Porto passa em Clássico que prometia ser grande... e foi enorme
Depois de seis jogos no sábado - com o Marinhense a protagonizar a surpresa maior destes oitavos-de-final da Taça de Portugal - a ronda ficou completa com duas partidas no domingo. Entre equipas da III Divisão, o Maia venceu o Cascais por 4-9 e será a única equipa do terceiro escalão nos "quartos". Entre candidatos ao título nacional da I Divisão, o Porto venceu o Sporting nas grandes penalidades por 5-8, depois de 3-3 no fim do tempo regulamentar e 5-5 no final do prolongamento.
O jogo entre leões e dragões era o mais aguardado e esteve à altura das expectativas. A receber pela primeira vez os azuis-e-brancos no João Rocha, os verde-e-brancos entraram melhor e aos cinco minutos, ainda havia muita gente para entrar, Henrique Magalhães inaugurou o marcador.
O tento, num jogo a eliminar, mudou o cariz do jogo. O Porto, a recorrer invariavelmente a Gonçalo Alves, procurava o empate, enquanto o Sporting assumia uma postura mais expectante, fechando os caminhos para a sua baliza. E a estratégia defensiva tinha retumbante sucesso. Mesmo com algum ascendente, a equipa de Cabestany criava poucas oportunidades claras de golo, e a melhor ocasião surgiria numa grande penalidade sobre Rafa, com Gonçalo Alves a não conseguir desfeitear Ângelo Girão.
A tentar recuperar cedo a bola, o Porto somava faltas e, antes de estarem cumpridos 22 minutos, chegava à décima. Caio desperdiçou a oportunidade de ampliar antes do descanso.
Mais golos
A superioridade das defesas sobre os ataques prometia um jogo com poucos golos, mas a promessa seria quebrada. Ainda não estavam cumpridos cinco minutos na etapa complementar quando Reinaldo Garcia repôs a igualdade.
O Sporting tinha nove faltas e a cautela levaria ao segundo dos azuis-e-brancos, por Jorge Silva, que - estranhamente - levou a um baixar de ritmo. O Porto estava confortável na liderança do marcador e os leões não se precipitaram em busca da igualdade.
Aos 14, a décima leonina "caiu", mas Girão segurou a vantagem mínima no duelo com Hélder Nunes. Dois minutos volvidos, Rafa viu o azul, mas nem Pedro Gil marcou no respectivo livre directo, nem o Sporting aproveitou o "power play". A melhor oportunidade seria mesmo para os dragões, com Reinaldo a surgir isolado... mas a não conseguir alargar a vantagem.
O Porto perdeu a chance de "matar" o jogo e a seis minutos do fim do tempo regulamentar viu o Sporting restabelecer a igualdade. Vítor Hugo sofreu a grande penalidade e Matías Platero transformou para o 2-2.
De um lado e de outro, as equipas assumiam a sua vontade de seguir em frente. E marcaram. Mas o golo de João Pinto, a meia altura, apenas anulou o de Reinaldo Garcia, sete segundos antes, e o jogo seguiria para prolongamento.
Prolongamento de ouro
O tempo extra que se jogou no João Rocha para encontrar um vencedor foi um excelente exemplo de porque já se deveria ter extinto o golo de ouro há mais tempo. Vítor Hugo e Rafa reclamaram para si os holofotes.
A meio da primeira parte do prolongamento, o Porto chegou à 15ª falta numa simulação assinalada a Hélder Nunes, e Vítor Hugo não desperdiçou a oportunidade de dar vantagem aos leões. Mas, ainda nos cinco primeiros minutos, Rafa bisou, com dois grandes golos - em particular o segundo - para colocar os azuis-e-brancos, detentores do troféu, na frente.
O Sporting não mostrava argumentos para bater Carles Grau e o tempo jogava a favor dos visitantes. Já no último minuto, Hélder Nunes voltou a ter oportunidade para decidir o jogo, mas Girão voltou a ganhar o duelo. Cederia pouco depois (quando não o poderia fazer) o seu lugar a Vítor Hugo e, em cinco contra quatro, o atacante que chegou no último defeso dos dragões, faria a passe - brilhante - de Caio a igualdade a cinco.
Faltavam quatro segundos e a partida seria decidida nas grandes penalidades. Tal como fora nas meias-finais da Elite Cup, então com o Sporting a levar a melhor.
Mas, desta feita, Caio, Vítor Hugo e João Pinto falharam e Gonçalo Alves, Hélder Nunes e Reinaldo Garcia foram de uma eficácia extrema, dispensando as duas últimas grandes penalidades.
O Porto segue assim na defesa da Taça de Portugal conquistada nas duas últimas temporadas e Guillem Cabestany vai em busca da sexta consecutiva, depois de ter conquistado duas vezes a Copa del Rey pelo Vendrell e uma Coppa Italia pelo Breganze antes de chegar aos dragões.
Depois de Oliveirense nos 16-avos e de Sporting nos "oitavos", o Porto recebe o Benfica nos "quartos", no terceiro de três Clássicos praticamente consecutivos. Dragões e águias encontram-se na Luz já no próximo sábado, dia 24, para a primeira mão dos quartos-de-final da Liga Europeia, e voltam a jogar para a principal prova europeia de clubes a 7 de Abril. Na semana seguinte, a 14, o Benfica regressa ao Dragão Caixa, então sim para a Taça.
O Clássico será o único embate entre primodivisionários em busca de um lugar na Final Four. Nos outros jogos, Valença, Valongo e Tomar visitam respectivamente Riba d'Ave e Marinhense (da II Divisão) e Maia (da III).
Segunda-feira, 19 de Março de 2018, 22h25