Benfica sorri frente ao Sporting
No dérbi da 17ª jornada, o Benfica agarrou a vitória frente ao Sporting ainda na primeira parte, com uma mão cheia de golos, pleno de eficácia a aproveitar os azuis aos leões. Nicolia marcou três (e meio) e Viti estreou-se pela equipa principal.
Era o prato principal da 17ª jornada, mas o apetite era tanto, que o prato estava "devorado" ao intervalo. Três dias depois do duelo para a Champions League, o Benfica voltou a receber e vencer o Sporting, desta feita de forma clara, por 6-1.
O dérbi ainda não tinha começado e já estava quente, com um sururu gerado na discussão da bola de jogo. Do ajuntamento, os jogadores dispersaram sem problemas de maior, mas uma tensão entre Nicolia e Romero que os dois argentinos campeões do Mundo levaram para a partida, mas seria sanada após o apito final com um abraço.
O Sporting surpreendeu ao entrar em pista com João Souto, Henrique Magalhães e Facundo Bridge para além dos pilares Ângelo Girão e Gonzalo Romero. E entrou melhor, colocando várias vezes em "xeque" a defensiva encarnada.
"Os primeiros três ou quatro minutos são claramente uma excelente entrada do Sporting, provavelmente também ferido no orgulho da derrota da Liga Europeia. Deram uma resposta, no meu ponto de vista, extremamente interessante. Não é fácil entrar bem aqui na Luz, eles entraram muito bem", elogiou Nuno Resende.
"[Os primeiros minutos] foram muito bons. Se olharmos para todas as fichas de jogo, certamente há dois jogadores que são denominador comum, mas depois há bastante variação no cinco inicial que ponho na pista", apontou Alejandro Dominguez. "Sim, foi diferente do da Liga Europeia, mas acredito que não foi tanto no cinco inicial a mudança, mas sim o que fizemos a nível mental. Hoje entrámos a jogar aqui com o nosso ADN. Jogámos muito mais alto, muito mais agressivo, muito mais directos e correu bem, até que começaram os azuis", lamentou o técnico argentino.
Pouco depois das primeiras mexidas nos leões, com as saídas de Souto e Henrique aos cinco minutos, Gonzalo Romero viu azul e, chamado do banco, Carlos Nicolia foi eficaz… à segunda, depois de Girão se ter alegadamente adiantado demasiado cedo.
Com o golo, o Benfica ganhou ascendente. Apesar do Sporting continuar a criar perigo, faltava arte e engenho para desfeitear Pedro Henriques, sentindo-se a ausência de Ferran Font ("teve uma ruptura pequena, mas não podíamos arriscar tendo em conta o compromisso que temos em São João da Madeira", esclareceria o treinador leonino que defronta a Sanjoanense para a Taça) e Rafael Bessa, ambos lesionados e substituídos pelo jovem Rodrigo Gonçalves, que não iria a jogo.
Foi um padrão de certo equilíbrio que se manteria até aos três minutos finais desta primeira parte. O Benfica não conseguiu aproveitar dois minutos de superioridade depois de azul a Souto, mas chegaria a novo golo a oito minutos do intervalo antes de definitivamente "disparar" no marcador. Nil Roca, num remate cruzado, surpreendeu Ângelo Girão.
Depois, chegou a derrocada leonina em tons de azul. A três minutos do fim dos primeiros 25, Carlos Nicolia ampliou de grande penalidade, cometida por Verona (que viu azul) sobre Roberto Di Benedetto. Minuto e meio volvido, viu o azul Matias Platero. Novamente chamado, Nicolia não se fez rogado e assinou o 4-0.
"O Carlos tem tido uma eficácia tremenda. É um especialista, um expert. Tem treinado bastante e tem tido essa preocupação. Também tenho de dar os parabéns ao Pedro Aguiar no trabalho que tem feito este ano com as imagens e análise do guarda-redes adversário", sublinhou Resende, que não comentaria as notícias sobre a alegada vontade do argentino continuar a jogar, mas ainda sem proposta das águias. "Isso são notícias dos jornais, dentro do plantel estamos todos tranquilos. O Carlos está tranquilíssimo, está a fazer uma excelente temporada. Hoje teve uma eficácia tremenda nas bolas paradas e é isso que eu pretendo dele. Vejo-o sempre muito tranquilo. Tudo o resto não me compete a mim", contestou ao pedido de comentário.
Não se conhecendo - nem estando em ficha de jogo - nenhum outro azul, houve um erro após o quarto golo do Benfica, ao não ser reposto o quinto jogador verde-e-branco. O lapso poderá ser imputado à equipa de arbitragem (se deu indicações nesse sentido) ou à equipa técnica do Sporting. Na indevida inferioridade, os leões sofreriam um quinto golo, numa assistência de Carlos Nicolia para Pablo Álvarez. O golo foi atribuído ao "killer de San Juan", mas fica a dúvida se não terá sido Bridge a trair Girão.
