Matías Platero com um doloroso 'adeus'
Matías Platero vai pendurar os patins no final da época, num cenário que se ia adivinhando. O jogador acalentava esperanças de continuar a jogar, mas foi traído por um problema nas ancas que o tem afastado das opções de Edo Bosch.

Matías Platero vai pendurar definitivamente os patins no final desta temporada.
O internacional argentino, campeão do Mundo em 2015 e 2022, despediu-se da selecção em Novara, antes de iniciar a derradeira temporada do contrato que o liga aos leões. Mais do uma disputa para entrar nos 10 de Edo Bosch, havia uma discussão para ser um dos cinco - entre seis - não seleccionáveis a ir a jogo.
Cerrou os dentes e foi à luta. Como foi sempre, em toda a sua carreira. E apesar das dores.
Com 36 anos feitos em Outubro, no dia 17 como o número que leva nas costas, a época foi complicada. Um problema nas ancas foi-se agravando. Esteve em apenas nove jogos da fase regular do Campeonato Placard, participou ainda foi a Igualada na segunda mão dos quartos-de-final, mas - apesar de ter feito parte da caminhada, na "etapa" da Póvoa - já não esteve na Final Four da Taça de Portugal, conquistada pelo Sporting.
O último jogo a que foi chamado foi em Viana, a 12 de Março. Em finais de Abril, quando os leões partiram rumo a Famalicão, a viagem já era insuportável. Os médicos queriam operar já. Mas Platero, com o recém-nascido Rodri, irmão mais novo do ainda pequeno Matteo (ambos portugueses), "empurrou" a intervenção - com colocação de próteses em ambas as ancas - para Setembro.
Depois da época acabar. Depois de terminada uma bela carreira.

Percurso de conquistas
Matias Platero chegou, do outro lado do Atlântico, a Reus antes de completar 19 anos. Era muito jovem. "Mestre" Figueroa fez dele campeão europeu na segunda temporada, mas, na sua juventude, regressou ao Concepción. Volta à Europa por Itália, representando Lodi e Valdagno. Em 2014, regressava ao "seu" Reus para um trajecto de três anos que culminou na conquista da Champions League, então Liga Europeia, em Lleida.
Era um lutador, uma autêntica "carraça" para os atacantes contrários, um daqueles que preferia quebrar que torcer. E, por esta altura, era o jogador mais cobiçado num campeonato português que caminhava a passos largos para ser o "melhor campeonato do Mundo". Com as notícias que circulavam em Portugal, de Benfica e Sporting no seu encalce, o HóqueiPT puxou o assunto.
Tímido, discreto, totalmente o oposto da imagem de um quase lutador de rua que deixava em pista, falou-nos sobre as propostas. Estava consciente que a cláusula - falava-se de 50 mil euros - era "demasiado" alta e estava disposto a esperar um ano, quando terminaria contrato, para rumar a Portugal. Perdemo-nos na conversa, e Platero quase perdia o autocarro para a festa.
Já no jantar de celebração dos "roiginègre", Matias, distante das efusivas celebrações, mantinha-se pacato na mesa. Longe dos demais ouvidos, partilhava a insistência de Paulo Freitas. O Benfica preferia esperar que o jogador ficasse livre. O Sporting, e Bruno de Carvalho, não. A rescisão terá ficado por 41 mil euros. Talvez uma loucura na altura. Provavelmente irrisório para alguns ordenados de hoje. Até porque, mais do que um custo, foi um investimento com retorno.
Mudando-se para Lisboa no Verão de 2017, Matias Platero conquistou o Campeonato Nacional no primeiro ano. E a Champions League no segundo. E, após a pandemia, o Campeonato e a Champions na mesma época. Voltou a conquistar a mais importante prova europeia, pela quinta vez na sua carreira e pela terceira vez de leão ao peito, em 2024. Nesta época, a oitava no Sporting, já conta uma Taça. E, ajudando sempre que é possível, ainda pode voltar a ser campeão.
Terça-feira, 27 de Maio de 2025, 18h01