Dérbi ferveu até deitar por fora
O vermelho a Henrique Magalhães foi escasso para um dérbi entre Benfica e Sporting que ferveu em várias lutas pouco dignificantes, com as águias a marcarem mais golos e a igualarem a eliminatória. Em Barcelos, o Porto venceu e está a um triunfo da final.
Um dérbi quere-se quentinho. Mas, desportivamente, há o "quentinho" no Hóquei em Patins e há o "quentinho" do "vale-tudo", que é outra modalidade completamente diferente. Na Luz, foi-se para lá do sentido desportivo da competição. Parecia mais uma época de incêndios, com focos por todo o lado, alguns descontrolados, e sem que os bombeiros de serviço - Rui Torres e Sílvia Coelho - tivessem mão neles. Uma semana depois de um jogo entre Porto e Óquei de Barcelos onde oito azuis foram apontados como demais, os quatro azuis e um vermelho (e principalmente os desta cor...) mostrados na Luz pecam claramente por escassos.
A bola saiu do Sporting, mas, com apenas 13 segundos jogados, Pablo Álvarez respondia a uma assistência de Edu Lamas para o primeiro do jogo. O Benfica voltava a adiantar-se, mas, desta feita, empurrado pelo seu público, não jogaria para defender a vantagem.
Ainda assim, e mesmo sem Gonzalo Romero na fase inicial, o Sporting foi em busca da igualdade, muito "às costas" do talento individual de Ferran Font. Mas seria com o catalão o primeiro foco de incêndio na Luz. De Font com Pedro Henriques, porque, como se aprende nos filmes, é preciso duas pedras para fazer faísca.
Com cerca de quatro minutos de jogo, o atacante leonino caiu sobre o guarda-redes das águias, que não reagiu bem. Pouco depois, Font atingia Pedro no pescoço, deixando-o muito queixoso e a precisar de assistência (Rodrigo Vieira jogaria 42 segundos do dérbi). Sem punição disciplinar para um lado ou outro - e justificar-se-iam, em cores diferentes - seguiu jogo...
Havia oportunidades de um lado e de outro, mais dos leões, que chegariam merecidamente à igualdade, a cinco minutos e meio do intervalo, pouco depois de Gonzalo Romero entrar em pista. A influência de "Nolito" no jogo verde-e-branco é clara e, para além do golo - de Verona, num remate de meia distância - houve mais um par de oportunidades para a equipa de Paulo Freitas se adiantar. Sem que os leões aproveitassem, Lucas Ordoñez desequilibrou o jogo.
Uma grande penalidade levou a novo foco de tensão, entre Ordoñez e Girão. Tal como as "conversações" entre Henriques e Font, que aproveitaram esta paragem para esgrimir mais "argumentos", arrastar-se-iam até ao fim do jogo.
De castigo máximo, Lucas fez o 2-1 com um remate forte e colocado e, menos de um minuto volvido, faria o 3-1 em novo remate forte, agora de meia distância, a surpreender Girão. Era uma preciosa vantagem de dois golos.
A segunda parte começava "mexida", com o Benfica a tentar aproveitar o embalo anímico do final da primeira parte. Aos dois minutos e meio, Poka reclamou golo quando a bola não entrou e quase convencia a dupla de arbitragem, que - bem - voltou atrás. De facto, tecnicamente, não há muito a apontar à arbitragem na Luz. Disciplinarmente, é que se exigiria mais "pulso".
Em jogo jogado, o Sporting procurava reduzir e consegui-lo-ia a 11 minutos e meio do final, relançando a incerteza. Mas, ao contrário de outras partidas e certamente pelos constrangimentos físicos de Romero, nunca foi um Sporting a respirar confiança, aquele que parece sempre seguro que o desfecho será favorável. O Benfica alongava os tempos de ataque e seguraria a vantagem.
A dois minutos e meio do fim, Nicolia não aproveitaria a 10ª falta leonina (ironicamente, não seria um jogo de muitas faltas de equipa) que podia "matar" o jogo e, pouco depois, salomónicos azuis a Poka e Toni Pérez deveriam ter servido para esfriar os ânimos. Mas não...
