Debacle blaugrana e alerta ao Hóquei espanhol

Debacle blaugrana e alerta ao Hóquei espanhol

A pesada derrota do Barcelona foi o culminar de um fim-de-semana de pesadelo, raro nos blaugrana e nas equipas espanholas, que, pela primeira vez, falham a decisão. E é apenas a segunda ocasião em que o Barcelona não marca presença. #LigaEuropeia

A Liga Europeia arrancou em 1996, num projecto tão ambicioso - com as devidas distâncias temporais - como agora a EHCA preconiza. Da Taça dos Campeões Europeus, com os campeões nacionais, passava-se a uma prova em que estavam representadas várias equipas de cada país, privilegiando as potências da modalidade, num modelo que trazia mais competitividade.

No entanto, a supremacia do Barcelona é clara nos números. Os catalães, em 23 edições da Liga Europeia, conquistaram 12 dos seus 22 troféus. Agora, e apenas pela segunda vez na sua história, não estarão no momento da decisão.

Em 2005, ainda com uma necessária eliminatória antes da fase de grupos, o Barcelona foi afastado prematuramente, por um grupo que acabaria por se sagrar campeão europeu. Os primeiros - e únicos - campeões europeus italianos. O Follonica, com os portugueses Guilherme Silva e Sérgio Silva (e de outras referências da modalidade) perdeu na primeira mão, no Palau, por 3-1, mas viraria a eliminatória em Itália, com um triunfo por 4-1.

Antes e depois, o Barcelona esteve sempre no evento da decisão. Apenas em 2009 e 2011 é que não chegou às meias-finais, caindo nos "quartos", mas as provas que tiveram lugar em Bassano e Andorra foram decididas em Final Eight, e os blaugrana disseram presentes.

Outro aspecto do debacle blaugrana, são os números da derrota que ditaram o afastamento. Em 209 jogos na Liga Europeia (com 1074 golos marcados e 391 sofridos), o Barcelona só perdeu 19 em tempo útil de jogo. Desses, 12 foram pela margem mínima. Por quatro golos ou mais, como no 6-2 do Benfica este domingo, o Barcelona só perdeu outras duas vezes.

Também por 6-2, os blaugrana cederam na fase de grupos da edição 2013/14 frente ao Porto. Mas viriam a sagrar-se campeões europeus. Pior, foi mesmo em 1998. Então, um super-Igualada venceu o Barcelona por inusitados 8-1 nas meias-finais numa Final Four disputada em Vercelli.

Ausência inédita da Espanha

Já com Noia, Reus e Liceo fora da Final Four, a vitória do Benfica sobre o Barcelona selou uma inédita decisão sem equipas espanholas.

Pese o equilíbrio no duelo ibérico a nível de selecções, as equipas espanholas sempre tiveram mais sucesso nas provas europeias, em particular na maior delas, a Liga Europeia ou a percursora Taça dos Campeões Europeus. Em 54 edições concluídas, as equipas espanholas lograram 46 triunfos (22 do Barcelona...), ao passo que as portuguesas conseguiram sete (e três na última década) e as italianas apenas uma.

Passando pelos diferentes modelos da Liga Europeia, com decisões em Final Eight, Final Six e a mais comum Final Four, Portugal colocara até à presente edição 35 vezes equipas na decisão, contra 54 de Espanha e 17 de Itália.

Neste apuramento, também ele definido de forma inédita, a Espanha fica fora da decisão pela primeira vez na história da Liga Europeia, que chegou a ser totalmente espanhola em 2008, com Liceo, Reus, Vic e o Barcelona. Seria o único ano - até agora - com monopólio total de uma nação.

No apuramento para a Final Four, o ascendente das equipas portuguesas foi gritante. Numa classificação geral fictícia, seguindo os critérios que serviram para apurar o segundo melhor, as cinco equipas lusas ficaram todas à frente das suas congéneres espanholas.

De resto, nos nove jogos realizados, nenhuma equipa portuguesa perdeu. E nenhuma equipa espanhola ganhou. Barcelona e Liceo empataram entre si, ao passo que o Noia foi o único a roubar pontos aos portugueses, com um empate a cinco frente ao Óquei de Barcelos.

A diferença, não só nos números como no jogo jogado, levantou bandeiras em Espanha. O competitivo campeonato português eleva a capacidade das suas equipas, como no passado o mais competitivo campeonato espanhol - ainda que quase invariavelmente com o Barcelona campeão - também tornava as suas equipas mais fortes.

Pela primeira vez na história da competição, mesmo incluindo a Taça dos Campeões Europeus anterior a 1996, Portugal já tem a certeza que garantirá o título em duas edições consecutivas. Nas meias-finais, o Porto defronta a Oliveirense e o Benfica tem pela frente o Sporting, que defende o título conquistado em 2019, a última edição concluída.

AMGRoller

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