Adeus a 2023 em 12 badaladas

Pedro Alves dos Santos

No cair do pano sobre 2023, fazemos a revista do ano em 12 'badaladas', uma por cada mês. Que em 2024 todos saiam vencedores ao lutar pelos seus objectivos. E que, no final, ganhe o melhor. Que ganhe o Hóquei em Patins.

Adeus a 2023 em 12 badaladas

Termina 2023. Foi ano de Champions League, ano de Campeonatos da Europa, ano de muito Hóquei em Patins.

Destacamos um aspecto ou momento ou triunfo de cada mês, certos que muitos outros haveria para destacar e ficarão injustiçados.

Bem, há sempre 2024 para voltarem a lutar por troféus e destaque. Um Excelente Ano para todos.

Quintas-feiras de Champions

Em Janeiro, houve regresso da fase de grupos da mais importante prova europeia a 16, com quatro grupos de quatro equipas. Depois do braço de ferro entre a oficiosa – e, aparentemente, extinta – associação europeia de clubes EHCA e a World Skate Europe, o apuramento foi diferente ao privilegiar as equipas mais cotadas no ranking, mas o modelo não diferiu muito.

Significativo foi o regresso dos ditos “tubarões” e o implementar das “quintas-feiras europeias”, passando os jogos da fase de grupos para meio da semana.

Numa tentativa de aproximação ao futebol, até mudando o nome para Champions League, esteve longe (muito longe) de ser um sucesso em termos de bilheteiras, tem claro impacto sobre a vida profissional da vasta maioria de agentes – treinadores, jogadores e árbitros – que não é profissional da modalidade, mas terá permitido melhor gestão dos calendários nacionais. Manteve-se para a nova temporada.

Oficialização do Europeu de Sub-23

Em Fevereiro, em ano de Campeonatos da Europa, foi oficializado um novo Europeu, o de Sub-23. Ocupando o “espaço” da anterior Taça Latina, aconteceria no início de Abril, em Paredes, com cinco selecções e triunfo espanhol numa quase inevitável final ibérica.

2023 seria também ano de um novo campeonato no feminino. Inicialmente calendarizado como Sub-19, seria transformado, numa daquelas “embrulhadas” organizativas, em Sub-17. A Espanha, com a preparação devidamente apontada ao escalão que a própria World Skate Europe anunciara, abdicou da participação em Sub-17.

Trissino e Barcelona, reis em Itália e Espanha

Em Março, houve decisões da “taça” em Itália e em Espanha. Na Coppa e na Copa. Os primeiros títulos de uns dominadores Trissino e Barcelona em 2023.

O Trissino de Alessandro Bertolucci e João Pinto venceu a Coppa Italia e revalidou o título da Serie A1. Campeão europeu em 2022, venceria ainda na pretérita temporada a Taça Intercontinental, em Valongo.

Já com o português Tiago Sousa ao leme, nova conquista, agora na Supercoppa, para quatro títulos em 2023.

O Barcelona de João Rodrigues e Hélder Nunes venceu a Taça do Rei em Calafell, somando-lhe a conquista na OK Liga e, já na nova época e com Hélder de regresso ao Porto, a Supercopa.

No caso dos “blaugrana”, habituados a vencer também na Europa, ao domínio interno falta o sucesso internacional. Com 22 triunfos na mais importante prova europeia, o Barcelona “falha” a conquista da Liga Europeia ou Champions League desde 2018. Depois do triunfo de 1997, nunca o gigante da cidade condal passara quatro edições sem vencer.

A Taça do Tomar

Nas muitas páginas de 2023 que ficam para a História, nenhuma terá tanto valor como a que foi escrita pelo Tomar no fim-de-semana de 29 e 30 de Abril.

Não era a primeira vez que os tomarenses chegavam à Final Four da Taça de Portugal, nem sequer a primeira que a disputavam no seu Municipal, mas, desta feita, ergueram o troféu. A equipa de Nuno Lopes venceu categoricamente o Porto na meia-final e venceu depois o Sporting na decisiva partida, no desempate por grandes penalidades, conquistando o primeiro grande título da sua (mais que) centenária existência.

