Concepción complicou, mas final é Europeia
Benfica e Reus disputam este sábado a Taça Intercontinental, buscando ambas as equipas a segunda conquista na prova.
O apuramento do Benfica foi... natural.
Sem forçarem, e sendo mesmo por vezes displicentes, os jogadores do Benfica jogaram "qb" para estarem presentes na final. Terá pesado o claro favoritismo, mas também a necessidade de gerir esforço, tendo esta meia-final sido disputada menos de 48h após um exigente jogo no Campeonato Nacional.
Os argentinos marcaram primeiro por Exequiel Tamborindegui - aos dois minutos, no primeiro remate da partida - fazendo levantar o sobrolho em dúvida a algum do público presente, necessariamente desconhecedor do que esta equipa sul-americana poderia fazer.
Mas, mesmo sem forçar, o Benfica virou o resultado, chegando ao 1-3 aos nove minutos, com um bis de Nicolia depois de Miguel Rocha - que foi titular - ter restabelecido a igualdade. O Andes reduziu, João Rodrigues fez o 2-4 e ao intervalo até se registava a diferença mínima no marcador, com Exequiel a bisar no derradeiro minuto da primeira parte. Mas, se o marcador até podia dizer o contrário, havia pouca margem de incerteza quanto ao desfecho...
O jogo, com alguns momentos em que foi mesmo pautado pelo aborrecimento (a que não ajudou o pouco público presente), foi mais rápido na segunda parte. Nicolia consumou um hat-trick, respondendo o ex-colega Carlos López - que esteve na vitória encarnada da Intercontinental em 2013 - num livre directo com um fabuloso gesto técnico.
Apesar de largos 17 minutos ainda para jogar, o Benfica predispôs-se a terminar com a discussão e, com dois golos de Diogo Rafael, arrumou a questão a nove minutos do apito final, com o 4-7 que já não sofreria alterações.
O apuramento do Benfica para a final estava consumado, num jogo sem grande exigência física ou táctica, talvez o que fosse desejado pelos encarnados. O Andes ainda desperdiçou duas grandes penalidades e um livre directo, cuja sequência é que não estava definitivamente nos planos.
A velocidade que leva Diogo Rafael a ser quase sempre o primeiro a chegar após um livre directo falhado levou-o contra a baliza à guarda de Guillem Trabal. A baliza não ficou em bom estado - teve de ser substituída para a segunda meia-final - mas Diogo ainda ficou pior... De testa aberta, o internacional português foi assistido em pista durante largos minutos e seguiria mesmo para o hospital, ficando em dúvida para a final. No entanto, Pedro Nunes confessaria que confia na teimosia e vontade do universal em jogar...
Bem mais árdua foi a tarefa do Réus.
Os vigentes campeões da Europa encontraram um Concepción bem rotinado e com excelentes executantes, com David Páez a mostrar que, aos 42 anos, a classe está toda lá... e o ex-capitão do Barcelona inaugurou o marcador, aos oito minutos, dando o mote para uma primeira parte que os argentinos terminaram a vencer por 0-3. Disciplinados defensivamente, nem a perda temporária (regressaria na segunda parte) do guarda-redes titular Constantino Acevedo, bem substituído por Daniel Kenan, os perturbou.
A segunda parte foi diferente. O Reus entrou "com tudo" e em minuto e meio - com golos de Marin e Torra - reduzia para a diferença mínima. Parecia que a resistência sul-americana terminara, e a reviravolta seria uma questão de tempo. Mas não foi assim.
O Concepción mostrou que a exibição da primeira parte não se deveu apenas à ineficácia contrária, mas que teve muito mérito próprio. E aos 10 minutos, o habilidoso Mauro Giuliani fazia o 2-4.
O Reus voltava a ter de correr. Ainda que a clarividência parecesse muitas vezes toldada pela "obrigação" de vencer perante o seu público, os "rojinegros" de Jordi Garcia lograriam chegar ao empate com dois golos de Alex Rodriguez a três minutos do derradeiro apito do tempo regulamentar.
Apesar de não hesitar em lançar os seus jogadores mais jovens, Miguel Belbruno via a sua equipa a acusar o desgaste numa partida intensa como não terá tido muitas. O Reus, apesar de curto de banco (apenas com duas reais soluções), assumiu naturalmente a vontade de resolver no prolongamento. Na primeira parte, o anfitrião esteve perto do golo - que já não seria de ouro - de grande penalidade, mas o contundido Acevedo defendeu o remate de Torra. Na segunda parte, a história escreveu-se aos dois minutos, a três das grandes penalidades.
David Páez viu azul por falta e Maturano por protestos contra a decisão de Luís Peixoto e Paulo Rainha. A contestação subiu de tom e David Páez veria o vermelho por atirar água para a mesa, hipotecando de vez as hipóteses da sua equipa.
Raul Marin fez o 5-4 de livre directo e, aproveitando a vantagem numérica, Salvat fez o 6-4. Mauro Giuliani ainda reduziu na sequência de azul mostrado a Casanovas relançando alguma incerteza, mas, com 14 faltas, o Concepción não tinha muita margem de manobra. A 15ª permitiu o 7-5 a Raul Marin.
Reus e Benfica defrontam-se agora numa final inédita. Desde logo por se ir disputar entre duas equipas do mesmo continente.
Esta será a segunda final para ambas as equipas, tendo o Reus conquistado o título em 2010 e o Benfica em 2013. Em comum, Guillem Trabal.
Trabal
Do título conquistado pelo Reus, não há muitos nomes que cheguem a esta final. Do jogo - realizado neste mesmo pavilhão Olímpico - que terminou com a vitória por 4-1 sobre o Petroleros da Argentina, Continua como jogador nos "rojinegros" - saiu entretanto para a Oliveirense e voltou - Albert Casanovas. Jordi Garcia, que levantou o troféu como capitão, é agora o treinador. E Guillem Trabal rumou a Portugal... para vencer a sua segunda Intercontinental.
Quando Trabal deixou a Catalunha para se fixar em Lisboa, era já uma lenda das balizas. Acabado de chegar no defeso de 2013 - na altura em que Pedro Nunes assumiu o comando técnico dos encarnados -, ajudou o Benfica a conquistar a Taça Continental e depois a Intercontinental, frente aos brasileiros do Sport Recife (10-3). Ao contrário do Reus, até porque os três anos de diferença entre os títulos assim o impõem, o Benfica ainda mantém vários jogadores dessa conquista. Para além de Trabal, continuam Valter Neves, Diogo Rafael, João Rodrigues, Miguel Rocha e Pedro Henriques, agora apostados em "bisar".
A final da edição de 2017 da Taça Intercontinental realiza-se às 16h de Portugal continental e terá transmissão em directo na RTP2. O jogo será arbitrado pelo italiano Franco Ferrari e pelo francês Xavier Bleuzen.
Sábado, 16 de Dezembro de 2017, 10h03