Revista de 2017 - U a Z
Fotos de capa, WRG e "Voz": Federação de Patinagem de PortugalO caminho por 2017 chega ao fim com as derradeiras das 26 letras do alfabeto. De uma Oliveirense que teima em intrometer-se entre os três grandes, aos "zunzuns" sobre o mercado de transferências que nesta altura se tornam insistentes, passamos definitivamente a 2018, que há muito Hóquei em Patins de que desfrutar.
U, de União Desportiva Oliveirense
Ainda que bafejada pela alteração regulamentar, a Oliveirense conquistou em 2017 um ansiado título, no ponto alto de um investimento forte e consistente ao longo das últimas temporadas que a faz ombrear com os apelidados "três grandes".
Em 2015, Tó Neves regressou do Dragão com Caio, Ricardo Barreiros e Pedro Moreira, a que se juntaram João Souto e Carlos López. Com Albert Casanovas e Xevi Puigbi, que tinham chegado na temporada anterior, a equipa de Oliveira de Azeméis estreou-se em 2016 na final da mais importante prova europeia de clubes.
Não ganhou a prova, mas ganhou-lhe o gosto. Em 2017, com Nuno Araújo, Jepi Selva, Pablo Cancela e especialmente Jordi Bargalló, regressou à final, logrando afastar o Barcelona com um golo de ouro de Ricardo Barreiros. Mas cairia perante o Reus.
No Campeonato Nacional, a Oliveirense esteve na luta até às derradeiras jornadas, claudicando fisicamente. Novamente terceira no campeonato, apenas promoveu uma alteração, com a entrada de Jordi Burgaya e a saída do pouco utilizado Bruno Fernandes.
No arranque da nova temporada, conquistou a renovada Taça Continental. Depois de vencer o Óquei de Barcelos no prolongamento da meia-final, voltou a medir forças com o Reus. E, desta feita, venceu, por 7-4.
No entanto, o ano não fechou da melhor maneira para a equipa de Oliveira de Azeméis. Depois de um início de 2017 que culminou com a chegada ao primeiro lugar do Nacional (que não seguraria...), não conseguiu a vitória em nenhuma das derradeiras quatro partidas do ano. Perdeu frente ao Reus para a Liga Europeia e, apesar de seguir invicta no Campeonato Nacional, registou três empates que a deixam a seis pontos do líder Sporting.
V, de Voz
Habitualmente criticada pela falta de diálogo, a Federação de Patinagem de Portugal promoveu no arranque da nova temporada três dias de reuniões com os clubes.
Nos dias 11 de Novembro (III Divisão), 12 de Novembro (II) e 3 de Dezembro (I) houve debate de ideias, problemas e possíveis soluções, sendo que as reuniões ficaram marcadas pela pouca adesão dos principais interessados: os clubes.
Aberta a porta ao diálogo, a ausência dos clubes poderá explicar-se por as "coisas" afinal não estarem tão más como muitas vezes se "pintam" - com crítica fácil, mas pouco fundamentada - ou, pior, por haver um conformismo com a situação actual.
Na reunião da I Divisão marcaram presença quatro clubes - Benfica, Porto, Sporting e Turquel - sendo outros cinco representados pela Associação Nacional de Clubes. Entre outros, ter-se-à discutido um novo modelo competitivo, com a maioria dos clubes a pedir mais jogos e a darem como hipótese o regresso de uma segunda fase de apuramento de campeão com seis (ou oito) equipas, partindo estas com metade dos pontos conquistados na primeira fase.
Se a proposta é posta em prática, só mais 2018 adentro é que se saberá.
W, de World Roller Games
O ano de 2017 ficará para sempre marcado por uma nova celebração na Patinagem a nível mundial. A primeira edição dos "World Roller Games", ou espécie de Jogos Olímpicos para as diferentes disciplinas da modalidade, esteve originalmente para ser em Barcelona (onde se realizará a segunda edição, em 2019), mas acabou por ter lugar na China.
Integrando os diferentes campeonatos do Mundo da Patinagem, os World Roller Games compreenderam os mundiais de Sub-20 e de Seniores Femininos e Masculinos de Hóquei em Patins. A Espanha venceu em Seniores - em ambos os géneros - e Portugal, que em seniores masculinos regressou a uma final 14 anos depois e em femininos terminou em sétimo, conquistou o Mundial de "juniores" pela terceira vez consecutiva.
Às competições de Hóquei em Patins, os World Roller Games pouco acrescentaram... Num país sem tradição, as balizas foram improvisadas, as tabelas - seguras com sacos de terra que se abriam - não ficavam direitas e as portas de acesso à pista, não tinham fechadura, precisando de alguém a segurá-las durante todo o jogo.
