edu Lamas. Em fim de contrato e com "guia de marcha" das águias, o internacional espanhol de 32 anos fez pela vida. Comprometeu-se com os dragões, e tal valeu-lhe críticas dos adeptos na derrota na Final Eight da "Champions", precisamente frente aos dragões. Assumido ou não, também lhe valeu o afastamento dos jogos da meia-final do play-off. Regressou depois da lesão de Pablo Alvarez, sendo peça importante no xadrez de Nuno Resende para a conquista do Campeonato Placard, frente ao Sporting.

Juntar as duas últimas épocas

O Porto parte para a nova temporada com o natural objectivo de ganhar tudo. E isso foi o que conseguiu no conjunto das duas épocas às ordens de Ricardo Ares. Em 2021/22, os dragões ganharam Supertaça, Taça Intercontinental, Taça de Portugal e Campeonato. Em 2022/23, venceram Elite Cup e Liga dos Campeões. Ou seja, todas as provas em que participaram.

Em 2023/24, o Porto falha a participação na Supertaça, mas a vitória na Liga dos Campeões vale o direito a disputar a Taça Continental a 30 de Setembro e 1 de Outubro, em Sant Hipólit de Voltregà, e Taça Intercontinental... se houver.

Oficialmente, a época começa a 15 de Setembro, com os quartos-de-final da Elite Cup frente ao Tomar, na reedição de uma fatal meia-final da Taça da última época. O Campeonato Placard, por força da Continental, arrancará só a 5 de Outubro, em Famalicão.

Futebol Clube do Porto / Fidelidade

Guarda-redes: Leonardo Pais (ex-Montebello), Xavier Maliàn*

Jogadores de pista: Carlo Di Benedetto*, Diogo Barata, Edu Lamas* (ex-Benfica), Ezequiel Mena*, Gonçalo Alves, Hélder Nunes (ex-Barcelona), Rafa, Roc Pujadas*, Telmo Pinto

Treinador: Ricardo Ares

*não seleccionável

AMGRoller Compozito

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