Talento da 'prateleira' para a pista
Diogo Barata voltou aos eleitos do Porto face à ausência de Rafa. 'Encostado', como acontecera, por motivos diferentes, com Nicolia e Lamas no Benfica, tem, por infelicidade alheia, oportunidade de mostrar compromisso.
Alegadamente, o acordo de Diogo Barata com o Sporting para a próxima temporada, tinha deixado o internacional jovem português de 22 anos afastado das convocatórias. E, consta, até dos treinos.
De facto, depois de ter ido a jogo na recepção com o Tomar a 13 de Novembro, Barata não foi opção em cinco jogos para o Campeonato Placard, um para a Taça de Portugal e quatro para a Champions League, num total de 10 jogos em que a sua "vaga" foi ocupada pelo (muito) jovem Tomás Santos.
No derradeiro desses jogos para o campeonato, em Valongo, Rafa lesionou-se com poucos minutos decorridos. O prognóstico de uma clavícula partida levou a uma intervenção cirúrgica com um tempo de recuperação previsto de três meses.
A rodar a seis no que restava dessa partida, culminada com derrota por 4-2, Ricardo Ares precisava de reforços para o fecho da primeira volta da fase de grupos da Champions League. O jogo em Reus era importante.
Diogo Barata viajou com a equipa e foi a jogo. Mais do que isso, foi o mais inconformado e até marcou o primeiro tento dos azuis e brancos. Ainda que o golo fosse insuficiente para evitar mais uma derrota, Barata mostrou que, independentemente do seu futuro, o seu presente é, com todo o foco, o Futebol Clube do Porto.
Este domingo, para a Taça de Portugal, não se anteviam dificuldades na pista do CENAP, da III Divisão, mas Diogo Barata voltou a merecer a chamada de Ricardo Ares, seguramente satisfeito com o reverter de uma decisão que fora alegadamente directiva. Marcou dois dos 19 golos dos dragões.
A suspensão não é inédita no Porto. Em 2021, em plenas meias-finais do play-off, Poka, comprometido com o Benfica, foi suspenso após o terceiro jogo e não voltou a alinhar de dragão ao peito. Com menos uma opção, sendo chamado o júnior Zé Miguel, Guillem Cabestany levou o Porto à final, mas não evitou a derrota com o Sporting.
Casos no Benfica
No rival maior na modalidade, há dois casos recentes de jogadores "afastados", ainda que houvesse rodeios nas justificações dos treinadores, que regressaram - e se mostraram - por infortúnios alheios.
Em 2021, Carlos Nicolia foi colocado na "prateleira" por Alejandro Dominguez, ficando ausente das convocatórias durante 50 dias. "Opção", referia o técnico de Buenos Aires, promovendo o regresso do jogador de San Juan após a lesão de Miguel Vieira.
O Benfica ficou pelas meias-finais, na tal série em que Poka foi afastado, e, no braço de ferro entre Nicolia e Dominguez, o jogador levou a melhor num defeso quente.
Saiu Dominguez, chegou Nuno Resende, que também teve, ainda que com motivação diferente, um caso similar para lidar. Em 2023, Edu Lamas acabava contrato e, sem que as águias mostrassem interesse na sua continuidade, fez-se à vida. Comprometeu-se com o Porto e, depois de uma exibição colectiva menos feliz frente aos dragões na Liga Europeia, os adeptos "cobraram" o seu afastamento.
Lamas estaria fora das convocatórias mais de um mês, regressando para o terceiro jogo da final após lesão de Pablo Álvarez, sendo particularmente importante pela sua dimensão defensiva no triunfo no quarto jogo, por 1-3, no João Rocha, que permitiu às águias erguerem o primeiro - e, para já, o único - título de campeão desde 2016.
Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2025, 13h09