«Está cada vez mais difícil gerir a situação, não sabemos em que ponto estamos»
Foto de capa: Jms photosportO campeonato francês está suspenso até ao fim de Dezembro, mas tarda em haver sinais da desejada retoma. João Patrício, treinador-jogador do Ploufragan, faz o ponto de situação. #CoViD19 #N1Elite
Desde 2012 no Ploufragan, João Patrício é aos 32 anos o melhor marcador nos três jogos realizados, com quatro golos de um total de nove que valeram uma vitória, um empate e uma derrota. E um lugar a meio da tabela de um campeonato prematuramente interrompido – a 20 de Outubro – pelo agravamento da situação pandémica em França.
“Sobrevivemos. Neste momento, só podemos trabalhar e fazer compras básicas. Nem considero isto viver, porque não temos nenhum prazer, infelizmente. E o maior prazer que tenho é, sem qualquer dúvida, o Hóquei em Patins”, conta-nos. “Em França, há cerca de dois ou três anos, o Hóquei em Patins perdeu o estatuto de profissional. Neste momento, é desporto amador e, por isso, não temos direito a treinar nem a jogar”, explica.
A retoma foi anunciada para Janeiro, mas não está fácil, e não apenas pela pandemia. “Os clubes já fizeram três reuniões para tentaram chegar a um acordo, mas cada clube tenta defender o seu interesse, o que me parece perfeitamente normal. E o problema do Hóquei em Patins francês é que em França não existe federação própria, e na federação que integra há outras prioridades maiores. Falando abertamente, o Saint-Omer e o La Vendéenne são os clubes que decidem aqui”, aponta.
“Se tudo correr bem, a partir de 20 de Janeiro podemos voltar a treinar, mas não faço ideia de quando voltaremos a jogar”, desabafa. “O objectivo é começar o mais rápido possível, sendo que a ideia em cima da mesa é fazer um novo campeonato, com grupos de três equipas e depois play-off. Mas, como disse, tudo isso ainda está muito vago”, reitera.
As preocupações de João Patrício não terminam no desejo de voltar a calçar os patins. O jogador é também o treinador da equipa da Bretanha francesa e tem um plantel cheio de expectativas para gerir. “Está cada vez mais difícil gerir a situação, porque, primeiro, não somos pagos. Depois, porque não sabemos em que ponto estamos. Uma semana é para começar em Janeiro, outra é em Março e duas semanas depois talvez só em Setembro. É muito difícil explicar isso aos jogadores”, desabafa.
“Nós temos um plano individual, mas há jogadores que começam a não ter motivação para o cumprir, porque não há sequer uma notícia do que quer que seja”, observa. Seguramente como reflexo dessa situação, o Saint-Omer anunciou que os reforços do último defeso Xavier Lourenço e João Silva – que coincidiu no Benfica com João Patrício (um juvenil e outro júnior) – não regressariam. “Sim, eles já não voltam a França, e já ouvi dizer que há outros jogadores que também pensam em fazer o mesmo! Penso que os jogadores querem jogar e, se tiverem a oportunidade de voltar ao seu país de origem, vão fazê-lo”, lamenta João Patrício.
Sábado, 26 de Dezembro de 2020, 18h37