Um bronze histórico
A selecção francesa terminou o jogo das meias-finais em lágrimas, eliminada por Portugal, mas, à parte da campeã Argentina, será a que tem mais motivos de regozijo, com uma inédita medalha conquistada.
Se o segundo é o primeiro dos últimos, o terceiro será o segundo dos últimos. Mas a França tem muito para se orgulhar na conquista da medalha de bronze em San Juan.
Nas meias-finais, Portugal e Renato Garrido mostrou o respeito que a França, vice-campeã europeia, já merece. Na frente do marcador, os portugueses jogaram num bloco baixo, atacando com muitas cautelas para evitar - e evitaram todos - os perigosos contra-golpes gauleses. A perder por apenas 1-0 à entrada dos derradeiros cinco minutos, as lágrimas pela eliminação são atestado de ambição.
E havia ainda uma medalha para conquistar, para uma inédita presença no pódio final.
Da bancada à cerimónia de medalhas
Em 2011, os irmãos Di Benedetto - pilares desta fabulosa geração francesa - estiveram no Aldo Cantoni, em San Juan. Mas, muito novos, estiveram na bancada, a viver pela primeira vez a experiência de um Mundial que todos deviam viver. Terão logo ali sonhado regressar para rolar em pista, para serem aplaudidos em vez de aplaudirem.
A França terminou esse Mundial de 2011 em 7º. Na fase final, perdeu com Portugal e Chile, mas logrou vencer o Brasil.
Dois anos depois, em Angola, um inglório 8º lugar, com derrotas com Espanha e, tangenciais, com Itália e Moçambique. Em 2015, a França jogava em casa e já contava com Carlo Di Benedetto. Na fase a eliminar, perdeu com a futura campeã Argentina, ganhou ao Chile e perdeu com Itália.
Em 2017, havia modelo novo, com o arranque dos então World Roller Games (agora World Skate Games). Num grupo fortíssimo - com Argentina, Portugal e Itália - em que, a poucos minutos do final do derradeiro jogo, vencia a selecção das quinas, a França acabou por terminar em 4º e seria relegada para a secundária Taça FIRS. Que venceria.
No mesmo modelo, em 2019, chegou aos quartos-de-final (em 2º no grupo de Espanha, Itália e Angola) e ganhou ao Chile para, pela primeira vez na sua história, disputar uma meia-final. Perdeu com a Argentina e, na luta pelo bronze, não teve argumentos para contrariar a anfitriã Espanha.
O bronze
Este domingo, refeito do afastamento nas "meias", o grupo liderado por Fabien Savreux defrontou uma Itália orfã de Giulio Cocco, expulso frente à Argentina.
Com arbitragem do português Rui Torres (e do asturiano Miguel Diaz), Fran Ipiñazar inaugurou aos seis minutos, mas Roberto Di Benedetto igualou dois minutos depois. Aos 13 minutos, a Itália fazia o 1-2, por Davide Banini, mas a França repunha a igualdade antes do intervalo por Bruno Di Benedetto.
Ir-se-ia de empate em empate...
Carlo Di Benedetto fez o 3-2 de livre directo, para Andrea Malagoli igualar de grande penalidade, numa etapa complementar em que a França era mais perigosa. À entrada dos derradeiros 10 minutos, o jogo tornou-se mais duro. Ninguém queria ficar sem medalha.
Roberto Di Benedetto colocou os franceses de novo na frente, mas Davide Banini igualaria a quatro. E, perdendo duas vantagens nesta segunda parte, a França viu Bonneau ser surpreendido num remate da divisória de Davide Gavioli, para o 4-5. Faltavam dois minutos e meio e duvidava-se das forças de uma França que roda pouco.
À entrada do último minuto, Carlo Di Benedetto rematou ao poste. Depois, em ataque a cinco, perdeu a bola. Mas foi resiliente e "correu" para roubar a bola a Verona quando este se preparava para rematar para a baliza deserta. No seguimento do lance, o irmão Bruno faria o 5-5 depois de um remate do também irmão Roberto. Havia um enorme aplauso de reconhecimento das bancadas de um Aldo Cantoni já cheio para a final.
O prolongamento não teve golos, e a França ia novamente a penáltis (já fora nos quartos-de-final, frente à Espanha). Remi Herman atirou ao poste e Federico Ambrosio marcou. Roberto empatou de seguida. Elia Cinquini falhou e Le Berre também. Malagoli marcou e Carlo igualou.
Junto à tabela, Bruno tinha a responsabilidade de marcar como os irmãos. "Hoje, não. Temos uma arma secreta, melhor do que eu", confidenciava. "Checco" Compagno não marcou. E Anthony Da Costa, a "arma secreta" com raízes em Viana do Castelo, era certeiro.
A França estava pela primeira vez na frente na série de grandes penalidades, antes da derradeira para a Itália. Alessandro Verona falhou, mas houve repetição. Bonneau voltou a defender, e o resto foi festa.
Quarta-feira, 16 de Novembro de 2022, 9h01