Ares da sua graça
No fecho da temporada de estreia à frente do Porto, Ricardo Ares selou, com o título de campeão, a conquista de três troféus. É preciso recuar a 2013/14 para encontrar outro treinador a estrear-se em Portugal com semelhante pecúlio.
Na véspera de completar 47 anos, Ricardo Ares liderou o Porto à conquista do Campeonato Nacional, o terceiro título oficial em quatro possíveis numa temporada de estreia de sonho.
Ares chegou ao Porto no último defeso com apenas uma experiência como treinador principal, à frente do Voltregà entre 2010 e 2016. Cinco anos depois, triunfante pela selecção espanhola feminina e com uma passagem pela selecção espanhola absoluta masculina em que - em virtude da pandemia - não chegou a dirigir qualquer partida, era uma aposta que surpreendia na sucessão a Guillem Cabestany.
A época começou com a participação na Elite Cup e o único dissabor. Depois de duas vitórias claras sem sofrer golos, o troféu, pela primeira vez oficial, seria conquistado pelo Óquei de Barcelos.
Depois arrancou o campeonato, e com nove vitórias consecutivas. Os dragões só seriam parados em Braga, na primeira de quatro derrotas da fase regular que não evitariam o triunfo nesta fase da prova e o garantir do "factor casa" para o play-off.
Entretanto, em Dezembro, chegava o primeiro título. Numa improvisada (mas regularmente prevista) Taça Intercontinental entre os finalistas da última edição da Liga Europeia, o Porto levava a melhor sobre o Sporting, vencendo um troféu internacional 25 anos depois. Em Abril, chegou o primeiro troféu nacional, na Taça de Portugal. Como na Elite Cup, o Óquei de Barcelos chegou a colocar em causa a conquista, obrigando ao desempate por grandes penalidades nas meias-finais, mas, na final, os dragões foram categóricos, vencendo o Benfica por 5-1.
O Porto terminaria a fase regular como o melhor ataque (151 golos marcados) e a melhor defesa (68 sofridos, "ex aequo" com o Benfica) e chegaria à final sem derrotas, vencendo o Tomar em dois jogos e o Óquei de Barcelos em três, ainda que com um empate no Dragão nos 50 minutos. Seria o único empate caseiro de toda a época ("fora" só empatou em Tomar), num registo praticamente imaculado de vitórias: 19 em 20 jogos.
Os dragões de Ricardo Ares fecham a época com 47 partidas realizadas, com 35 vitórias nos 50 minutos. Houve quatro empates, sendo que nos três de "mata-mata", o Porto acabaria sempre por vencer, fosse no prolongamento (em Alenquer para a Taça) ou nas grandes penalidades (frente ao Óquei de Barcelos para a Taça e no play-off).
No saldo de golos, há 259 marcados e 128 sofridos, para uma média de 5.5 marcados e 2.7 sofridos por jogo. No "couraçado" Dragão Arena, o o Porto assinou mais de 6.6 golos por jogo.
Outras estreias
Será preciso recuar até à temporada de 2013/14 para encontrar um treinador estreante nos grandes a lograr um pecúlio de três troféus oficiais. Aconteceu com Pedro Nunes, que sucedeu a Luís Sénica no Benfica. Aproveitando o embalo da conquista da Liga Europeia, Pedro Nunes liderou as águias à conquista da Taça Continental e da Taça Intercontinental, juntando-lhes, no fecho de uma época com o Valongo campeão, a conquista da Taça de Portugal.
Entre os actuais rivais dos "futebóis", Paulo Freitas teve a sua primeira época completa no Sporting em 2017/18, conquistando o campeonato nacional, ao passo que Nuno Resende, em estreia no Benfica esta época, apesar da meritória presença nas decisões da Taça de Portugal e do Campeonato, termina sem qualquer título oficial.
Quinta-feira, 30 de Junho de 2022, 11h11