«Foi uma coisa que nós nem estávamos à espera, mas ambicionávamos»

Apenas um ano depois, a Juventude de Viana está de regresso à categoria máxima, num projecto encabeçado por Jorge Longarito. Filho do ex-presidente que liderou os vianenses a dois vice-campeonatos aponta, para já, à manutenção e reconsolidação.

«Foi uma coisa que nós nem estávamos à espera, mas ambicionávamos»

Um ano depois da descida, a Juventude de Viana está de regresso à categoria máxima do Hóquei em Patins português. Na liderança do emblema da "pérola do Lima" está, desde há pouco mais de um ano, o jovem empresário Jorge Longarito.

O apelido não soará estranho. O pai, António Longarito, assumiu a presidência da Juventude de Viana em 2007 e, com um forte investimento (ainda assim, longe dos valores que se praticam hoje em dia na luta por títulos), catapultou a equipa para o vice-campeonato em 2009 e 2010, enquanto o Porto era hegemónico nos seus passos para o "deca".

Agora a realidade é distinta. "Compreendo que as pessoas façam essa comparação, mas não se pode fazer isso porque as pessoas são diferentes, os tempos são diferentes, a própria modalidade está muito diferente. A conjuntura à volta do Hóquei em Patins não tem nada a ver com esses tempos. Eu agradeço, e fico muito honrado. Mas neste momento, a qualidade da Juventude de Viana não é essa. Vamos trabalhar para que um dia seja, mas tão cedo não será. Não posso prometer que voltaremos a essa época, mas iremos trabalhar para isso", assegura Jorge Longarito numa conversa com o HóqueiPT dois dias após o concretizar da subida.

O treinador André Torres continuará como timoneiro da equipa vianense, com a objectiva missão de manutenção.
O treinador André Torres continuará como timoneiro da equipa vianense, com a objectiva missão de manutenção.

"Estou a viver este momento com grande felicidade. Foi o resultado de um ano de trabalho num clube que se encontrava com a situação que era conhecida a nível financeiro, a nível directivo e desportivo. Foi um trabalho e dedicação de um grupo de pessoas que me acompanharam, porque eu sou apenas a 'cara' de quem está por trás de mim, que trabalha diariamente para que nada falte aos jogadores, aos miúdos da formação e ao clube", reconhece.

Jorge Longarito tem 33 anos. Tinha apenas 32 quando assumiu a vontade de resolver os problemas que afligiam o clube. "Se calhar foi precisamente isso, um espírito de missão que, não só eu, mas as pessoas que me acompanham, incorporaram. Se o clube se tivesse mantido na I Divisão e as coisas estivessem estáveis, se calhar não me tinha metido nisto. Mas, ao ver o rumo que o clube estava a levar, tinha que o que estivesse ao meu alcance para não acabar. Porque estava mesmo iminente quase uma situação dessas. Talvez não acabar, mas pelo menos não apresentar uma equipa sénior neste ano", recorda.

De poder não haver equipa sénior até ao regresso ao convívio dos grandes, parece agora um pequeno, ainda que árduo, passo. "Foi uma coisa que nós nem estávamos à espera, mas ambicionávamos", confessa. Os desafios são agora - felizmente - diferentes.

A próxima época

Com a promoção garantida a 8 de Junho, a maioria dos planteis está já fechada e os jogadores comprometidos, o que dificulta a construção do plantel desejado.

"Nesse aspeto, estamos como há um ano atrás. Obviamente por um motivo melhor, que é a subida à I Divisão. Mas, a nível de timings, está a acontecer-nos o que aconteceu no ano passado, que é ter de formar uma equipa competitiva quando já está praticamente o mercado todo resolvido. Vamos fazer o nosso melhor para conseguir os melhores atletas possíveis para as nossas ambições. E já estamos a trabalhar nisso. O tempo está contra nós, mas, ainda assim, acreditamos que iremos apresentar uma equipa competitiva", afirma.

Pedro Batista resistiu ao assédio de vários emblemas e irá para a sua quinta temporada na Juventude de Viana. Foi o capitão do regresso à I Divisão.
Pedro Batista resistiu ao assédio de vários emblemas e irá para a sua quinta temporada na Juventude de Viana. Foi o capitão do regresso à I Divisão.

Garantida está a continuidade do treinador André Torres e de grande parte do plantel que disputou a Zona Norte da II Divisão. E a Juventude de Viana já anunciou o internacional chileno Joaquin Fernandez (ex-Marinhense), o guarda-redes internacional argentino Matías Bridge (ex-Sandrigo, de Itália) e o internacional jovem português - e agora experiente - Hugo Costa (ex-Famalicense), que já vestiu a camisola vianense em 2010/11.

