Benfica vence muralha italiana
Recorte (editado): O JogoO Benfica recebeu e venceu o Bassano por 9-6, garantindo o apuramento para os quartos-de-final da Liga Europeia.
A tradição defensiva dos italianos do desporto ficou popularizada no “catenaccio” do futebol. No hóquei, é o quadrado que dá cabo dos nervos aos adversários.
Face às lesões de Filippo Dal Monte e Andrea Bocatto, o banco do Bassano só tinha o guarda-redes Bruno Sgaria, Alessandro Toniolo, de apenas 16 anos, e Massimo Tataranni.
O primeiro minuto na Luz foi alucinante. O Bassano abriu o marcador na primeira acção de jogo por Samuel Amato aos 11 segundos. Aos 24 Nicolía empatou. E aos 54, Jordi Adroher colocou os encarnados na frente. Parecia então reposta uma teórica normalidade, com tempo para respirar… Mas pouco. Aos dois minutos e meio, Emanuel Garcia fez de grande penalidade o 2-2.
A partida acalmou então um pouco e o quadrado italiano fechou-se definitivamente à frente de Mauro Dal Monte. O Benfica era paciente no ataque, ensaiando pontualmente a meia distância para forçar as linhas contrárias a subirem. Mas os italianos estavam determinados e a grande área de Dal Monte delimitava a sua acção.
A estratégia abnegada dava os seus frutos. O Benfica não marcava e era surpreendido nos contra-ataques, em particular dos argentinos Gimenez e Garcia. Nicolía fez o 3-2 mas, com os encarnados a procurarem dilatar a vantagem, o Bassano era eficaz. Foi a tónica da partida.
Emanuel Garcia restabeleceu a igualdade a três, valendo novo golo de Nicolía aos encarnados para recolherem aos balneários em vantagem por 4-3. Uma vantagem mínima e ingrata para tanta posse de bola e remates à baliza.
No arranque da segunda parte – mas não tão cedo como na primeira – Marc Torra deu a primeira vantagem de dois golos ao Benfica. Não durou (Gimenez reduziu minuto e meio volvido) mas, na alternância de golos que ia acontecendo, deixava os encarnados definitivamente na frente. Tiago Rafael e Dário Gimenez marcaram e deixaram tudo na mesma, mas com 6-5 no marcador.
No jogo do gato e do rato, no ora marcas tu, ora marco eu, os italianos conseguiam impacientar a equipa portuguesa. Quando Diogo Rafael fez - exactamente a meio da etapa complementar - o 7-5, festejou efusivamente nova vantagem de dois golos, quase como que sabendo que seria também ele a fazer o decisivo 8-5. A vantagem de três golos a pouco mais de quatro minutos do apito final parecia mais do que suficiente mas, num impressionante último fôlego, os italianos saíram da “caixa” e foram para a frente.
A minuto e meio, este Bassano diferente reduziu pelo mesmo Gimenez para 8-6 e, segundos depois, teve oportunidade de reduzir de livre directo por azul a Diogo Rafael. Mas o livre directo foi anulado por um dos árbitros pela saída dos jogadores italianos da sua área (irónico, não?) antes de ser dada ordem de marcação…
A três segundos do fim, Marc Torra assinou o 9-6 final.
No final da partida, Pedro Nunes reconheceu dificuldades no ataque ao quadrado pese os encarnados já terem “atacado” o sistema na deslocação a Bassano. O treinador enfatizou o cumprimento de um dos objectivos – assegurar a presença nos quartos – sendo que o principal – passar em primeiro - pode ser garantido na próxima jornada em Vic.
Pino Marzella, treinador do Bassano, estava conformado com o resultado. Sabendo que era difícil e condicionado pelas ausências, apostou numa estratégia “feia” (como Emanuel Garcia descreveria depois) mas que quase dava frutos. O argentino Emanuel Garcia, que se notabilizou ao serviço do FC Porto e não descarta a possibilidade de regressar a Portugal, elogiou a sua equipa pese o tal jogo “feio” mas que acaba por fazer parte do hóquei em patins… Ainda matematicamente possível, o apuramento do Bassano fica dependente de um milagre, muito por força da derrota por 8-0 em Vic na primeira volta.
Panorama
No outro jogo do Grupo B, o Vic venceu tranquilamente o Merignac por 9-0 e mesmo que perca com o Benfica, teria de perder por mais de oito golos em Itália para “conseguir” ficar fora dos quartos-de-final. Na próxima jornada, uma vitória encarnada na Catalunha garante à equipa de Pedro Nunes o ambicionado primeiro lugar do grupo.
O vencedor do Grupo B irá cruzar nos quartos com o segundo classificado do Grupo C, onde as contas ficaram mais complicadas para os portugueses do Valongo. A equipa de Paulo Pereira deu uma excelente réplica em Itália frente ao Forte dei Marmi, claudicando pela diferença mínima num jogo de muitos golos. 8-7 foi o resultado que deixa os valonguenses a fazer contas. O Vendrell venceu por 8-4 na recepção ao Quevert e caso vença o Forte na próxima ronda – na Catalunha – garante o apuramento. O Valongo tem de esperar uma derrota catalã, vencer em França e voltar a vencer na última ronda quando receber o Vendrell.
No Grupo A, o Porto venceu o Barcelona por 1-2 e carimbou o primeiro lugar do grupo. No outro jogo, o Breganze venceu o Iserlohn por 7-2 e os italianos acalentam ainda esperanças de apuramento. Para tal, têm de vencer o Barcelona na próxima ronda e na última jornada conseguir um resultado idêntico ao que os blaugrana conseguirem no Palau. Mas nesse derradeiro episódio da fase de grupos, o Barça recebe o frágil Iserlohn e o Breganze desloca-se ao Dragão Caixa…
O Grupo A cruza nos quartos com o Grupo D, onde ainda tudo está em aberto. Certo está apenas que o Basel, com quatro derrotas em quatro jogos, não segue em frente. De resto, o Viareggio, que venceu os suíços por 4-6, está a três pontos dos dois primeiros e defronta-os nas próximas duas jornadas. Primeiro recebe o Liceo e depois desloca-se a Oliveira de Azeméis para medir forças com a Oliveirense. Espanhóis e portugueses defrontaram-se nesta ronda na Catalunha, com a vitória a sorrir aos pupilos de Carlos Gil por 5-3. Empatados no confronto directo e com a mesma diferença de golos global (+7), os galegos saltaram para a frente pelo coeficiente entre tentos marcados e consentidos. Nas duas últimas rondas, todos os golos contarão.
A próxima jornada da Liga Europeia tem lugar a 16 de Janeiro.
Domingo, 13 de Dezembro de 2015, 23h