O desafio de ganhar depois de tudo ganho
Tiago Sousa está na sua primeira temporada em Itália, com a responsabilidade de dar continuidade a um Trissino que ganhou tudo. O campeonato italiano, onde segue sem derrotas, tem surpreendido.
Olhando para um currículo como treinador de Marinhense, Termas, Académico de Cambra e Sanjoanense, tendo apenas estado na I Divisão em 2018/19 (com a equipa da cidade vidreira depois de garantida a subida), poucos auspiciariam o salto que Tiago Sousa deu. De São João da Madeira, a lutar pelo regresso à categoria máxima, voou até Itália, como aposta de um Trissino que nas últimas duas temporadas ganhara quase tudo - Serie A1, Coppa, Supercoppa, Liga Europeia e Taça Intercontinental - o que havia para ganhar.
"Não é fácil entrar num clube depois de ganhar tudo, substituir um treinador [Alessandro Bertolucci] que ganhou tudo, e - em poucos meses - conseguir aprender, entre aspas, um pouco daquilo que era a mentalidade e as dinâmicas da equipa. Felizmente, os resultados foram acompanhando também. Tivemos alguma infelicidade com alguns jogadores que não puderam dar o contributo por lesão, como é o caso do João Pinto. Mas estamos a trabalhar também para aparecerem jovens valores. Foi esse o nosso objetivo com a minha chegada. Temos dois miúdos que estão estão a crescer, o Gioele e o Giulio [os irmãos Piccoli], e que acredito que no futuro nos vão dar muita alegrias", referiu Tiago após um empate em Tomar para a Champions League em que Gioele, de 18 anos, até apontou o primeiro tento.
Na mais importante prova europeia, que o Trissino venceu em 2022, a equipa de Tiago Sousa está em 2º no Grupo C, com sete pontos, deslocando-se a Lleida na próxima ronda. Caso vença e o Tomar não reclame os três pontos no Dragão Arena, o Trissino estará nos quartos-de-final.
De resto, foi no Dragão Arena que o Trissino somou a única derrota na temporada, num tangencial 5-4 que não deslustra, na ronda inaugural desta Champions League. Já venceu a Supercoppa, com triunfos sobre o Lodi por 3-4 e 5-2, e tem lugar nos quartos-de-final da Coppa Italia, onde defrontará o Grosseto, depois de terminar a primeira volta da Serie A1 em 2º, atrás do Forte.
Para a Serie A1, são 16 jogos sem perder, tendo mesmo imposto ao líder Forte a sua única derrota. Mas vão pesando na classificação os cinco empates averbados, dois deles a quatro, em Valdagno e na recepção ao Follonica, antes da visita a Tomar.
"É uma experiência totalmente diferente em termos de treino, em termos de campeonato. Eu conhecia o campeonato espanhol. O italiano não conhecia, e estou muito surpreendido pela positiva com a qualidade das equipas e dos jogadores. É um campeonato muito forte", vincou. "Por exemplo, nós em casa, no último jogo, a ganhar 4-0, fomos empatar 4-4 contra o Follonica. E jogar fora é muito complicado, como jogar na nossa pista também é complicado para as equipas que lá vão", destacou o técnico de 46 anos.
"Ao contrário, se calhar, do português, que é um campeonato mais táctico, a Serie A1 é um campeonato onde prevalecem muitas acções técnicas e a qualidade individual dos jogadores dentro da dinâmica táctica, e que é bastante difícil. Tem dinâmicas muito complicadas de aprender, mas que - pouco a pouco - vou entrando no ritmo para também crescer como treinador. Era esse um dos desafios que eu tinha, e dentro dos possíveis, acho que a nota é positiva. Continuamos em todas as provas e espero chegar ao fim e conseguirmos conquistar mais algum título além daquele que já conquistámos", apontou.
Domingo, 28 de Janeiro de 2024, 10h25