Tachos e testos
Na dança de treinadores que marcou o defeso no Campeonato Placard, Edu Castro foi preterido no Barcelona e chega para dirigir o Benfica. Nuno Resende, de saída das águias, 'encaixa' na vaga deixada por Edo Bosch na Oliveirense.
Reza a sabedoria popular que "há sempre um testo para cada tacho" ou "há sempre uma tampa para cada panela". E Edu Castro e Nuno Resende, preteridos de Barcelona e Benfica, asseguraram o seu "testo" para 2024/25 na Guerra dos Tronos deste defeso.
Há muito que era falado o interesse do Benfica em Edu Castro. De facto, no Campeonato da Europa que decorreu em Sant Sadurní d'Anoia em 2023, o acordo já era dado como certo e até houve quem, nos catalães, tentasse precipitar a mudança de Edu para Lisboa.
Tardou uma época.
O galego que cresceu na Catalunha, confesso apaixonado por Portugal e a literatura portuguesa, terminava - e terminou - contrato com o Barcelona em Julho. Tendo vencido o triplete com Supercopa, Copa del Rey e OK Liga pela segunda vez consecutiva, não deixou de lamentar a "dispensa" e criticar a política blaugrana.
Apanhado "a quente", no turbilhão de emoções depois de selar o sexto triunfo no campeonato em sete épocas, Edu Castro não fez por esconder que a sua primeira escolha seria o gigante da cidade condal, ainda que o acordo com as águias, que só ficou "preso" à também chegada do adjunto Jordi Roca e do preparador físico Dani Fernández, há muito estivesse selado.
Ainda mais certo do que Edu Castro chegar às águias, era a partida de Nuno Resende. Mesmo que, a dada altura, uma eventual conquista do campeonato nacional desse, nos bastidores, outra perspectiva ao tema.
No seu pós-derradeiro jogo, Nuno Resende teve, na sala de imprensa da Luz, a tranquilidade que Edu Castro não conseguiu ter em Sant Sadurní. Agradeceu e parte resignado com a escolha directiva.
No Benfica, Nuno Resende ficou em branco na primeira temporada, conquistou a Supertaça António Livramento e o Campeonato Nacional em 2022/23 e uma Elite Cup e uma Supertaça no arranque da temporada que agora terminou. Ao fim de três anos de águia ao peito, e apesar de ter colocado a equipa triunfar (muito) mais do que era habitual, o treinador acaba por ser uma vítima solitária das "não-conquistas", numa estrutura que escapa ilesa ao insucesso face ao investimento realizado.
Mas o Hóquei em Patins é um mundo pequeno. Bem, talvez mais um quintal do que um mundo. Se uma porta se fecha, outra já estava aberta.
Nuno Resende deixou de servir para o Benfica, mas servirá para a Oliveirense. Tal como Tó Neves em 2015 não servia para o Porto, mas voltava a servir a uma Oliveirense que, então e aos dias de hoje, com um forte investimento, continua a propor-se a competir e a ombrear com os "grandes do futebol", mas que raramente ganha.
Nos últimos 10 anos, a equipa de Oliveira de Azeméis venceu uma Taça de Portugal. Antes, quando a luta por troféus era "apenas" entre Porto e Benfica, vencera a prova rainha consecutivamente em 2011 e 2012. Em 2012, com Nuno Resende ao leme.
Contrariando a tal sabedoria popular, Resende regressa a um lugar onde já foi feliz. Ali terminou a sua carreira de jogador, com uma transição como jogador-treinador. Assumiu o comando técnico em Novembro de 2011 e saiu em Abril de 2014. De facto, acabaria por cumprir apenas uma época inteira (2012/13) como treinador. Agora, abraça o desafio de - pelo menos - completar as duas do acordo firmado.
Sábado, 3 de Agosto de 2024, 15h27