Rescaldo de um campeonato com dobradinha na mira
Campeonato ganho, a aposta é na dobradinha.
O Benfica de Pedro Nunes protagonizou um campeonato extraordinário, com 25 vitórias em 26 jogos, o melhor ataque com 175 golos marcados e a melhor defesa com apenas 55 consentidos. No fecho do campeonato, com mais uma vitória categórica (11-3 a’Os Tigres), o treinador apontava à vitória também na Taça de Portugal.
“Desde que materializámos a conquista do titulo que a dobradinha não me sai da cabeça. Um mês depois de conquistar o título, disputar a Final Four… se me perguntarem se é o melhor que nos podia acontecer, não é. Obviamente que nestas quatro semanas houve momentos de descontracção, descompressão, às vezes até algum relaxo excessivo. Agora quero crer que este grupo de trabalho vai surgir na Final Four de uma forma séria, consciente, responsável de que é um título em disputa e que, em todos os títulos em disputa, o Benfica tem a obrigação de ter um desempenho e, sobretudo, um empenho adequado a isso mesmo. O meu pensamento é que o nosso trabalho só se conclui no dia 24 de Maio. Queremos estar no dia 24 de Maio, no momento da decisão da Taça de Portugal”, ambicionava.
Pela frente, nas meias-finais, o Benfica terá o Óquei de Barcelos, a única equipa a roubar pontos no Nacional da I Divisão ao Benfica.
“Não é só o adversário que nos roubou pontos esta época como foi o adversário que, não menosprezando os outros e não querendo estar a diferenciá-lo em relação aos outros, nos dois jogos nos criou muitas complicações, muitas dificuldades. Isso obriga-nos a ter mais atenção, mais preocupação mas também mais trabalho para nos prepararmos da melhor forma para esse jogo. Toda a gente aponta o Benfica como favorito e nós assumimos esse favoritismo sem qualquer tipo de reservas. Mas é bom não esquecer que está o Barcelos, que ficou nos seis primeiros lugares da tabela classificativa, está o vencedor da taça CERS, e a Oliveirense que está habituada a marcar presença nas Final Four. Portanto, assumimos o favoritismo. Mas não é um passeio que nos espera na Final Four”, alertava.
Um campeonato sem derrotas
Sem derrotas, o Benfica igualou o seu próprio registo de 1994/95 (ano da última dobradinha), conseguido com cinco empates em 32 jogos. A performance desta temporada deixa Pedro Nunes cheio de orgulho.
“Fico contente e muito feliz por poder fazer parte da história do Benfica. Toda a gente sabe o sentimento que tenho por este clube mas, enquanto profissional, sabia que vir para o Benfica representava um enorme desafio pessoal. Mas sempre convicto de que alguma coisa se haveria de conquistar. No ano passado o título escapou-nos por uma questão de golos”, recordava com mágoa.
“Este ano carimbámos o título com inteira justiça, fomos - sem dúvida alguma - a melhor equipa. Um registo de 25 vitórias e um empate, acho que é significativo. Em 78 pontos possíveis, alcançámos 76. É um orgulho enquanto treinador fazer parte deste grupo e, obviamente, os jogadores são os grandes conquistadores deste êxito. É evidente que há uma estrutura que é preciso enaltecer, há uma aposta forte da direcção que é preciso reconhecer e creio que estamos todos de parabéns. Sou treinador mas, principalmente, uma pessoa feliz”, afirmava.
Os momentos da época
O primeiro jogo frente ao eterno rival, Sporting. Vínhamos de uma derrota na Supertaça e era importantíssimo entrar a ganhar no campeonato, ainda para mais frente ao eterno rival. Jogo extremamente difícil, sofrido...
O empate em Barcelos, alcançado salvo erro a seis segundos do fim depois de muitas situações pouco claras que aconteceram no jogo. Foi um jogo que serviu de alerta e ao mesmo tempo uniu o grupo.
A vitória no Dragão, porque é evidente que não é uma coisa que se consiga todos os dias, ainda para mais com os números que foram.
O jogo em casa contra o Valongo. Acho que é a melhor exibição do Benfica da época. Um jogo muito bem conseguido do princípio ao fim. Uma exibição de luxo do Benfica.
Na segunda volta, a vitória em Oliveira de Azeméis e, claro, a conquista do título perante os nossos adeptos, frente ao nosso principal rival no hóquei em patins, o FC Porto.
Sabor amargo numa época bem conseguida
Foram muitos os bons momentos vividos pelo Benfica ao longo da época. Mas ouve um que a marcou negativamente… “Fica o sabor amargo relativamente à Liga Europeia, em que o Benfica não foi feliz. Aliás, isso foi reconhecido pelo Tó Neves e por mim no final dos dois jogos. Achávamos que podíamos e queríamos ir mais além”, lamentava.
“A época foi bem conseguida. Pessoalmente, nunca me passou pela cabeça ser campeão sem derrotas. Eu nem acredito em campeões sem derrotas mas, o que é certo, é que fomos construindo esse processo jornada após jornada mas, principalmente, treino após treino. E começámos a acreditar que era possível. Eu, aqui, na hora da euforia e do festejo, também gostava de dizer que não acredito que isto volte a acontecer tão cedo e as pessoas têm de ter consciência disso. O Benfica não é uma equipa invencível. Disse isto no início da época e estou aqui no final a dizer a mesma coisa. O Benfica tem é de trabalhar todos os dias, bem, não se cansar de fazer as coisas bem feitas e, sobretudo, não se cansar de ganhar”, explicava. “Porque, como eu sempre digo, o que fazemos hoje para conquistar o que conquistámos, não chega para ganhar amanhã. Já o ano passado disse isto e volto a afirmar: temos sempre de acrescentar valor ao que efectivamente já temos, porque senão estamos a menosprezar os outros, porque os outros também evoluem e também melhoram”, analisava.
Próxima época
Ainda com uma Taça de Portugal em jogo, Pedro Nunes projectou já a próxima época. Com uma fasquia mais alta?
“Relativamente ao Campeonato Nacional, mais é difícil. Podem esperar de nós uma ambição constante de ganhar. Não podemos cansar-nos de ganhar. Hoje ganhámos, amanhã queremos ganhar outra vez. Eu, por mim, assinava já contracto com a moça que nos pintou hoje para nos pintar para o ano. O nosso objectivo é voltar a ganhar o Campeonato mas temos mais provas e, em todas elas, o Benfica assume-se como candidato a vencer. É a isso que o nome do Benfica obriga e é essa a forma de estar que se quer permanente na estrutura do hóquei em patins do Benfica”, sublinhava.
Se a nível interno o Benfica dominou (mesmo que a Taça lhe possa escapar), a nível europeu ficou, pela primeira vez em quatro anos, fora da decisão da prova máxima de clubes. Uma conquista europeia será o grande objectivo para o ano?
“Esses objectivos não podem ser assumidos apenas e só pelo treinador. Quando chegarmos á altura, esse tema será abordado. Nós sabemos que estar presente, primeiro na Final Four, e depois ganhar a Liga Europeia, é sempre um objectivo do Benfica e com certeza que para o ano queremos estar e lutar pela conquista da Liga Europeia. Mas quero crer, e sem passar por cima das hierarquias do Benfica, que a conquista do Campeonato Nacional será sempre o objectivo principal do Benfica”, referia.
Sábado, 23 de Maio de 2015, 1h47