Regressado à categoria máxima em 2020, o Tomar logrou sempre presença no play-off e vai somando feitos, criando crescentes dificuldades aos ditos “grandes”, sendo intruso em lutas que num passado recente não eram suas. Um “estatuto” para confirmar no novo ano.

Enfim, a terceira coroa europeia do Porto

Em Maio, o Porto sagrou-se campeão europeu. Pela terceira vez na sua história, longos 33 anos depois da segunda conquista, com inúmeras finais perdidas pelo meio.

Depois de uma primeira época de sonho às ordens de Ricardo Ares, os dragões tiveram uma prestação nacional pálida, mas na nova Champions League garantiriam o troféu mais desejado de todos, erguido pelo capitão Reinaldo Garcia perante um emocionado presidente Jorge Nuno Pinto da Costa.

Foi a quarta vitória portuguesa nas últimas sete edições, confirmando também, numa prova antes dominada pelos emblemas de Espanha (e, em particular, o Barcelona), o excelente momento dos clubes portugueses, capazes de atrair os maiores talentos da modalidade.

Benfica, campeão nacional… no masculino e no feminino

Em Junho, o Benfica venceu, não um, mas os dois campeonatos seniores. Se o título no feminino já é habitual, com a equipa liderada por Paulo Almeida, a conquistar o decacampeonato, já o título no masculino escapava desde 2016.

Sete anos depois do último título, Nuno Resende conduziu as águias à 24ª conquista do campeonato da sua história, igualando o número de conquistas do Porto. A saída do técnico era dada como certa, mas, vingando a máxima desportiva – e não só – de que “o que hoje é verdade…”, Resende acabaria, com o mérito de um triunfo há muito procurado, por continuar no comando dos encarnados.

Espanha, campeã da Europa

Em Julho, houve Campeonato da Europa em Sant Sadurní, com triunfo espanhol. O terceiro consecutivo, o 10º nas últimas 12 edições.

Mesmo com um grupo sem figuras indiscutíveis da modalidade como Ignacio Alabart (Barcelona) ou Ferran Font (Sporting) e outras que poderiam estar presentes, Guillem Cabestany levou a melhor sobre uma selecção portuguesa vice-campeã do Mundo que ficou aquém das expectativas, nomeadamente na decisiva partida.

Mesmo que se possa apontar a ausência de Ângelo Girão (e Pedro Henriques cumpriu), o cansaço de uma época longa e exigente foi evidente em jogadores que há muito andam na “roda” da selecção. Gonçalo Alves tentou resolver, mas faltou o devido acompanhamento. No rescaldo, saiu o seleccionador, tendo sido nos últimos dias de 2023 apresentado Paulo Freitas para os próximos desafios.

Também a selecção sénior feminina de Espanha venceria o Europeu, inicialmente apontado a Julho, mas “empurrado” até Dezembro.

Sem rival à altura da competitividade do seu campeonato e da seriedade com que é encarado o desporto no feminino, “La Roja” somou, desde 2009, o sétimo título continental consecutivo, o segundo às ordens de Ricard Muñoz.

Nas suas prateleiras, a federação espanhola ficou no fecho do ano com os Europeus de Sub-23 Masculinos, Seniores Masculinos, Sub-17 Masculinos e Seniores Femininos e a federação portuguesa com os troféus de Sub-17 Femininos e Sub-19 Masculinos.

Novas regras

Depois de umas férias curtas para os que foram ao Campeonato da Europa e já longas para os que não se tinham apurado para o play-off, o regresso ao trabalho em Agosto foi ainda com as mesmas regras de jogo. Mas mudariam.

Definidas em gabinete, aprovadas não se sabe quando, implementadas já com a nova época em curso, com pontos acrescentados após a tradução das diferentes federações, as novas regras chegaram, suscitando natural surpresa nos adeptos menos estudiosos da matéria.

Regressaram as bolas paradas ao apito, o toque com o patim ou as pernas deixou de ser falta (a não ser que resulte em golo), o retirar o guarda-redes para usar um quinto “atacante”. Todas vêm descomplicar o trabalho dos árbitros.

