O problema da solução ou a solução para o problema
Carlos Nicolía esteve com um pé fora do Benfica no último defeso, mas as águias mantêm a dependência do jogo e dos golos do argentino que termina contrato em 2022.
Carlos Nicolía chegou ao Benfica em 2014 rotulado como um dos melhores jogadores do Mundo e a equipa cresceu sob a sua batuta, culminando na conquista do Campeonato Nacional e Liga Europeia em 2016. No ano seguinte, ficariam a um golo - no célebre "jogo de Alverca" - do tricampeonato e as águias não mais recuperaram do choque emocional desse desaire.
Um atropelo de questionáveis decisões directivas nos anos que se seguiram tiveram o seu ponto alto na recta final da última temporada.
Carlos Nicolía estava fora dos planos de Alejandro Dominguez, ficando um mês afastado das convocatórias, mas a lesão de Miguel Vieira abriu espaço ao seu regresso e a um protagonismo em pista que o próprio técnico argentino lhe endossou na eminente necessidade de vencer jogos.
Já no defeso, com a actual temporada a ser planeada, houve volte-face no projecto dos encarnados. "Caiu" Alejandro, chegou Nuno Resende, anunciou-se um outro projecto, a cinco anos. E Nicolia continuou de águia ao peito.
Resposta em pista
Pese os golos marcados no arranque de temporada, foram muitas as vozes críticas que se ergueram contra o argentino, quer entre adeptos, quer no próprio clube da Luz. E o jogador respondeu em pista.
Com muito em jogo na recepção ao Óquei de Barcelos, e com o presidente Rui Costa (e muitos vice-presidentes) na bancada, Nicolía marcou dois golos e não se conteve na celebração do segundo tento, determinante no triunfo encarnado, gesticulando um "falem para aí, que eu respondo aqui", beijando mesmo o emblema do clube que defende há sete anos.
Actualmente com 35 anos, Carlos Nicolía entrou na nova temporada como maestro da equipa agora às ordens de Nuno Resende. Na Elite Cup, assistiu para o primeiro e segundo golos e marcou o terceiro quando o Benfica perdia 1-3 frente à Juventude de Viana, mas as águias não evitariam a "eliminação" nas grandes penalidades. Depois marcou o segundo na vitória frente ao Valongo e assistiu para o terceiro na derrota frente ao Sporting.
Terminando contrato no final desta temporada, a prestação na Elite Cup não serenou os rumores da saída dos encarnados. Mas, da aposta do novo técnico, estar-se-á longe de se poder inferir isso.
Nas oito jornadas realizadas na presente edição da I Divisão, Carlos Nicolía assinou nove golos, sendo o melhor marcador das águias, com mais um golo do que o compatriota Lucas Ordoñez. Nas suas temporadas de águia ao peito, Nicolía nunca assumiu o papel de goleador, sendo mais um homem de último passe, mas agora os seus golos vão ajudando a que o arranque de temporada da equipa não desça de paupérrimo - com quatro derrotas e quatro vitórias em oito jogos - a catastrófico.
Nicolía marcou quatro golos nas três primeiras jornadas e, depois de dois jogos em branco (frente a Braga e Oliveirense), marcou mais cinco nas três seguintes, contando-se entre eles dois golos no Dragão e os tais dois na fulcral vitória sobre o Óquei de Barcelos.
Na pausa para o Campeonato da Europa, o Benfica realizou o que Nuno Resende apelidou como uma "outra pré-época", incluindo um estágio no Luso, ainda que com as ausências dos internacionais Pedro Henriques, Diogo Rafael e Sergi Aragonès. Este sábado, no regresso da competição, o Benfica desloca-se a Turquel em busca da primeira vitória fora do pavilhão da Luz depois das derrotas em Valongo (5-3), Oliveira de Azeméis (5-4) e Dragão Arena (4-3).
Sábado, 27 de Novembro de 2021, 15h51