"A primeira parte foi apenas desequilibrada em termos de resultado. O Sporting chegou [à nossa baliza], o Pedro fez uma excelente exibição, teve bolas muito difíceis pela qualidade do Sporting, que hoje apresentou aquilo que era mais habitual neles. Hoje voltaram àquilo que é o padrão, e nós levámos ali algum tempo a ajustar. Depois, a nossa eficácia é fundamental. Nas bolas paradas, no powerplay, naquilo que foram as nossas idas à baliza, que não foram assim muitas. Isso, num jogo que se antevia equilibrado, faz a diferença. Da mesma forma que [o resultado] no Dragão Arena não tem nada a ver com a diferença das duas equipas, hoje também não tem", observou o técnico do Benfica.
"Os cartões azuis sentenciaram-nos. Não sei quantos recebemos... Quero ver cada um dos lances, mas no jogo de quinta-feira tivemos uma arbitragem europeia, que é superdiferente desta arbitragem. Não me vou pôr a julgar se foram justos ou não, mas digo que contactos e choques e bloqueios e tal, houve muitos dos dois lados, não houve só de um lado. O ano passado sancionaram-me, não me sancionam mais", disse Alejandro Dominguez, aludindo a um castigo de dois meses após uma publicação crítica nas redes sociais.
Formalidade até ao apito final
Depois de quase uma hora para cumprir os 25 minutos da primeira parte, a segunda começou com Zé Diogo na baliza leonina. "O Ângelo Girão e o João Souto esta manhã estavam a soro. Tiveram uma gastroentrite aguda, com diarreia, vómitos. O Ângelo não devia ter jogado, mas queria jogar porque é um guerreiro", explicou Alejandro.
Já era um Sporting visivelmente derrotado. O Benfica entrou pressionante e, com facilidade, Roberto Di Benedetto assinou o sexto tento das águias e as oportunidades sucediam-se.
No entanto, já depois de ter visto Pedro Henriques negar-lhe (duas vezes) o golo de livre directo na 10ª falta, Gonzalo Romero faria o 6-1 - que poucos festejos mereceu - num forte remate cruzado. A quase 18 minutos do fim, o resultado não mais se alteraria. O Benfica abrandou o ritmo e o jogo como que se arrastou até final…
"Acima de tudo dou os parabéns à equipa, porque na segunda parte soube controlar, soube esfriar, uma ou outra bola mal perdida no ataque, mas tínhamos que perceber que não nos interessava correr", referiu Nuno Resende. "A segunda parte é uma 'anedota', eles a gerirem bem a vantagem e nós a tentar não perder a calma. Já está. Não há muito mais", resumiu Alejandro Dominguez.
Estreia de Viti
Numa etapa complementar praticamente sem interesse, merece destaque a estreia pela equipa principal do Benfica de Vítor Oliveira ("Viti"), muito aplaudido no anúncio das equipas e quando entrou.
Pol Manrubia ficou de fora por opção (pela limitação de "não seleccionáveis") e Zé Miranda contraiu uma virose que o afastou da partida. Viti foi chamado durante a manhã para integrar a convocatória e, entrando a menos de três minutos do fim, o internacional jovem português esteve sempre de olho no relógio a ver quanto tempo tinha para abrilhantar a sua estreia. E até esteve perto de marcar.
Viti é uma das figuras maiores da equipa "B" do Benfica, que lidera a Zona Sul da II Divisão, tendo o ex-Valongo já assinado 17 golos. Outra figura maior, Martim Costa, também de 2006, soma 23 e entrou na convocatória no empate a quatro com o Óquei de Barcelos, mas não teve oportunidade de ir a jogo.
Com o resultado (há muito) em 6-1, Viti entrou para o lugar de Diogo Rafael, quiçá numa substituição premonitória do futuro dos encarnados, indo a jogo frente a um Sporting que o disputou com as águias no último defeso.
Contas
Esta vitória permite ao Benfica aproximar-se do Sporting, mas os campeões nacionais continuam oito pontos atrás do vice-campeão. E a sete do Porto e 11 da agora líder isolada, Oliveirense.
"Nós temos, acima de tudo, de segurar este 4º lugar porque acho muito difícil que se consiga chegar lá à frente, a não ser que alguma destas três equipas [Oliveirense, Sporting e Porto] tenha agora aí uma fase muito difícil. Temos claramente de segurar este 4º lugar, porque é os mínimos", definiu Resende.
Já os leões têm agora os dragões "à perna", a apenas um ponto, mas o técnico não vê - objectivamente - motivo para preocupação.
"Tenho de tentar ser objectivo com o que se passou esta semana e dizer: 'Senhores, saímos daqui com uma derrota dolorosa, mas estamos oito pontos à frente do Benfica'. A oito pontos. Está na nossa mão acabar a fase regular como líderes. Está na nossa mão ganhar ao Reus em casa na Liga Europeia e classificarmo-nos para jogar os quartos-de-final. Tranquilidade. Dói, dói muito. Mas há que ser objectivo, porque há coisas que se fazem que são melhoráveis e se podem treinar, e há outras coisas que não se podem treinar e não dependem de nós. E o rival também joga, hein? Quinta e hoje, o nível defensivo deste Benfica é altíssimo. Temos de estudá-los bem porque vamos voltar a defrontá-los e há que conseguir ganhar a esta defesa, que é muito boa", indicou Dominguez.
Segunda-feira, 12 de Fevereiro de 2024, 16h51