O Sporting tentou tudo, até com cinco jogadores de pista. Já com Girão de regresso e com apenas 10 segundos para jogar, foi o caos. Daquilo que não se quer ver no Hóquei em Patins, num descontrolo de parte a parte, com todos a perderem alguma razão que lhes poderia assistir.
Depois de uma aparente falta normal no "canto", Ordoñez atingiu Romero. Veio Girão e retribuiu a Ordoñez uma agressão deste, minutos antes. No saldar de contas, o azul ao guardião - reclamando as águias que fosse vermelho - parecia sanar a situação, mas quando o atacante argentino se levantou, foi atingido por Souto. Foi tirar satisfações Álvarez, mas demasiado próximo do banco do Sporting e ao alcance do directo de direita de Henrique Magalhães, num gesto que mereceria elogios se o espectáculo fosse de pugilismo... mas não era.
Houve (justíssimo) vermelho a Henrique, mas outros ficaram por mostrar. Nas provocações (e agressões) e respectivas (mas injustificadas) respostas, algumas mais pela atitude do que pela intensidade, talvez no terceiro jogo Pedro Henriques, Lucas Ordoñez, Pablo Álvarez, Ângelo Girão, Ferran Font e João Souto se juntassem a Henrique à mesa (sim, seriam precisas muitas cadeiras...), com um baralho de inofensivas cartas em vez de perigosos sticks, a serenar os ânimos para uma quarta partida (sexta-feira, dia 10, na Luz) que, com este triunfo encarnado, já é certo que acontecerá.
Miguel Guilherme e João Duarte serão os árbitros de um terceiro jogo entre Sporting e Benfica que se prevê muito complicado de dirigir...
Porto a uma vitória da final
No outro jogo das meias-finais, o Porto venceu em Barcelos por 2-5.
Depois do final quente no arranque da segunda volta do campeonato e de um primeiro jogo de muitos azuis e bolas paradas contra os barcelenses, um azul aos quatro minutos não pronunciava nada de bom. Gonçalo Alves não marcou de livre directo, mas aproveitou a vantagem numérica para inaugurar o marcador. No entanto, este azul a Rampulla - que vira dois no primeiro jogo, no Dragão - acabou por ser o único do jogo.
André Centeno igualou um minuto volvido sobre o tento inaugural e, numa primeira parte de equilíbrios, Dario Giménez adiantava os barcelenses de livre directo (10ª falta), a cinco minutos do intervalo. Mas, Gonçalo Alves igualaria pouco depois, deixando tudo como no início para o reatamento.
Na segunda parte, os azuis-e-brancos foram mais eficazes. A meio da etapa complementar, Gonçalo Alves fez o terceiro da noite na 10ª falta barcelense e, pouco depois, Dario não aproveitava a 15ª dos dragões.
O Porto de Ricardo Ares soube gerir e , à entrada dos cinco minutos finais, golos de Telmo Pinto e Ezequiel Mena sentenciaram a partida.
Em vantagem por 2-0, o vencedor da fase regular do campeonato está a um triunfo de selar o lugar na final.
As meias-finais prosseguem terça-feira, dia 7.
Meias-finais
• Porto 8-4 Óquei de Barcelos • 28.Mai • 1-0
• Sporting 4-3 Benfica (2-2, 2-1 pen.) • 29.Mai • 1-0
• Benfica 3-2 Sporting • 4.Jun • 1-1
• Óquei de Barcelos 2-5 Porto • 4.Jun • 0-2
• Porto vs. Óquei de Barcelos • 7.Jun • 20h • Joaquim Pinto e Carlos Correia
• Sporting vs. Benfica • 7.Jun • 20h • Miguel Guilherme e João Duarte
• Benfica vs. Sporting • 10.Jun • 15h
• Óquei de Barcelos vs. Porto • 10.Jun • 21h30 (se necessário)
• Porto vs. Óquei de Barcelos • 12.Jun • 15h (se necessário)
• Sporting vs. Benfica • 12.Jun • 19h (se necessário)
Domingo, 5 de Junho de 2022, 10h34