«Nunca questionei qualquer convocatória, mas esta tenho de questionar»
Presente em sete das últimas 11 grandes competições de selecções, Pedro Henriques confessou em entrevista de balanço à BTV que não entende a sua não chamada ao Europeu, depois de uma época que considera, individualmente, das melhores de sempre.

Em entrevista de balanço de temporada à Benfica TV, o guarda-redes e capitão do Benfica, Pedro Henriques, lamentou a quebra na fase das decisões, depois de uma grande temporada de um “superplantel” até Abril.
No Benfica desde 2004, o jogador que completa 35 anos em Setembro vai para a sua 20ª temporada de águia ao peito, com "intervalos" de um ano no Parede, ainda júnior, e um ano no Reus, quando se tornou o primeiro jogador português a conseguir vencer três vezes a principal prova europeia de clubes, então Liga Europeia.
Esta época, as águias tiveram a terceira defesa menos batida da fase regular do Campeonato Placard com 55 golos sofridos, apenas aquém dos 51 de Sporting e 53 de Porto, e a menos batida da fase de grupos da Champions League.
Instado a uma análise individual, remete para um “fenómeno coletivo”, destacando nove jogos sem golos sofridos. “Penso que nesta época, a nível individual, consegui superar as minhas expectativas”, confessa, salvaguardando que “se os objetivos coletivos falham, obviamente que a nível individual há algo que temos de conseguir fazer melhor para ajudar o coletivo”.
Ainda assim, na insistência da pergunta, qualifica a temporada. "Eu diria que se atentarmos aos números, se tomarmos atenção à performance a nível físico, a nível de estabilidade, a nível até mesmo da disciplina, eu diria que sim, que foi uma das melhores", analisa. E, também por isso, fico o amargo da não chamada à selecção nacional.

Finda a época, Paulo Freitas deixou Pedro Henriques fora dos convocados para o Campeonato da Europa, que decorre de 1 a 6 de Setembro em Paredes. "O tema da Seleção é algo que não é novo. Tenho 34 anos. Ao longo da minha carreira, fui a vários Mundiais, Europeus, Torneios de Montreux, de forma interrompida. Portanto, eu já passei por este processo várias vezes, e tenho de confessar que nunca questionei qualquer convocatória. Sempre respeitei as decisões técnicas dos diversos seleccionadores, mas esta tenho de questionar. Sou obrigado a isso”, reclama o capitão das águias.
Pedro Henriques estreou-se pela selecção principal numa grande competição em 2013, no Campeonato do Mundo de Angola. Seguiram-se presenças nos Mundiais de 2015 e 2017, nos Europeus de 2018 e 2021, em novo Mundial em 2022 e no Campeonato da Europa de 2023.
Neste último, em Sant Sadurní, dividiu a baliza com Xano Edo, quando Girão abdicou da participação. O ex-guarda-redes do Sporting regressou no Mundial de 2024, ficando Pedro de fora, e talvez aí se justificasse mais um comunicado com questões do Benfica do que propriamente agora a atacar a convocatória.
Pedro desmistifica alguns ruídos de bastidores.
“Paira no ar um conjunto de ideias de que o Pedro Henriques rejeitou ir à Selecção. É falso. Nunca, em contexto algum, formal ou informalmente, manifestei a intenção de não ir à Selecção. Até pelo contrário. No início desta época, eu defini, juntamente com o Benfica, em cima da mesa, o objectivo pessoal de querer representar a Selecção e de ir ao Europeu em 2025. Portanto, trabalhei diariamente, arduamente, e acho que, no final da época, seria natural, justo, e compreensível a minha presença”, esclareceu.
“Também paira no ar a ideia de que o Pedro Henriques não ia à Selecção se não fosse titular, o que também é falso. Nunca, na minha carreira, impus condições ou termos relacionados com titularidades, ou com minutos de jogo, porque foram esses os valores que aprendi nesta casa, desde muito jovem. Portanto, é completamente falso”, reforçou.
“E, nomeadamente, quem considera possíveis atritos pessoais entre o seleccionador e o atleta, também é importante frisar que o treinador Paulo Freitas nunca treinou o atleta Pedro Henriques. Portanto, aqui, o ex-treinador do Sporting Clube de Portugal e, alegadamente, futuro treinador do Futebol Clube do Porto competiu, sim, muitas vezes contra o Pedro Henriques. Portanto, não creio, de forma alguma, - não posso nunca acreditar -, que este contexto clubístico do passado e do futuro possa ter contribuído para a formalização desta convocatória. Não faz qualquer sentido", explicou.

Mesmo fora dos eleitos, Pedro Henriques garante que estará a torcer pelo sucesso da selecção das quinas. “Já tive alguns anos em que não fui convocado. A minha postura foi sempre a mesma, de apoiar a Selecção. Tenho de reconhecer que tanto o Xano Edo como o Guga Bento são guarda-redes de elevada qualidade. Tenho a certeza absoluta de que farão parte, durante muitos anos, durante a próxima geração, da elite dos guarda-redes portugueses de Hóquei em Patins. Desejo profundamente que estejam a um grande nível e que ajudem Portugal a ser campeão europeu", afirmou.
Sexta-feira, 18 de Julho de 2025, 11h34