Óquei de Barcelos foi o único a 'cantar de galo'
Pedro Alves dos Santos
O fecho da primeira volta da fase de grupos da Champions League abonou pouco ao apelidado e sobranceiro 'Melhor Campeonato do Mundo' e apenas o Óquei de Barcelos reclamou a vitória. Circunstancial ou um choque de realidade?
Não pode haver dúvidas. O principal campeonato português, o Campeonato Placard, é efectivamente o "Melhor Campeonato do Mundo", por mais sobranceira que seja a afirmação e o epíteto.
Sim, o Hóquei em Patins é um "mundo" pequeno, mas é uma verdade quase insofismável: várias equipas a competirem pelos troféus, os melhores jogadores do Mundo, os maiores orçamentos. Principalmente a parte organizativa, alheia aos clubes, leva a outra verdade, defendidas por muitos: ser o "melhor" não quer necessariamente dizer que é "bom".
E no desporto em geral, no Hóquei em Patins em particular, há favoritos, mas não há certezas quando o jogo começa. Ou não haveria Placard para patrocinar o campeonato. Esta quinta-feira, no fecho da primeira volta de uma fase de grupos da Champions League de 10 jornadas, foram a jogo cinco equipas do "Melhor Campeonato do Mundo". E só uma venceu.
À quinta ronda, foi a segunda jornada em que as equipas portuguesas não tiveram duelos entre si. Na 2ª jornada, Porto e Benfica venceram em França, Oliveirense e Óquei de Barcelos empataram com Liceo e Noia e o Valongo perdeu na recepção ao Trissino. Vai-se dizendo que apenas o Barcelona pode ombrear com os "tubarões" portugueses - e até pode ser verdade na maratona competitiva -, mas, desportivamente, em cada jogo, as outras equipas vão mostrando argumentos, nomeadamente tácticos, para desmontar as valias dos emblemas lusos.
Esta quinta-feira, o Óquei de Barcelos venceu em Saint-Omer por 2-5. Esperado, perante uma equipa de um campeonato secundário, que ainda não conquistara qualquer ponto. Mas registava-se um tangencial 2-3 ao intervalo, resultado com que o Porto reclamou os três pontos na mesma Salle des Sports du Brockus.
E mais nenhuma equipa do elitista campeonato português venceu.
O Benfica empatou a zero, na pista de um Liceo que soube fechar-se e teve Martí Serra inspirado entre os postes. Mas os encarnados também não conseguiram mostrar a pujança ofensiva e concretizadora de outras partidas. Já totalmente alheia a esse conceito de "pujança ofensiva e concretizadora" - é inusitadamente o pior ataque no Campeonato Placard -, a Oliveirense empatou a um na recepção a um Trissino que, sem Giulio Cocco, pareceu contente com o empate.
Pior fizeram Valongo e, principalmente, Porto. O Valongo, no mesmo Grupo B dos "empatas" Benfica e Oliveirense, perdeu na pista do Quévert por 5-4. Os gauleses, tal como o Saint-Omer, não tinham qualquer ponto conquistado, mas, na sua casa, já tinham afastado o Tomar desta fase de grupos. Já os dragões, campeões nacionais, voltaram a claudicar na Catalunha. Depois da derrota em Sant Sadurní, perderam agora em Reus por 5-2, num resultado que até pode pecar por escasso.
No Grupo A, sem Rafa - urge uma reacção táctica à saída do internacional português - e perante a apatia defensiva (e não só) generalizada, valeu Xavi Maliàn a negar mais golos a um Reus que, sem grandes mudanças no plantel, sem investimentos avultados, se vai consolidando às ordens de Jordi Garcia.
Terá sido uma conjugação de resultados circunstancial e dificilmente alguém contestará favoritismo a Benfica, Porto, Óquei de Barcelos e Valongo a jogarem em casa na próxima quinta-feira frente aos mesmos adversários. E, no equilíbrio entre Trissino e Oliveirense, a vitória pode cair para qualquer um dos lados em Itália.
A médio prazo, perspectivando uns quartos-de-final para o qual avançam quatro das seis equipas de cada grupo, apenas o apuramento do Valongo estará em risco. E é possível - e provável - que as equipas portuguesas estejam em maioria na Final Four que é apontada a Matosinhos (numa decisão em Portugal pela sétima vez consecutiva) e que o título seja português como foi nas últimas duas edições, mas esta Champions League vai mostrando que ter unanimemente o melhor campeonato e unanimemente os melhores jogadores, não é necessariamente ter as melhores equipas para todos os desafios.
Pedro Alves dos Santos
Sábado, 11 de Janeiro de 2025, 13h54