Um miúdo que não treme decidiu eliminatória

Um miúdo que não treme decidiu eliminatória

O Porto garantiu pelo terceiro ano consecutivo a presença na Final Four, ao vencer o Benfica por 3-2 no jogo da segunda mão dos quartos-de-final da Liga Europeia.

Depois do aquecimento ter proporcionado imagens raras nestes clássicos - com os treinadores e jogadores largos minutos à conversa com os homólogos do adversário - a primeira metade da partida foi de muitas cautelas e respeito de parte a parte. O Porto começou com Edo Bosch na baliza e um quarteto - Pedro Moreira, Caio, Reinaldo Ventura e Ricardo Barreiros - que, estando de saída no final da temporada, não quererá deixar de sair "por cima" e foi mais perigoso e audaz do que na primeira volta mas o Benfica equilibrou a partida. Com poucas grandes oportunidades de golo, nota para um choque fortuito entre Caio e Nicolía que deixou o argentino do Benfica a sangrar e o obrigou a sair pouco depois de entrar e já no decorrer da segunda parte.

Nicolía marcou os dois golos dos encarnados
Nicolía marcou os dois golos dos encarnados

As emoções ficaram guardadas para os segundos 25 minutos.

Aos quatro minutos da segunda metade, a partida parecia que finalmente se ia "desatar" mas Reinaldo Ventura não aproveitou o livre directo após um azul a Valter Neves nem o Porto aproveitou os dois minutos de superioridade numérica. E seria mesmo o Benfica a adiantar-se em recinto alheio, aos 10 minutos, num contra-ataque de Carlos Nicolía finalizado com um remate forte a ir ao "ferro" e, com felicidade, a tabelar em Edo Bosch antes de entrar. Pouco depois Nicolía voltou a acertar no ferro mas desta feita a felicidade foi do guarda-redes catalão do Porto.

A pressão final do Benfica, infrutífera
A pressão final do Benfica, infrutífera

A partida ficou mais emotiva, mais rápida, com mais oportunidades. Mas os golos só surgiriam de bola parada.

Aos 15 minutos, o Benfica chegou à 10ª falta e, como que numa passagem de testemunho (pese Hélder Nunes já ter assumido este protagonismo antes), Reinaldo Ventura que falhara o primeiro livre directo, viu Hélder bater Trabal para a igualdade a uma bola. Dois minutos depois, Hélder Nunes bisou, de grande penalidade, após falta de Estebán Abalos sobre Jorge Silva.

Numa partida que, pese a intensidade e alguns desentendimentos naturais, se pautou pelo fair-play, Estebán Abalos e Jorge Silva entenderam-se nos cumprimentos finais, sanando o toque com o stick de "Tuco" na boca do seu adversário, na falta que deu o 2-1 para os azuis-e-brancos.

O Porto estava na frente da eliminatória mas por pouco tempo. Volvido cerca de um minuto, "caiu" a 10ª falta dos dragões. Edo Bosch parou o remate de Nicolía mas prendeu a bola e a dupla de arbitragem apontou para a marca de grande penalidade. Reinaldo Ventura viu o azul por protestos e Nicolía fez o 2-2.

Era uma fase em que os golos surgiam à cadência das bolas paradas. A cinco minutos do apito final, o Porto beneficiou de mais uma grande penalidade e Hélder Nunes foi chamado pela terceira vez ao duelo com Trabal. Voltou a não perdoar e deu uma definitiva vantagem à sua equipa no jogo e na eliminatória. O Benfica procurou o empate mas em vão, com o jogo a acabar com 14 faltas para cada lado.

Hélder Nunes festeja com Reinaldo Ventura
Hélder Nunes festeja com Reinaldo Ventura

No final da partida, e em mais uma conferência conjunta, os dois técnicos coincidiram no factor da "felicidade". Tó Neves afirmou que o Porto passou a eliminatória porque foi mais feliz do que o Benfica, em duas partidas com muito equilibrio, e Pedro Nunes reforçou com a importância dos pormenores, como as bolas paradas, felicitando o Porto pelo seu aproveitamento. Os dois técnicos abordaram ainda a rivalidade mas também a amizade que os une.

O adversário nas meias é o Vic

O adversário do Porto nas meias-finais será o Vic de Ferran Pujalte. Os recém-coroados vencedores da Taça do Rei repetiram o empate com o Liceo a duas bolas e, perante um Olímpic repleto com 3500 pessoas, resolveram o apuramento com um golo de ouro de Cristian Rodriguez.

A outra meia

A outra meia-final será entre Barcelona e Breganze. As duas equipas construíram vantagens sólidas na primeira mão (quatro golos de vantagem para os blaugrana e três para os italianos) e confirmaram a passagem à Final Four nesta segunda mão, com o Barcelona a voltar a ganhar ao Valdagno (agora por 8-5) e o Breganze a lograr um empate no terreno do líder do seu campeonato, Forte dei Marmi, a quatro bolas.

Estes emparelhamentos podem trazer algumas curiosidades à final. Pode repetir-se a final do ano passado (entre Barcelona e Porto), repetir-se a final da Taça do Rei deste ano (entre Barcelona e Vic) ou colocar em confronto o Porto com o seu futuro treinador, Guillem Cabestany, do Breganze.

Barcelona e Porto protagonizaram a última final
Barcelona e Porto protagonizaram a última final

Organização

A apresentação das propostas para organização da Euroliga poderá ser feita até dia 3 de Abril, inclusivé, devendo a decisão do CERH ser conhecida no dia seguinte. Para já, Vic e Breganze já anunciaram a sua intenção de receberem a fase decisiva da mais importante prova de clubes, sendo de notar que Barcelona recebeu a última edição e o Porto a penúltima. No entanto, sendo a decisão meramente económica em primeira instância, tal não será impeditivo de nova organização caso haja vontade - e condições financeiras - por parte dos clubes.

AMGRoller Compozito

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