Font mostra garras de leão no Barcelona

No arranque da OK Liga, Ferran Font soma oito golos em quatro partidas e lidera a lista de melhores marcadores. Este sábado, regressa ao Olímpico de Vic, onde despontou antes de partir para oito temporadas históricas no Sporting.

Font mostra garras de leão no Barcelona
Foto de capa: Victor Salgado @ FC Barcelona

À 4ª jornada da OK Liga, Ferran Font saltou para o topo da lista de melhores marcadores do principal campeonato espanhol, superando os seis golos do argentino Nico Ojeda (LLeida) e do campeão mundial Ivan Morales (Noia). Poderá ser circunstancial, mas o ex-atacante do Sporting vai ganhando preponderância na estratégia de David Cáceres.

Depois de sete anos às ordens de Edu Castro, o Barcelona entrou nas provas nacionais da nova temporada - e de uma nova era, sem Castro, mas, principalmente, sem Pau Bargalló - com a conquista da Supercopa, com vitórias frente a Liceo (5-2) e Reus (1-0). E tem pautado o percurso por vitórias. Na OK Liga, os blaugrana lideram com quatro vitórias em outros tantos jogos, com o melhor ataque, com 22 golos conseguidos, longe dos 14 conseguidos pelo Calafell de Guillem Cabestany e pelo Lleida de Nuno Paiva e Dario Giménez.

Ferran Font não marcou qualquer golo nos dois jogos da Supercopa, que teve lugar na Corunha. Mas, depois, apontou um golo na vitória por 5-0 frente ao Voltregà e outro golo no tangencial triunfo por 3-4 na pista do Alcoi. E seguiram-se dois hat-tricks.

Assinou três golos frente ao Lleida, numa robusta vitória por 9-4, e outros três tentos - mais decisivos e mediáticos - na vitória por 1-4 no passado domingo, na Corunha, na pista do rival Liceo. "Los verdes" venciam ao intervalo, mas Font virou o marcador e selou o resultado depois de Alabart ter marcado o terceiro.

De resto, Alabart, que também marcou nas quatro partidas, é o segundo mais profícuo jogador do Barcelona na OK Liga, somando cinco golos. Sergi Llorca tem quatro, Pablo Álvarez, ex-Benfica, três e Marc Grau e Matías Pascual, num regresso após prolongada lesão que se saúda, um cada.

Este sábado, em jogo a contar para a 5ª jornada da OK Liga, o Barcelona joga no Olímpico de Vic, a casa de um Club Pati Vic - entretanto "falido" e refundado - em que Ferran Font despontou.

Afirmação de leão ao peito

Ferran Font, que completa 28 anos no próximo dia 12, ganhou muito cedo espaço na equipa principal do Vic, numa aposta de Ferran Pujalte que se foi consolidando. Em 2015, Font venceu a Taça do Rei e marcou presença na final da Liga Europeia. Nesse mesmo ano, sagrou-se vice-campeão do Mundo de Sub-20 pela Espanha, quando uma estelar selecção espanhola viu a selecção portuguesa vencer nas grandes penalidades.

Era a selecção de, por exemplo, Font, Alabart, Aragonés e Llorca (hoje todos do Barcelona), Carballeira, Xaus e Serra (Liceo) e Nil Roca (Benfica). Contra uma selecção portuguesa em que os principais destaques ao dia de hoje são Gonçalo Pinto (Benfica), Miguel Vieira (Óquei de Barcelos) e Álvaro Morais (Trissino).

Um ano depois, vice-campeão espanhol pelos "vigatan", Font embarcava para um Sporting em crescimento e investidor, aposta pessoal de José Trindade, "bancada" por Bruno de Carvalho, para acompanhar Guillem Pérez, seleccionador espanhol naquele Mundial de Sub-20.

O atacante chegou aos leões com apenas 19 anos, mas um contrato "milionário" que chocava o mundo do Hóquei em Patins. Falava-se de 90 mil euros por ano, não tão "assombrosos" aos dias de hoje - em particular com os recentes contratos rubricados no Benfica - mas uma fortuna para a modalidade na altura. Principalmente para uma promessa, a quem era reconhecido potencial e talento, mais próximo do protótipo de jogador português que espanhol, mas sem garantias.

Font, que não tardou a aprender um português de fazer inveja a qualquer viseense, estreou-se com uma vitória na Elite Cup, ainda na sua versão oficiosa. No esgrimir de forças na ambição leonina, Trindade foi afastado e o treinador Guillem Pérez também acabaria por ser vítima, saindo em Março de 2017. Chegava Paulo Freitas para capitalizar, com mais investimento, o investimento inicial em conquistas.

Nas últimas oito temporadas dos leões, há apenas três jogadores em comum. Os guarda-redes Ângelo Girão e Zé Diogo... e Ferran Font. Venceram o Campeonato Nacional em 2017/18 e 2020/21, a Taça Continental em 2019 e 2021 (a cumprir castigo, Font não participou na conquista de 2021) e a máxima Liga Europeia em 2018/19, 2020/21 e, já como Champions League e às ordens de Alejandro Dominguez, em 2023/24.

Partida para o Barcelona

Há muito que se falava da ida de Ferran Font para o Barcelona. Era quase natural, praticamente inevitável: um dos melhores jogadores catalães no gigante catalão. À possibilidade de regressar à Catalunha, juntava-se o inegável valor para representar os blaugrana. Contra a partida - ou talvez também a favor... - somava alguma atitudes completamente desnecessárias em pista que, com o passar dos anos, criaram um estigma arbitral em Portugal: se Font caía, era simulação; se alguém caía ao pé de Font, era falta do catalão.

Tinha mais um ano de contrato com o Sporting, mas acordou a sua saída - como o estrangeiro com mais temporadas e mais títulos pelos leões - para, enfim, rumar a um Barcelona que já sabia que perderia João Rodrigues e Pau Bargalló. Assinou por três anos, até 2027.

Já jogador dos blaugrana, reencontrou no final do mês de Agosto o ex-colega Ângelo Girão. Na GoldenCat, Font, pela Catalunha, marcou um golo ao guardião português na vitória catalã da primeira fase. Mas Girão sorriu no fim, com a conquista do troféu. E talvez também por ser um dos escolhidos para o palco Mundial de Novara.

Ferran Font conquistou os campeonatos da Europa de 2018, às ordens de Alejandro Dominguez, e de 2021, já com Guillem Cabestany no comando técnico. Em 2022, o ex-treinador do Porto chamou Font para o Mundial de San Juan, e voltaria a chamá-lo para o Europeu de Sant Sadurní, em 2023, mas problemas físicos acabariam por afastar o atacante. Agora, por opção, ficou afastado da presença num terceiro Mundial consecutivo. E a Espanha até venceu, ao passo que o título mundial de Font vai ficando adiado...

Ainda com muito para dar, talvez na idade "prime", Ferran Font pode equilibrar a contenda do Barcelona com as principais equipas portuguesas pela Champions League. A prova máxima europeia escapa aos catalães desde 2018.

AMGRoller Compozito

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