Bertolucci de regresso ao 'palco mágico' de Torres Novas

Na Final Four, Trissino e Sarzana aspiram a tornar-se a segunda equipa italiana a vencer a Liga Europeia. Alessandro e Mirko têm um encontro fratricida por um lugar na final, depois de terem ganho com o Follonica de 2006.

Bertolucci de regresso ao 'palco mágico' de Torres Novas

No próximo sábado, o Trissino de Alessandro Bertolucci e o Sarzana de Mirko Bertolucci defrontam-se por um lugar na final da Liga Europeia. A mais importante prova europeia de clubes só uma vez foi conquistada por uma equipa italiana, o Follonica de 2006, que ambos representavam. E aconteceu precisamente no palco que agora volta a acolher a decisão, o Palácio dos Desportos de Torres Novas.

No último defeso, Alessandro e Mirko Bertolucci tinham reencontro marcado para Sarzana. Alessandro treinaria a equipa principal e Mirko a equipa "B", trabalhando, mais uma vez, de perto. Mas quis o destino que o Trissino tivesse a necessidade de procurar treinador depois do Benfica ter "raptado" Nuno Resende para o Benfica e a escolha recaiu em Alex. Mirko foi "promovido" a treinador na Serie A1 e o reencontro deu-se como adversários.

O embate para as meias-finais da Liga Europeia será o quarto da temporada, com equilíbrio nos desfechos, mas, para já, com o Sarzana com mais razões para sorrir.

O Trissino ganhou 5-2 em Novembro, no regresso após um Europeu em que Alessandro Bertolucci se estreou como seleccionador um um 3º lugar... ineditamente, "ex aequo" com Portugal. Na segunda volta da fase regular da Serie A1, em Fevereiro, levou a melhor o Sarzana, por 6-4. Seria a primeira derrota do Trissino no campeonato, com 15 vitórias e um empate até aí.

Em Março, a vitória mais saborosa. Em Trissino, para a "Coppa", o Sarzana conseguiu levar o jogo a prolongamento com uma igualdade a três e um golo de Pol Galbas valeu o apuramento para a Final Four. E o Sarzana venceria a Taça pela primeira vez na sua história.

Não obstante esse feito histórico, o Sarzana falhou o apuramento para o play-off italiano e já encerrou, com um 9º lugar, a sua participação na presente edição da Serie A1. O Trissino já eliminou o Vercelli e persegue o sonho do "scudetto", jogando nas meias-finais do play-off com o Forte a partir de 18 de Maio.

Inseparáveis

Alessandro e Mirko são duas figuras maiores da história do Hóquei em Patins italiano, com uma qualidade que os levou a brilhar também além-fronteiras, por exemplo, no Óquei de Barcelos, com quem conquistaram o Campeonato Nacional da I Divisão em 2001.

O percurso teve muito de comum. Nascidos em Viareggio, cumpriram ali a sua formação. Mais velho, Alex (53 anos) saiu primeiro, mas Mirko (50) foi ter com ele a Lodi em 1993. Em 1996 separaram-se, com Mirko a rumar a Bassano e Alex a Vercelli. Mas a separação durou pouco. Em 1997, Mirko juntou-se a Alex no Vercelli e não mais os caminhos se separaram até que Alex pendurou os patins em 2015.

Foram juntos para Barcelos (1998 a 2001), Prato (2001 a 2004), Follonica (2004 a 2009), Reus (2009/10) e juntos regressaram às origens, a Viareggio, em 2010. Alex abandonou as pistas em 2015, mas continuou no Viareggio, já como treinador.

Entre muitos títulos conquistados pelos clubes em que passaram, destaca-se naturalmente o pináculo italiano do Follonica em 2006, uma conquista ímpar por equipas italianas entre 46 triunfos espanhóis e oito portugueses. Em Torres Novas.

O título de 2006

O Follonica entrou na temporada de 2005/06 como vencedor da Taça CERS e com ambições na Liga Europeia que, até então, em 40 edições (contando com a percursora Taça dos Campeões Europeus) apenas escapara quatro vezes às equipas espanholas. E nunca sorrira a transalpinos.

Aos já históricos irmãos Bertolucci, irmãos Mariotti (Massimo e Enrico) e irmãos Michielon (Alberto e Alessandro) tinham-se juntado os portugueses Guilherme Silva e Sérgio Silva, estes sem relação familiar apesar da coincidência de apelido. Guilherme, guarda-redes, chegou da Oliveirense e Sérgio, esteio defensivo, do italiano Prato.

Na pré-eliminatória, o Follonica despachou o Cronenberg com vitórias por 2-7 e 4-3. Depois, o sorteio ditou que, antes da fase de grupos, tivesse de defrontar o todo-poderoso Barcelona. A derrota por 3-1 no Palau Blaugrana frente ao vencedor das duas edições anteriores era quase natural, mas, no Capanino, algo "mágico" - de premonitório - aconteceu, com o Follonica a virar a eliminatória com um triunfo por 4-1.

Na fase de grupos, com Porto, Bassano e Thunerstern, o Follonica registou cinco vitórias e um empate (na visita aos dragões) e logrou o apuramento para uma Final Four resolvida de forma inédita (e única) de todos-contra-todos.

Em Torres Novas, na primeira jornada desta "liguilha", a equipa italiana venceu o Porto por 9-4, num jogo praticamente perfeito. Ao segundo dia, venceu o Reus por 3-2. Com o Porto a vencer o Noia, o Follonica era coroado logo ao segundo dos três dias, o que acabou por ditar o fim do modelo. O jogo frente ao Noia seria uma formalidade, mas os italianos, mesmo já em festa, voltaram a somar um triunfo, por 4-3.

Era uma equipa de lendas da modalidade, que primava pela experiência. Às ordens do jogador-treinador Massimo Mariotti (então com 42 anos) estavam os guarda-redes Guilherme Silva e Andrea Tosi (ambos com 36) e os jogadores de pista Alessandro Bertolucci e Enrico Mariotti (37), os gémeos Alberto e Alessandro Michielon e Mirko Bertolucci (34) e o "benjamim" entre os mais utilizados era Sérgio Silva (32). Quase só para completar o "ramalhete" estava o jovem argentino Victor Betran, de 21.

AMGRoller

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