As novidades para o futuro vieram com o modelo competitivo. Os títulos foram disputados a oito, com uma "primeira divisão" (o Campeonato do Mundo em si), uma "segunda" (a Taça FIRS) e, no caso da competição de seniores masculinos, ainda uma "terceira divisão", a Taça das Confederações.
O Mundial absoluto masculino contou com 22 equipas e uma variante que não agradou a todos. Da primeira fase, dividida em dois grupos, o último de cada grupo - França e Alemanha - não disputaria os quartos-de-final, substituídos pelos primeiros da dita "segunda divisão". Depois de uma primeira fase mais tranquila, Angola e Colômbia entraram assim no quadro principal na fase decisiva, logrando respectivamente os quinto e sexto lugares finais.
X, de Xavier Puigbi, Jordi Adroher e Jordi Burgaya
Contrariando o favoritismo que era apontado a Argentina e Portugal, o Campeonato do Mundo absoluto foi conquistado por uma renovada Espanha, liderada por Alejandro Dominguez. Desses dez campeões de Nanjing, três evoluem no campeonato português: Xavier Puigbi, Jordi Adroher e Jordi Burgaya.
Puigbi e Burgaya representam a Oliveirense. O guarda-redes, preterido no jogo da decisão por outro Xavier (Malian, do Liceo), chegou a Portugal em 2014 com Albert Casanovas - também agora campeão do Mundo, mas regressado a Espanha em 2016 - enquanto o jovem Burgaya, que já estivera em 2016 em Oliveira de Azeméis, mas para disputar o Europeu pela selecção do país vizinho, chegou neste defeso para competir no "Melhor Campeonato do Mundo".
Jordi Adroher chegou ao Benfica em 2015 e não tardou em impor-se. Logo na sua primeira época sagrou-se melhor marcador do Nacional, foi o mais votado por treinadores e capitães para o Cinco Ideal e conquistou o Campeonato e a Liga Europeia. Estranhou-se a não chamada em 2016 para o Europeu, regressando este ano à Armada espanhola para conquistar o Mundo.
Y, de YouTube
Aproveitando uma obrigatoriedade que impusera aos clubes da I Divisão, a Federação de Patinagem de Portugal deu em 2017 um passo em frente na aproximação do Hóquei em Patins aos adeptos.
As equipas visitadas estavam obrigadas a entregar a gravação dos seus jogos para disponibilização numa plataforma privada (com acessos restritos por clube), mas a FPP começou agora a torná-los públicos, através de um canal no serviço YouTube.
O canal - distinto do canal oficial federativo - conta actualmente com cerca de 300 subscritores e mais de 60 videos e distingue-se da espanhola OK Liga TV - a que não têm faltado críticas - em três aspectos fundamentais: a produção é da responsabilidade dos clubes (e não de uma empresa dedicada), não contempla transmissões em directo (estando previsto que as partidas sejam disponibilizadas em três dias úteis) e é totalmente gratuito.
Z, de Zunzuns
O final de 2017 trouxe os primeiros "zunzuns" para o próximo defeso.
Em Espanha ou Itália, as "entradas e saídas" não são, por regra, tema de imprensa até que sejam devidamente confirmadas. Já em Portugal, as novelas do defeso costumam começar logo em Dezembro.
O lançamento da época das transferências fez-se com a notícia da ida de Marc Torra e Lucas Ordoñez para a Oliveirense, surgindo - logo no dia seguinte - a notícia de que o argentino teria sido "desviado" para o Benfica. Onde, diz-se, ocupará o lugar de João Rodrigues, que abraçará a aventura blaugrana.
Ordoñez surge como o mais cobiçado para o próximo defeso. Ao campeão do Mundo de 2015 não faltam "conselheiros" em Portugal, como Nicolia (Benfica), Reinaldo Garcia (Porto) ou Matias Platero (Sporting) e termina contrato no final desta temporada.
Na preparação da época que em Outubro teve início, Edu Lamas (então no Barcelona) foi o mais badalado, sendo apontado aos rivais da Segunda Circular, mas o mais desejado até era Matías Platero, "preso" ao Reus por mais um ano de contrato e uma cláusula... que os leões acabariam por "bater".
Embora haja quase sempre um fundo de verdade nas notícias que vão saindo, às vezes há fumo sem que nunca tenha havido fogo. Umas vezes, é a mesma notícia, repetida muitas vezes, sem que ninguém tente saber mais alguma coisa. Outras vezes, é apenas qualquer coisa que se leu num fórum de adeptos, sem se procurar confirmação. Mas é sempre - sempre - uma questão de pouco brio.
Sexta-feira, 5 de Janeiro de 2018, 23h16