Dilúvio de golos

Se o aproximar das duas dezenas de golos no primeiro dia já chocava algumas sensibilidades, seguiram-se quatro triunfos com pelo menos 20 golos. A Inglaterra venceu a China por 50-1, apesar dos chineses já terem cinco jogadores em pista.

Dilúvio de golos
Foto de capa: World Skate

Para além das ausências de Egipto e Angola, o primeiro dia ficou marcado por uma vitória de 0-17 de Macau sobre a China. Porque os chineses só tinham três jogadores de pista, mas também pela expressividade dos números.

Andorra até conseguiria "melhor" no dia inaugural, vencendo por 19-0 a Nova Zelândia, apesar da constituição de duas divisões. No segundo dia, no mesmo Intercontinental Championship, os neo-zelandeses perderam por 2-24 com a Índia e Macau, goleador na véspera, foi copiosamente derrotado por 0-26 pela Alemanha. Já a China, apesar de se ter conseguido apresentado com um cinco em pista, foi derrotada pela Inglaterra - quiçá com fome de jogo e golos, depois da falta de comparência egípcia - por 50-1. Em 50 minutos.

Mesmo no palco principal do World Championship, não se têm evitado goleadas. A Colômbia perdeu 0-20 com Portugal e 13-1 com Itália, ao passo que a Suíça também sofreu 13 dos espanhóis, mas sem direito a tento de hora.

As goleadas não são de agora. Em 2022, com 10 equipas numa só "divisão", os Estados Unidos perderam 23-0 com Portugal, 18-0 com a Espanha e 21-2 com Inglaterra. Mas depois venceriam o México por 20-7 no derradeiro dia. Voltas da vida. Por exemplo, a Colômbia, agora "vítima", vencera os Estados Unidos por 20-1 em 2019 e, na China, em 2017, foi mesmo a única selecção em Sub-19 a passar a dezena de golos num jogo, ao vencer por 11-3... a Inglaterra, que agora em Novara "dizimou" a muralha chinesa.

Golear ou não golear, eis a questão

Em 2013, foi notícia um comunicado do CIRH (Comité Internacional de Hóquei em Patins), assinado pelo então presidente, o alemão Harro Strucksberg.

Ainda num campeonato com "divisão" única, houve goleadas nos primeiros dois dias em que se destacam as vitórias de 35-1 da Argentina sobre a Índia e de 40-0 da Itália frente à Costa Rica, e Strucksberg lançou apelo aos chefes de comitiva e treinadores das equipas "maiores" para não "castigarem e desencorajarem os adversários", pedindo "fair-play" e mesmo que não houvesse atribuição de prémios de melhor marcador, melhor jogador ou melhor guarda-redes.

Com sensibilidade ou não ao apelo, o resultado mais dilatado dos últimos três dias de competição acabaria por ser um 2-16 sofrido pela Costa Rica, ironicamente aplicado pela Índia, uma das "vítimas" no primeiro dia.

Então, de regresso a Portugal, coroado campeão do Mundo, o seleccionador português Luís Duarte comentou a tomada de posição institucional. "Esse comunicado é uma aberração. O fair-play nada tem a ver com goleadas, mas sim com respeito", declarou ao diário Record, referindo que Portugal não venceu por mais "por estratégia, para não cansar tanto os atletas na primeira fase". "Vencemos por 10 e 16 frente a equipas que poderíamos ter feito mais golos. Não foi por isso que conquistámos a simpatia dessas formações, mas sim pela atitude que tivemos em campo", acrescentou.

Nos três títulos mundiais conquistados às ordens de Luís Duarte - em 2013, 2015 e 2017 -, a maior goleada aplicada foi de 17-0 aos Estados Unidos em 2015. Já com Vasco Vaz, Portugal teve como mais expressivas as vitórias por 32-1 e 23-0, respectivamente em 2019 e 2022 e sobre a mesma selecção estado-unidense, mas terminaria sem troféu.

AMGRoller Compozito

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