«Um resultado que não queríamos e que não merecíamos»
No final do 'dérbi eterno', Paulo Freitas, treinador do Sporting, reclamou um outro resultado, mas apontou alguma falta de discernimento na fase final da partida.
O Sporting não conseguiu evitar a derrota na casa do "velho rival", e Paulo Freitas não estava, naturalmente, satisfeito com o desfecho. "Obviamente que para nós é um balanço negativo. Saímos daqui com um resultado que não queríamos e que não merecíamos", começou por dizer o técnico leonino em conferência de imprensa.
«Tive oportunidade de o dizer. Um dérbi é um dérbi, é um jogo de grandes emoções, mas depois acabam por se conquistar os resultados com razão. E faltou-nos a razão ali naquela parte final, em que, depois de chegarmos ao empate, de muito trabalharmos contra um grande adversário - um adversário que esteve hoje muito focado - e contra forças ocultas também, não podíamos permitir um golo como permitimos, numa transição, numa perda de posse de bola", lamentou. "Era o Benfica que naquele momento tinha de estar intranquilo e nós demonstrámos o carácter da equipa, o querermos sempre mais, o querermos sempre melhor, e acabámos por cometer aquele erro e saiu uma transição do Benfica", apontou. "Portanto, é um resultado que claramente não o queríamos e claramente não o merecíamos", reforçaria.
Dividindo o jogo em duas partes distintas, Paulo Freitas destacou o domínio verde-e-branco nos primeiros 25 minutos. "É uma primeira parte em que o resultado é tremendamente enganador, onde o Sporting foi francamente dominador no jogo. O Sporting teve mais tudo. Teve mais posse de bola, teve mais chegadas à baliza, teve mais transições ofensivas, conseguiu parar as transições ofensivas do Benfica, e acabámos por sofrer dois golos: um em situação de 'underplay' e outro numa transição que o Benfica conseguiu definir bem. E com erros graves, com dualidade de critérios de quem estava a ajuizar", ressalvou.
"A segunda parte foi diferente. Uma segunda parte mais repartida, e onde nos faltou a razão que é necessária também para termos um resultado diferente", voltou a sublinhar.
Este foi o quinto jogo de Paulo Freitas à frente dos leões na Luz. Venceu os dois primeiros, mas depois somou duas derrotas (com a desta quinta-feira) e um empate.
Para além da intranquilidade nos derradeiros minutos de jogo, Paulo Freitas lamentou também a eficácia na finalização. "Temos três azuis, estamos praticamente seis minutos - cinco minutos e qualquer coisa - a jogar em inferioridade numérica", lançaria antes de prosseguir a sua análise, num lapso possivelmente relacionado com um azul simultâneo a Gonçalo Nunes e Lucas Ordoñez que não deixou os leões em inferioridade nesse momento. Na partida, o Sporting esteve três minutos e 22 segundos em inferioridade e os derradeiros 46 segundos em superioridade.
"Sofremos um golo em situação de 'underplay', sofremos um golo de bola parada e dois golos em transição. O que quer dizer que, sob o ponto de vista de organização ofensiva, nós conseguimos conter o Benfica, o que não é fácil", elogiou.
"O Benfica é uma grande equipa, constituída por grandes interpretes e portanto faltou-nos eficácia para sairmos daqui com um resultado diferente, mas acima de tudo saímos daqui tristes com o resultado, mas tranquilos relativamente aquilo que aí vem", garante o técnico campeão nacional e detentor da Liga Europeia.
"Estamos numa fase ainda muito inicial da época. Percebíamos naturalmente que este jogo era de capital importância para o Benfica, face aos resultados que já teve, e nós saímos daqui muito tristes, porque queremos obviamente ganhar, queremos conquistar resultados, mas muito tranquilos e confiantes no nosso processo, percebendo que há muito caminho pela frente e temos a forte convicção de que vamos atingir os objectivos novamente", assegurou.
Perto do final, em desvantagem tangencial, Girão levantou-se da sua baliza para ser rendido por um jogador de pista, mas Paulo Freitas pediu-lhe calma numa situação que já era de vantagem numérica para os leões.
"Esta é uma equipa que trabalha, e tem de ser o reflexo daquilo que trabalhamos. Portanto, se não trabalhamos acções de 5x3, eu vou entregar isto à sorte? Isto não tem a ver com sorte. A sorte também tem de estar presente, mas vamos ter mais um jogador para se atrapalharem lá dentro? Estávamos obviamente preparados para trabalhar o 5x4. 5x3 não estávamos preparados e por isso é que não o fizemos. Nós não nos encontramos e vimos aqui jogar e seja o que Deus quiser", explicou.
"Eu admito a interpretação que o Girão tem, porque ele, mais do que ninguém, também quer ganhar. Admito que ali é o coração a falar, mas depois, quando chamado à razão... Eu disse-lhe logo 'nem pensar, não está trabalhado'. Não está trabalhado, não temos que colocar. Íamos ter mais um elemento para atrapalhar. O 5x4 está trabalhado e acredito que, com um bocadinho de mais discernimento, nós conseguiríamos fazer qualquer coisa diferente se o jogo nos levasse para aí. O jogo levou-nos para o 4x3 [em jogadores de pista], nós temos acções preparadas para o 4x3 e foi à procura disso que nós fomos", esclareceu.
Sexta-feira, 10 de Dezembro de 2021, 16h58