O estado de graça da águia
O Benfica aproveitou da melhor maneira o seu estado anímico depois da vitória a meio da semana no Dragão Caixa e venceu o campeão nacional Valongo por inesperados 10-0.
As águias realizaram uma primeira parte de sonho. João Rodrigues, melhor marcador do Benfica, tinha ficado em branco no Dragão mas deu o mote com um poker em menos de oito minutos, que sentenciou desde logo a questão do vencedor da partida. O primeiro golo surgiu aos cinco minutos de jogo. Valter Neves subiu pela direita e, perante a estranha apatia da equipa adversária, ofereceu o golo a João Rodrigues ao segundo poste. Logo na posse de bola seguinte, João Rodrigues surgiu totalmente isolado perante Domingos Pinho e bisou.
Paulo Pereira pediu desde logo o timeout mas o rumo dos acontecimentos não se alterou. Agora de bola parada, primeiro de livre directo e depois de grande penalidade, João Rodrigues e o Benfica chegaram aos quatro golos. Estava decorrida apenas meia parte da partida…
A oito minutos do intervalo, o Valongo teve oportunidade de marcar da marca de grande penalidade mas Nuno Araújo, perante Pedro Henriques (Trabal viu azul), não mostrou a eficácia que mostrara na Supertaça e que tem mostrado ao longo do campeonato. O campeão nacional poderia depois ter beneficiado de superioridade numérica mas Nuno Rodrigues viu também o azul, por palavras, confirmando o desnorte da equipa de Paulo Pereira. E a ponta final da primeira parte encarnada foi demolidora. Miguel Rocha entrou, muito aplaudido depois de não ter jogado no Clássico do Dragão, e bisou com um tiro fortíssimo de meia distância e, menos de meio minuto volvido, em contra-ataque a responder a um lançamento oportuno de Diogo Rafael.
Carlos Nicolía já tinha – novamente – aberto o livro, e os cinco minutos finais da primeira parte levaram o público da Luz à euforia e os adversários ao desespero, a recordar outros tempos e outro argentino. A três minutos do intervalo, Nicolía arrancou da sua baliza para ultrapassar toda a gente e oferecer o 7-0 a Tiago Rafael.
O surpreendente resultado ao intervalo premiava a primeira parte quase perfeita dos encarnados mas castigava também uma equipa do Valongo apática e a quem desde cedo faltou capacidade de reacção.
Na segunda parte, o Valongo entrou mais concentrado e o Benfica entrou em gestão, longe de impor o ritmo frenético da primeira parte. O primeiro grande momento da segunda parte seria o regresso de Nicolía à pista, aos 10 minutos. Mas foi um regresso curto, dado que o internacional argentino viu o azul dois minutos depois. Nuno Araújo sublinharia o dia-não da equipa de Paulo Pereira com a não transformação do respectivo livre directo.
Os três golos para a dezena encarnada estavam reservados para os últimos 10 minutos, depois de aguentar os dois minutos em “under-play”, e para internacionais das “pampas”. Estebán Abalos apontou os oitavo e décimo dos encarnados, enquanto Nicolía fez, com um mais do que justificado golo, o nono.
No final da partida, Pedro Nunes fez questão de começar esclarecer que os números estão longe de demonstrar o real valor do adversário, frisando que o Benfica fez uma primeira parte a roçar a perfeição. Agora vem a pausa natalícia e os jogadores encarnados ganharam – num acordo com o treinador caso somassem seis pontos nestes dois jogos – mais um dia de férias. Venceram, convenceram e, segundo Pedro Nunes, mereceram o dia de descanso extra.
Paulo Pereira agradece agora a pausa para que os seus jogadores possam recuperar animicamente. Após um jogo em que nada correu bem, o técnico campeão nacional está apostado em recuperar em 2015 a imagem granjeada na temporada de 2013/14.
Domingo, 21 de Dezembro de 2014, 9h42