O objectivo é claro. "Uma posição que nos garanta a manutenção", apontou. "Iremos começar o campeonato com o foco de conseguir o máximo de vitórias possíveis para assegurar a manutenção. E o que vier acima disso será certamente bem-vindo. Um pouco como começámos esta época", comparou. "Sempre transmiti aos jogadores que não havia a pressão de subir, que ninguém nos ia cobrar isso. Mas havia um certo compromisso com o clube, e talvez um objetivo interno ou uma ambição que, dada a qualidade que estávamos a apresentar, seria possível", revela.

Bruno Guia, esteio entre os postes, contará com a concorrência do argentino Matías Bridge, ex-Sandrigo e chamado ao Campeonato do Mundo do próximo mês de Setembro.
Bruno Guia, esteio entre os postes, contará com a concorrência do argentino Matías Bridge, ex-Sandrigo e chamado ao Campeonato do Mundo do próximo mês de Setembro.

Ligação emocional

"A minha paixão pelo Hóquei em Patins começou na altura em que o meu pai foi presidente da Juventude. Na altura em que a Juventude foi vice-campeã nacional dois anos seguidos", recorda.

"Eu era miúdo e acompanhava o meu pai, e comecei a acompanhar os jogos. E, como qualquer pessoa que começa a ver jogos ao vivo deste desporto, fiquei apaixonado. Depois, há já alguns anos, fui fazendo parte das Direcções que foram passando pela Juventude de Viana. Dada a situação do clube, achei - ou melhor -, acharam que eu seria a pessoa indicada para tentar recuperar o clube. Portanto, assim aconteceu. Juntámos um grupo de pessoas que gostam do clube, pessoas que já estavam ligadas ao Hóquei em Patins e colocámos mãos à obra. Passado um ano, aqui estávamos a festejar a subida à I Divisão", congratula-se.

Nos festejos na Parede, surgindo com a sua camisola após o apito final, Jorge não esqueceu João. Banza, ex-jogador do clube, vítima de uma agressão na noite de Lisboa em 2009. "O Banza, para além de ter sido um atleta do clube, foi um amigo. Viveu na minha casa nos tempos em que estive aqui na Juventude de Viana com o meu pai. Teve uma relação muito próxima connosco. O meu pai adorava o João Banza. É um nome que aqui em Viana está sempre nos nossos corações. Quando saiu, um ano antes de falecer, deixou-me aquela camisola, e eu achei que fazia todo o sentido, caso atingíssemos a promoção, fazer aquela pequena homenagem", explica.

Para além de Banza, outros nomes marcaram os tempos áureos da Juventude de Viana. Nomes históricos cuja memória Jorge Longarito não quer que se percam. "É um objectivo, quando pudermos, recordar estes nomes que tanto engrandeceram o clube da nossa cidade. Cabe-nos transmitir às novas gerações quem foi um Banza, quem foi um Paulo Almeida, quem foi um Didi ou um Pedro Alves. Porque, se para nós esses nomes são óbvio, estamos a falar para jovens de 15 ou 16 anos que já não acompanharam essas carreiras. Cabe-nos imortalizar esses nomes que tanto deram à nossa modalidade", explica.

Gabriel Silva, melhor marcador dos vianenses na II Divisão, também já tem renovação anunciada.
Gabriel Silva, melhor marcador dos vianenses na II Divisão, também já tem renovação anunciada.

Eleito para o biénio de 2023 a 2025, Jorge Longarito procura ser um presidente presente, mas apostando na delegação e "descentralização" de tarefas pela sua equipa de confiança. "Tento ser o máximo presente possível. Tenho também a ajuda de muitas pessoas da nossa Direção e, já tendo feito parte de outras listas de outras equipas que passaram por Viana, posso dizer que, esta é a Direção mais activa. Até agora notava-se uma presidência de uma pessoa só. Isto é, era uma pessoa que ficava com todas as tarefas, com todos os dossiers do clube. Neste momento, posso dizer que temos sete pessoas em que uns estão encarregues de uma pasta, outras de outra. E toda a gente é activa num trabalho diário. Eu dou o meu contributo, o máximo que posso. Estou presente nos treinos pelo menos uma vez por semana. Faço questão de estar presente em todos os jogos, e tenho uma relação muito próxima com todos os jogadores. E eles sabem que, a qualquer momento, estou disponível para os receber e para falar. Tem sido essa liderança presente que, dentro das minhas possibilidades, tenho tentado", detalha.

AMGRoller Compozito

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