Conferência de treinadores... para todos
Concorde-se ou não se concorde com a opinião de cada um, as suas decisões ou os seus métodos de trabalho é sempre enriquecedor ouvir quem não tem pudor em partilhar o que sabe e aplica.
Em paralelo com os jogos decisivos da Liga Europeia, houve um conjunto de iniciativas promovidas pelo CERH a aproveitar a presença de alguns ilustres da modalidade. Entre algumas acções que mereceriam maior destaque – e mais público – realizou-se no dia da final uma conferência de e para treinadores mas aberta a todos os interessados.
Para o comum adepto, o jogo tem 50 minutos, uma defesa é uma defesa e um golo é um golo. De forma simplista, marcamos mais ou sofremos menos e está feito. Mas há muito trabalho em cada defesa, cada golo, cada vitória, cada conquista. Esta conferência focou três dos inúmeros aspectos a ter em conta.
A motivação de Carlos Feriche
A abrir a conferência, o multi-titulado Carlos Feriche abordou a temática da motivação. Do definir do objectivo – no seu caso particular da selecção espanhola, o penta campeonato – ao saber ouvir e saber falar com os jogadores, Feriche desvendou alguns segredos de um grupo vencedor.
A empatia ou a preocupação com os atletas não será algo que se treina – correndo-se o risco de cair definitivamente em descrédito se apanhado em “falso” – mas alguns dos pontos focados podem muito bem ser treinados (pelos treinadores) para garantir uma maior coesão do grupo.
Paco Gonzalez
A Feriche seguiu-se outro catalão. Paco Gonzalez foi guarda-redes e agora colabora com as Federação Espanhola e Catalã, usando a sua experiência também na sua actividade como treinador (no Sant Feliu). Paco versou sobre a temática do posicionamento dos guarda-redes durante o jogo e na abordagem aos lances. Da “meia saída” ao “joelho no chão”, passando pela “cortina”, Paco Gonzalez mostrou em vídeo – fazendo questão de usar exemplos de Espanha mas também de Portugal e Itália – que os guarda-redes não se definem num só momento, mas que devem adoptar a posição mais adequada a cada instante do jogo.
O ex-guarda-redes fez também questão de frisar a necessidade de treino específico dos guardiões, bastando uns minutos por semana a forçar um determinado movimento ou posição para que, ainda que em jogo o guarda-redes adopte a posição em que se sente mais confortável, tenha um leque de soluções mais vasto. Mas, não jogando sozinho, será sempre necessário coordenar o trabalho do bastião do último reduto com a restante equipa. Tema que dá para muitas outras conferências...
Luís Sénica
Fechou a conferência o seleccionador nacional português, Luís Sénica. Sem esconder algum nervosismo inicial, espantou a ansiedade começando por dizer que falaria em português, italiano, espanhol e francês. E, a falar de hóquei, toda a gente se entendeu.
Sénica falou sobre a transição para o ataque após a recuperação de bola. O contra-ataque – uma desenfreada corrida para alguns - não pode ser anárquico mas antes um momento do jogo bem estudado. Tudo é planeado, da ocupação dos espaços, à movimentação com e sem bola, até ao momento da finalização.
Pese a forma informal como as três intervenções foram feitas, nenhum “espectador” saiu defraudado e todos saíram, divergindo aqui e ali, certamente enriquecidos. São acções que fazem falta e que mereciam edições fora dos grandes eventos.
Quinta-feira, 14 de Maio de 2015, 7h08