Por outro modelo, Alemanha foi a jogo sem vontade de golear
Depois de sofrer 113 golos em três jogos, a China perdeu com a Alemanha por 1-0. Mas não houve surpresa. Em comunicado, a Alemanha, em protesto com o modelo da prova, avisara que não ia competir quando a 'competição' não era verdadeira.
Foto de capa: World SkateCom menos um jogador em pista frente a Macau e já com cinco frente a Inglaterra e Estados Unidos, a selecção chinesa de Sub-19 estava a ser um autêntico "bombo da festa" no Campeonato Intercontinental, uma espécie de Mundial "B", encaixando goleadas de 0-17, 50-1 e 1-46. 113 golos sofridos e apenas dois marcados em três jogos.
Pelo contrário, a Alemanha vencera os Estados Unidos por 16-3 e Macau por 0-26. Esperava-se outro dilúvio de golos frente à frágil selecção chinesa, mas os alemães mostraram que não foram ao Mundial em busca de goleadas. E mostraram uma invejável elevação.
Em comunicado publicado em alemão, espanhol e inglês, que aqui traduzimos para português, os alemães avisaram antes que não iam competir perante um adversário com um valor tão desfasado, referindo que o objectivo na prova era que os seus jogadores se pudessem superar e mostrar o trabalho realizado nos últimos anos.
Há cinco anos que a selecção alemã de Sub-19 se prepara com o objetivo de defrontar as grandes nações neste Mundial. Trabalhámos em diversas fases de preparação, tanto na Alemanha como no estrangeiro, tendo de nos deslocar a torneios e competições durante este período. Tudo isto implica, obviamente, custos muito elevados que rondam os 100.000 €. Isto exige um enorme esforço por parte de todos.
Hoje estamos no quarto dia do Mundial e, até agora, não tivemos nenhuma competição propriamente dita. Em todos os jogos, tivemos de nos preocupar mais em evitar marcar golos do que em pôr em prática e demonstrar aquilo em que os jogadores têm trabalhado durante todo este tempo.
Não é bom para o desporto quando uma equipa sofre mais de 15 golos. Igualmente drástico é quando uma equipa tem de "parar de jogar" ao fim de 10 minutos. A nossa intenção até agora foi manter o respeito máximo, em jogos com equipas muito inferiores. Nenhum dos nossos atletas conseguiu demonstrar o seu nível e cumprir com aquilo que se espera de uma selecção: alto rendimento.
Por todos estes motivos, a partir de agora vamos evitar competir, mesmo indo a jogo, em partidas em que não temos concorrência. A única solução é uma alteração do modelo de competição. Esperamos que a World Skate tome medidas e adopte mudanças para melhorar a próxima edição dos World Skate Games (pelo menos, que haja a hipótese de lutar por uma possível promoção ao Campeonato "A").
Frente à China, a Alemanha controlou o jogo. "Esgotou" várias vezes o tempo de ataque, trocou a bola, não agrediu - no sentido competitivo e desportivo da palavra - o adversário. Venceu com um golo solitário de Joshua Heinrichs a 40 segundos do apito final. Quando quis. Como quis.
Em causa não estava o respeito, mas antes o protesto com o modelo adoptado, que não dá qualquer hipótese de lutar com as selecções mais forte. Esta quinta-feira, na derradeira jornada da primeira fase, a Alemanha defronta a Inglaterra, que também soma por vitórias os jogos que disputou no Grupo A deste Campeonato Intercontinental. No Grupo B, o vencedor será decidido entre Andorra e Índia.
No entanto, inexplicavelmente diferente do que acontece nos Seniores Masculinos, os vencedores dos grupos não "sobem" de pronto ao Campeonato do Mundo, apenas disputam o 9º lugar geral e garantem a vaga continental no principal campeonato mundial... para 2026.
A classificação do último Mundial determinou cinco vagas europeias (e três americanas) no Campeonato do Mundo e a Alemanha não foi além do 7º lugar no Europeu, sendo assim relegada para o Intercontinental, o Mundial "B". Com poucas oportunidades de mostrar evolução.
Quarta-feira, 11 de Setembro de 2024, 23h09