Oportunidade para os jovens precisa-se

José Pedro Silva

Na antecâmara do Campeonato do Mundo de Sub-19, vários campeões europeus do escalão em 2023 preparam o ataque ao título ainda à espera de uma oportunidade para definitiva afirmação nos palcos maiores da I Divisão.

Oportunidade para os jovens precisa-se
Foto de capa: World Skate Europe

Faltam três semanas para se iniciar, em Novara, Itália, os World Skate Games, e a nossa seleção de Sub-19 já começou a sua preparação, sendo certo que adicionar o título mundial da categoria ao título europeu, conquistado em Setembro do ano passado, na Suíça, constitui o principal objetivo.

Cinco dos dez campeões europeus repetem presença, tendo sido chamados para a defesa das quinas e cores nacionais, o que corrobora toda a qualidade, irreverência e talento que categorizam e definem os jovens jogadores portugueses. Sendo certo que, no mundo do Hóquei, lhes é reconhecida todas as aptidões para singrarem na modalidade, não deixa de surpreender a reduzida presença destes atletas no melhor campeonato do Mundo.

Focando a nossa atenção nos dez jovens heróis de 2023, poucos são aqueles que podem, desde já, afirmar a sua presença no Campeonato Placard, não podendo nenhum apelidar as suas aparições de regulares e assíduas.

Os dois guarda-redes, José Silva e Afonso Venda, são, porventura, a par de Paulo Pereira, os jogadores que, num futuro próximo, contarão um maior número de presenças no campeonato que em Outubro se iniciará. Porém, tudo indica que os minutos de utilização serão escassos, numa fase inicial, para os homens da baliza; no entanto, aquando da chamada para intervir, as suas equipas podem ficar tranquilas dados os diversos atributos e qualidades que ambos possuem na defesa das suas redes.

Quanto ao irmão de Tomás Pereira, a saída de Oliveira de Azeméis para Braga demonstra a sua vontade e procura de afirmação no palco maior da modalidade. O atleta vê na mudança para o Minho uma boa oportunidade para se estabelecer com regularidade na I Divisão, e contrariar, assim, a ideia de que são cada vez mais escassas as oportunidades dadas aos jovens jogadores portugueses para demonstrarem o seu hóquei no principal escalão.

Pertencendo a uma das maiores e melhores escolas de formação no país, João Pereira e Henrique Vigário partem com expetativas e ambições fortes para vingarem no seu Valongo. Atendendo à profundidade do plantel valonguense, não é certa a presença regular destes atletas na principal equipa do clube. Contudo, é de acreditar que boas prestações na equipa "B", no decorrer da II Divisão, possam levar Renato Garrido a considerar os jovens jogadores como alternativas válidas e seguras e levá-los a subir um patamar, repetindo os passos de alguns jogadores do clube como Carlos Ramos, João Pedro ou Miguel Moura.

Em resultado de integrarem clubes que lutam por todos os títulos que disputam, a vida de Guilherme Azevedo, Diogo Lemos e Gonçalo Machado, na Oliveirense, e de Martim Costa e Vítor Oliveira, no Benfica, não se afigura fácil no que respeita à transição das equipas secundárias, onde têm utilização, para as equipas principais de ambos os emblemas.

Apesar disso, não deixa de ser um dado curioso que todos os atletas agora mencionados figuraram, no ano passado, nas opções das principais equipas ao marcarem presença em alguns dos jogos que estas realizaram. O único senão foi esta situação apenas se ter vislumbrado de forma esporádica e nunca com a regularidade que certamente os atletas desejavam.

Crendo que todos estarão incluídos no plano de treinos semanal das principais equipas, dada a qualidade que manifestamente possuem e que poderá, facilmente, ser verificada nas participações nas equipas secundárias ao longo de toda a época, o espaço na II Divisão parece já ser curto para estes atletas; dado todos os seus atributos e valências parece sensato afirmar que teriam lugar em muitas das equipas presentes no Campeonato Placard.

Campeões europeus há um ano, mas com pouca presença na I Divisão, cada vez mais se verifica a dificuldade do jovem jogador português conseguir afirmar-se, a nível sénior, no principal escalão da modalidade. Contudo, como em tudo na vida, a esperança não pode faltar a estes atletas, e um bom exemplo é o caso de Zé Miranda.

Saindo da formação do Benfica, esteve um ano "a rodar" no vizinho Murches para crescer e afirmar-se, voltando à Luz, na temporada passada, para ser um dos bons destaques da época. E “ganhou” um bilhete para Novara, à boleia da seleção sénior de Portugal.

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AMGRoller Compozito

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