15 jogos sem perder no maior palco
Em Trissino, o Tomar sofreu a sua primeira derrota nos regulamentares 50 minutos na principal prova de clubes. Com um amargo empate pelo meio, os tomarenses somaram 15 jogos sem serem derrotados, superando o recorde de 10 do Óquei de Barcelos.
A sorte dá muito trabalho. E, independentemente das condicionantes e circunstâncias, a sorte de "principiante". O Tomar estreou-se na prova máxima de clubes, ainda como Liga Europeia, numa edição de 2021/22 a que faltaram os ditos tubarões. E esta época, já Champions League, jogou duas fases de qualificação antes do palco maior da fase de grupos. Somou mais um empate e uma vitória e, apesar da derrota em Trissino, a história de 15 jogos sem perder em tempo útil já é sua.
Em 2021/22, a "birra" dos associados da oficiosa associação europeia de clubes (EHCA) criou a oportunidade para a estreia do Tomar na principal prova de clubes. Na fase de grupos, os tomarenses começaram com um empate em Lodi, venceram o La Vendéenne, empataram duas vezes com um Trissino que se sagraria campeão europeu, e carimbariam o apuramento para a Final Four com vitórias sobre Lodi e em La Vendée. Nas meias-finais, a "não derrota" mais amarga, com um empate a quatro frente ao Valongo, mas afastamento da final nas grandes penalidades.
Apesar do novo modelo de 2022/23 voltar a abrir as portas ao Tomar na pretérita temporada, foi altura de contenção e consolidação do projecto. Regressaria este ano. Venceu os três jogos (Walsum, Grosseto e Noisy) da primeira fase de qualificação e voltou a fazer o pleno triunfal (frente a Germania Herringen, Noia e ao vice-campeão europeu Valongo) na segunda fase de qualificação.
Já na fase de grupos, o Tomar empatou em Lleida a três. Em casa, venceu o Porto, campeão europeu, por 5-3. Em Itália, ao 16º jogo, caiu. A equipa de Nuno Lopes perdeu em Trissino por 4-2, no ponto final de uma caminhada sem paralelo na história da competição.
Outras estreias auspiciosas
A série inicial de 15 jogos sem perder do Tomar, entra para a História ao superar o melhor registo anterior, de 10 jogos invicto do Óquei de Barcelos. Em 1990/91, em eliminatórias sucessivas a duas mãos, os barcelenses venceram os dois jogos com o Walsum, empataram um e venceram outro com o Porto e golearam duas vezes o La Vendéenne, por 22-3 e 22-0.
Na final, depois de dois empates com o Roller Monza, o "Maior de Portugal" festejou o título no prolongamento em Itália. Na edição seguinte, o Óquei de Barcelos iniciou a defesa do título com duas vitórias sobre o Kurink, mas, ao 11º jogo na então Taça dos Campeões, seria derrotado pelos italianos do Seregno.
O anterior melhor registo de um estreante já datava de 1968, de um Reus que foi o primeiro dominador da competição.
O Voltregà conquistou a primeira edição em 1966, vencendo dois jogos aos franceses do Gujan-Mestras e outros dois aos italianos do Monza. Como campeã, a equipa de Sant Hipòlit perderia na temporada seguinte logo no primeiro jogo, frente ao Reus, que viria a vencer nada menos que seis (!) edições consecutivas.
No entanto, apesar do claro domínio, os "roig-i-negre" apenas somaram sete jogos sem perder. Estrearam-se com duas vitórias frente ao CUF, venceram duas o cessante campeão Voltregà, e um empate e uma vitória frente ao Monza valeram o primeiro título. A caminhada para o "bi" começou com uma vitória sobre o Mataró, mas o Reus perderia na segunda mão. Na soma, a derrota não foi impeditiva do Reus seguir em frente na sua caminhada triunfal, mas interrompeu o registo de jogos sem perder.
Anterior melhor registo de estreia era do Óquei de Barcelos, sem derrotas (e com um título) nas suas primeiras 10 partidas. O dominador Barcelona perdeu logo na terceira partida, na distante temporada de 1972/73.
Quem esteve mais perto de destronar o Reus antes do Óquei de Barcelos, foi outra equipa portuguesa. Mas o Sporting da "Equipa Maravilha" não foi além de cinco jogos sem perder.
Os leões estrearam-se na temporada de 1975/76 com duas vitórias sobre o Montreux por expressivos 21-7 e 22-2, outras duas sobre o Lichtstad e uma sobre o Voltregà. Mas perderiam em Sant Hipólit por 5-7. Vingar-se-ia a equipa de Ramalhete, Júlio Rendeiro, Sobrinho, Chana e António Livramento na época seguinte, afastando o Voltregà nas meias-finais para depois conquistar o seu primeiro título - o único não espanhol das 20 primeiras edições - frente ao Vilanova.
Também o Braga conseguiu cinco jogos sem perder na estreia, mas sem ir além de duas fases de qualificação. Na pretérita temporada, os bracarenses venceram o Alcoi e empataram com Coutras e Forte na primeira fase, empatando com o Óquei de Barcelos e vencendo o Valdagno na segunda. Uma derrota com o Reus, além de interromper a estreia sem derrotas, custaria o apuramento para a fase de grupos.
Então, e o Barcelona dos 22 títulos? Os blaugrana estrearam-se na competição na temporada de 1972/73. Venceram os dois primeiros jogos, frente ao Novara, mas, surpreendente perderiam na primeira mão da ronda seguinte, na pista do Rollsports Zurich, por 6-5. Outros tempos? Talvez não. O Barcelona venceria por 14-2 na segunda mão e acabaria por erguer o primeiro dos seus 22 troféus, batendo o Benfica na final.
Quarta-feira, 24 de Janeiro de 2024, 15h47