«Não queremos representar o nosso país se não partilhamos os mesmos valores»
A federação de Andorra oficializou Miquel Umbert como seleccionador, numa decisão contestada pelos jogadores. Nove irão formalizar a renúncia à selecção e o capitão Gerard Miquel explica os motivos. #Selecções
A Federação Andorrenha de Patinagem oficializou Miquel Umbert como seleccionador principal.
A escolha já fora badalada há um ano, e várias foram as vozes entre os jogadores internacionais pelo principado que se fizeram ouvir contra a escolha.
A pandemia adiou campeonatos, compromissos e adiou a oficialização de Umbert. Até agora. E as vozes voltaram a fazer-se ouvir, devendo culminar na renúncia de nove jogadores, oito dos quais estiveram no Mundial em 2019.
"Estamos a trabalhar há muitos anos para ter um bom sistema de jogo. Desde que começámos nos Sub-17 que se tem trabalhado num mesmo sentido. Cada treinador contribuía com algo novo, mas respeitava-se o estilo de jogo, tentando que fosse um sistema atractivo e ofensivo", começa por dizer-nos Gerard Miquel, capitão da selecção andorrenha. "O oposto das referências que nos chegaram de Miquel Umbert", aponta.
Umbert, agora com 64 anos, esteve na selecção espanhola e conquistou títulos na formação e no feminino, mas, como seleccionador da principal selecção masculina, entre 1996 e 1999, não lograria nenhum grande título.
"O jogo do Miquel Umbert não tem qualquer semelhança com o que nos deu resultados, e por isso não entendemos esta mudança súbita. Para além disso, não foi uma escolha objectiva, foi no interesse pessoal de um membro da direcção, que já inúmeras vezes zelou pelos seus interesses e não pelos da federação", acusa o jogador de 23 anos.
"Do nosso ponto de vista, perderam-se os valores que a Federação tinha, e não queremos representar o nosso país se não partilhamos os mesmos valores. O que esta pessoa da federação fez, já vem de longe. E decidir no seu próprio interesse quem deve ser o novo seleccionador foi o rastilho para que eu e outros oito jogadores renunciemos à selecção", sublinha Gerard Miquel ao HóqueiPT.
Para além de Gerard Miquel, a renúncia à selecção do principado deve ser formalizada nos próximos dias por Llorenç Miquel, Oriol Antequera, Adrià Antequera, Arnau Dilmé, Nil Dilmé, Anton Borrel e o guarda-redes Carlos De Sousa - todos chamados aos World Roller Games em 2019 - e ainda Nil Castellví. Fazendo jus ao lema nacional "Virtus Unita Fortior" (do latim "a virtude unida é mais forte" ou, em tradução livre, "a união faz a força"), esperam que a federação possa repensar a sua posição.
Sexta classificada no Campeonato da Europa em 2018, Andorra disputou nos World Roller Games em Barcelona a Taça Intercontinental, uma segunda divisão mundial, perdendo na final dessa prova para Moçambique, por tangencial 4-3. O que valeria um honroso 10º lugar global ao conjunto orientado por Climent Muñoz.
Com uma selecção jovem, com jogadores a crescerem na OK Liga e OK Liga Plata, Andorra posicionava-se como uma agradável certeza nas grandes competições, mas o choque entre federação e os seus melhores valores pode levar a vários passos atrás no processo evolutivo.
Quarta-feira, 3 de Fevereiro de 2021, 0h09