Portugal com 18. Espanha com 16 ou 17?

Portugal com 18. Espanha com 16 ou 17?
Foto de capa e documento: Mundo Deportivo

Portugal festejou este domingo a sua 18ª conquista do Torneio de Montreux / Taça das Nações frente à rival Espanha.

Este 18º título significa a liderança lusa da lista de vencedores do Torneio que teve a sua primeira edição há 94 anos. E, no particular duelo ibérico que alimenta paixões no hóquei em patins, quantos títulos tem a Espanha?

Indubitavelmente, 17!

Para a Real Federación Española de Patinaje (RFEP), a Espanha conta 17 títulos nesta prestigiada Taça das Nações e partia para a 66ª edição em igualdade com Portugal. E, efectivamente, 17 títulos são os que se podem contar no site oficial da competição, com o primeiro conquistado em 1952 - um ano após a primeira vitória num Mundial - e o segundo em 1953.

Sem dúvida, 16!

E este segundo ano de 1953 parece ser mesmo o que gera a discórdia e o desfasamento nas contas.

O título de Montreux conquistado em 1952 foi ganho por uma Espanha constituída exclusivamente por jogadores do Reial Club Deportiu Espanyol, clube de Barcelona que à época dominava o hóquei patinado espanhol sob a influência - e comando técnico - de Juan Antonio Samaranch. Há inclusivamente fontes que atribuem este título ao Espanyol e não a Espanha, mas a trama adensa-se no ano seguinte.

Juan Antonio Samaranch foi presidente do Comité Olímpico entre 1980 e 2001 e principal obreiro da presença do hóquei em patins nos Jogos de Barcelona em 1992.

Relativamente a 1953, para a Wikipedia, ainda que a informação deste nunca seja vinculativa, o título é atribuído explicitamente ao Espanyol, e não a Espanha, remetendo para uma publicação Mundo Deportivo.

Detalhe do Mundo Deportivo de 8 de Abril de 1953
Detalhe do Mundo Deportivo de 8 de Abril de 1953

E, de facto, na sua edição de 8 de Abril de 1953, pese os resultados e a classificação final apresentarem o nome da Espanha, foi a equipa do Espanyol - com José Soteras, Juan Antonio Zaballa, Joan Orpinell, August Serra, Antonio Mas ou Jordi Trias, todos campeões do Mundo pela Espanha em 1951 - que jogou, envergando inclusivamente o tradicional azul-e-branco listado dos "periquitos".

Terá ido o Espanyol a Montreux, mesmo jogando com as suas cores, em representação da federação espanhola? Mais tarde, outros clubes espanhóis venceriam o título - Voltregà (1961) e Barcelona (1995) - mas estes não são contabilizados pela RFEP, tal como a FPP não contabiliza os títulos da selecção de Lisboa (1947), Lourenço Marques (1958) ou Benfica (1962).

São contas que a história já confunde e que dão resultados distintos conforme os olhos sejam portugueses ou espanhóis.

No final, a rivalidade joga-se a cada partida entre as duas selecções ibéricas, dentro das tabelas, e muito se discutirá entre os jogadores a cada "stickada", "gancho" ou "picadinha"… mas é pouco provável que se fale de História.

AMGRoller Compozito

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