O campeonato suíço visto de trás da máscara
Por Carlos Silva

#ABOUT Carlos Silva chegou à Suíça em 2014 e sagrou-se campeão nacional pelo Basel logo na primeira temporada. Esta época, o guarda-redes internacional português rumou ao Diessbach que lidera a fase regular com um registo perfeito de oito vitórias e a defesa menos batida, vertente do jogo em que é determinante.
O campeonato suíço é composto por 10 equipas, que jogam uma fase regular de duas voltas (18 jogos), em que os oito primeiros classificados se apuram para o play-off. Este ano, a final será jogada pela primeira vez em campo neutro, em apenas um jogo.
A Liga está bastante equilibrada, na minha opinião muito por culpa da saída dos portugueses que foram campeões no Basel para outros clubes.
No campeonato suíço não há empates. Em caso de igualdade no fim dos 50 minutos, o jogo segue para prolongamento com golo de ouro (e penaltis, se necessário), com o vencedor a somar dois pontos e o derrotado apenas um.
O Tiago Sousa regressou a Montreux, o Rui Ribeiro e o André Pereira reforçaram o Uttigen e eu fui para Diessbach. Isso fez com que estas equipas se aproximassem em termos qualitativos de Basel e Genève, as duas equipas que dominaram a Liga na pretérita temporada.

De destacar também o número de estrangeiros que adicionam qualidade ao campeonato, com destaque para os portugueses Sebastian Silva, Luis Coelho, Flávio Silva e Pedro Alves (este último como treinador) no Genève, Tiago Sousa no Montreux, Carlos Silva e César Torres no Diessbach, André Pereira e Rui Ribeiro no Uttigen, Pedro Costa no Wimmis e Ricardo Figueiredo e José Marinho no Uri.
Há claramente uma divisão pela metade, com cinco equipas candidatas ao título - Basel, Genève, Diessbach, Montreux e Uttigen -, e outra metade que luta pelo acesso ao play-off e pela fuga à despromoção, onde se contam Wimmis, Biasca, Uri, Vordemwald e Weil.

Por incrível que pareça, não consigo dizer quantas jornadas já foram disputadas até ao momento. Há equipas com sete, oito, nove e até dez jogos já realizados.
A tabela é liderada por Diessbach e por Montreux, ambos com 21 pontos, mas com vantagem para nós, Diessbach, por termos menos três jogos disputados (temos sete e eles 10), e também por termos vencido o Montreux em casa.
Entretanto já se disputaram três jogos em 2016, com o Diessbach a vencer esta quarta-feira o Uttigen por 3-1. A equipa de Carlos Silva soma agora 24 pontos, com oito vitórias em outros tantos jogos.
O terceiro classificado é o Genève, com 16 pontos (oito jogos), seguido pelo Basel, com 14 pontos em sete jogos, e pelo Uttigen, que tem 11 pontos em oito jogos.
Daí para baixo, a luta pelo acesso aos play-off está em aberto, com o sexto classificado, o Wimmis, e o último, o Weil, separados por apenas quatro pontos, sendo que os alemães do Weil têm um jogo a menos.

No meu ponto de vista, a surpresa desta época está a ser o Wimmis. É uma equipa bastante jovem, que está a apenas um ponto do quinto lugar. Esta época conta com um reforço de peso na baliza, Pedro Costa, e em casa cria muitas dificuldades. O Montreux e o Basel apenas os venceram no prolongamento, perdendo ambos um ponto, o Uttigen saiu de lá goleado e nós vencemos com muitas dificuldades, por 0-2.
A desilusão, quanto a mim, está a ser o Weil, equipa alemã de Weil am Rhein, cidade que faz fronteira com Basel. Disputam o campeonato suíço devido à maior proximidade com a Suíça do que com as cidades alemãs onde se joga hóquei. A mais próxima na Alemanha é Darmstadt, que fica a 300 km.
O Montreux tem o melhor ataque com 48 golos, mais seis que o Diessbach. Na equipa menos batida, a vantagem – abismal - é para o Diessbach, com apenas 12 golos consentidos contra os 26 do Montreux.
O Weil, que conta com dois jogadores espanhóis e um internacional suíço, está em último, muito por culpa da ausência prolongada do seu principal guarda redes, Daniel Dietrich, que regressou há apenas um mês. E os resultados da equipa começaram a melhorar. Acredito que a partir de agora comecem a subir e cheguem mesmo ao play-off.
O cinco ideal
Um cinco ideal é algo que para já não é fácil de definir mas, pelos adversários que enfrentei até agora, posso apontar o seguinte:
Sebastian Silva (gr, Genève) - Faz a diferença na baliza e tem garantido vitórias importantes da sua equipa, como em Uttigen e em Basel.
Federico Garcia Mendez (Genève) - É um jogador com uma grande capacidade técnica e de patinagem. É claramente o motor da sua equipa, o jogador de cria desequilíbrios e que decide jogos

Pascal Kissling (Diessbach) - É o capitão da selecção da Suíça e o nosso treinador-jogador. É um jogador com uma boa patinagem e com um remate potente, que esta época tem decidido e desbloqueado jogos nos momentos certos. Neste momento é o segundo melhor marcador do campeonato, com menos dois golos do que o Tiago Sousa, mas também com menos dois jogos realizados do que o Tiago.
Tiago Sousa (Montreux) - É o melhor marcador do campeonato e é claramente um grande reforço para a sua equipa. Muito forte tecnicamente, é um desequilibrador e um finalizador. Teve o infortúnio de se lesionar em Dezembro, o que o vai obrigar a uma longa paragem, mas é um jogador que ainda vai ajudar muito a sua equipa nesta temporada.

Rui Ribeiro (Uttigen) - Está a fazer uma boa época em Uttigen, marcando golos e decidindo jogos.
A estes jogadores, poderia juntar muitos outros, como o Pedro Costa (Wimmis), David Carles (Diessbach), André Pereira (Uttigen), Adrián Bo (Montreux) ou Luís Coelho (Genève), todos jogadores de qualidade, que têm feito a diferença nas suas equipas.
A época do Diessbach
Relativamente à minha equipa, o Diessbach, a época está a correr acima de todas as melhores expectativas. Lideramos o campeonato invictos, com sete vitórias em sete jogos [nde: agora oito em oito] e estamos na Final-4 da Taça da Suíça, que será disputada no nosso pavilhão no dia 31 de Janeiro. De resto, Janeiro será um mês de grande intensidade, pois recebemos o Uttigen já na próxima quarta-feira, dia 13 [nde: o Diessbach venceu por 3-1], e vamos a Basel no dia 23, fechando assim a primeira volta campeonato com dois jogos de elevado grau de dificuldade.

Na Final-4 da Taça, defrontamos o Montreux numa das meias-finais, enquanto a outra meia-final opõe o Basel ao Genève. As aspirações da equipa passam por vencer a Taça já daqui a três semanas, manter o nosso nível exibicional e chegar ao play-off fortes, de forma a conseguirmos chegar à final.
O clube tem a ambição de voltar a ser campeão, depois de o ser em 2013. E também eu quero sê-lo pelo segundo ano consecutivo.
Carlos Silva
Sexta-feira, 15 de Janeiro de 2016, 9h39