No entanto, e para análise futura, nas bolas paradas a subjectividade da análise acabou por apenas mudar de momento. O guarda-redes pode agora mexer-se após o apito do árbitro, mas só pode sair da sua área de protecção (o semicírculo tracejado) depois do executante tocar na bola. De facto, quando o guarda-redes avança, na dimensão dos seus equipamentos, há sempre algo que sai da área. Diz-se que fica ao abrigo do “bom-senso” apitar ou não, mas tal está longe de se enquadrar com a objectividade pretendida.

Benfica vence Elite Cup e Supertaça

No embalo do título nacional conquistado em Junho, Setembro viu um arranque de nova temporada com um Benfica conquistador, mesmo com Pablo Álvarez fora das contas, a recuperar de lesão e intervenção cirúrgica.

Em fins-de-semana consecutivos e no Pavilhão Municipal Cidade de Tomar, a equipa de Nuno Resende venceu a Elite Cup, que nunca vencera na sua versão oficial, e a Supertaça António Livramento. untou os dois troféus ao campeonato ganho na temporada anterior e à Taça 1947, reclamada na sua edição única de Dezembro de 2020.

Entre as cinco provas nacionais consagradas em regulamento, o Benfica só não está na posse da Taça de Portugal.

“Tri” da Oliveirense na Eurockey Cup de Sub-17

Em Outubro, Raul Alves, que já vencera na Eurockey Cup em 2019 com os Sub-15 do Valongo, conduziu os Sub-17 da Oliveirense à terceira conquista consecutiva no escalão, naquele que é considerado o torneio jovem de referência a nível europeu.

As três vitórias da Oliveirense (2021, 2022 e 2023) superam as duas do Benfica (2018 e 2019), numa competição cuja primeira edição, em 2014, foi ganha pelo Braga, seguindo-se triunfos catalães de Manlleu, Lleida e Barcelona.

A cada edição da Eurockey Cup com vitória portuguesa nos Sub-17, e vão cinco consecutivas, fica mais difícil perceber o bloqueio ao nível do Europeu de selecções no escalão. Um mês antes do terceiro triunfo da Oliveirense, Portugal terminou vice-campeão como acontece desde 2018, sempre com título espanhol. E vão cinco consecutivos.

No emblema de Oliveira de Azeméis, resta saber se o talento bem trabalhado na formação será garante de um futuro seguro da equipa principal.

Sete equipas portuguesas na Champions

No início de Novembro, disputou-se a segunda ronda de qualificação da Champions League, confirmando-se o poderio das equipas portuguesas.

A Benfica, Sporting e Óquei de Barcelos, apurados directamente para a fase de grupos, juntaram-se Porto, Oliveirense, Valongo e Tomar, num pleno de sucesso das equipas portuguesas. Entre os 16 da fase de grupos, há um recorde de sete equipas portuguesas, cinco espanholas, três italianas e uma francesa.

Com duas jornadas disputadas, longe de estar definido o que quer que seja, apenas o Valongo, no Grupo D, não está num dos dois primeiros lugares, que valem o apuramento para os quartos-de-final.

Oliveirense na liderança

Dezembro fechou com a Oliveirense no comando do Campeonato Placard. A aposta foi de ruptura, trazendo de Valongo a equipa técnica liderada por Edo Bosch e ainda os basilares Xano Edo, Diogo Abreu, Facundo Navarro e Nuno Santos, e tem dado resultados.

Numa prova marcada pelo equilíbrio e com um autêntico carrossel na liderança, a equipa de Oliveira de Azeméis fecha 2023 com os mesmos 31 pontos do Sporting, mas – tendo dado empate no confronto directo - com melhor diferença entre golos marcados e golos sofridos nas 12 jornadas disputadas.

Na classificação, o Porto é 3º com 27 pontos, seguindo-se o campeão nacional Benfica com 25. O Óquei de Barcelos tem 24 pontos e o Tomar 23, havendo depois um fosso de sete pontos para o 7º, o Valongo.

AMGRoller Compozito

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