«Tivemos um 'docinho' com a Golden Cup, mas a Liga dos Campeões é a Liga dos Campeões»
Três anos após brilharete com o Lodi, interrompido pela pandemia, Nuno Resende estreou-se pelo Benfica na mais importante prova europeia com um triunfo por 5-3 sobre o Calafell. 'Estou satisfeito com a vitória e com a prestação', afirmaria.
Na temporada de 2019/20, o Lodi de Nuno Resende já tinha o apuramento para os quartos-de-final na mão, deixando pelo caminho o então campeão europeu Sporting. Mas veio a pandemia e a prova foi cancelada. Três anos volvidos, o treinador de São João da Madeira está à frente do Benfica e a responsabilidade de apuramento é maior.
No arranque da fase de grupos, a vitória por 5-3 sobre os catalães do Calafell, estreante nestas andanças, foi complicada por alguns "episódios". "Como a situação do primeiro golo deles, que é precedido de falta, claramente. O segundo golo, de tantas bolas que fomos eliminando, aquela passou e há uma segunda bola, é um ressalto e eles são felizes numa situação que é típica do jogo deles", apontou.
O Calafell apostou muito na meia distância e, nessas situações, o corpo dos defensores é que paga. "Acho que o trabalho defensivo que tivemos na primeira linha, quer nas trocas, quer a bloquear os remates, e com tanta bola que levámos, os meus jogadores estão de parabéns. É claramente o jogo com mais bolas no corpo", sublinhou.
Esse bom trabalho defensivo, com sacrifício, traduzir-se-ia em vitória. "Quando jogas contra equipas que têm este tipo de jogo, a definição na área está sujeita sempre a situações e à sorte, às vezes, da bola que bate e que vai ao poste, e nós não nos podemos sujeitar a esse tipo de jogo deles", destacou o técnico das águias.
A vencer por 4-1 ao intervalo, o Benfica veria o Calafell aproximar-se no marcador. "Conseguiram um golo, e o terceiro golo é surreal, não é? Bate na tabela, inverte quando a bola já estava nossa, depois de um grande trabalho nosso em termos defensivos, quer no 'underplay' defensivo, quer no 'underplay' ofensivo. Acaba por ser um jogo de Liga dos Campeões, discutido até ao fim", destacou. "O resultado não transmite aquilo que foi, em muitos momentos. a superioridade do Benfica", referiu, lamentando algum desacerto na finalização. "Estamos numa fase em que não conseguimos potencializar todas as situações que criamos. É continuar a trabalhar. Acho que há muita coisa positiva e os jogadores estão de parabéns. Estou satisfeito com a vitória e com a prestação", resumiu.
Uma prova especial
A Liga dos Campeões, antes Liga Europeia (e, antes, Taça dos Campeões Europeus), é a principal prova de clubes e Nuno Resende reconhece a solenidade do momento. "É especial para toda a gente. Disse hoje no balneário, no último discurso, na última comunicação, que nós hoje tínhamos a possibilidade todos - o Benfica e, depois, individualmente, cada um nas suas carreiras - de voltar a desfrutar da prova maior de clubes a nível europeu e mundial", confessou, lamentando a interrupção, há três anos, pela pandemia.
"A pandemia tirou muita coisa na altura. A prova parou a meio ou já bem adiantada nesse ano. No ano a seguir, a situação foi aquela que fizeram no Luso [não participando equipas italianas, quando Resende dirigia o Trissino]. O ano passado, houve toda aquela celeuma com os clubes, e estivemos fora... Embora depois o Benfica tenha acabado por ter ali um 'docinho' quando ganha a Golden Cup, mas a Liga dos Campeões é a Liga dos Campeões, é a prova maior e estes jogos demonstram isso", frisou.
A competição este ano adivinha-se de alto nível. "Não há jogos - em casa ou fora - que sejam fáceis. Os resultados da primeira jornada já trazem surpresas e as pessoas têm que estar preparadas. Aqui as equipas dão máximo, o foco é o máximo. Este tipo de equipas querem muito também fazer ver e mostrar-se nestes palcos, como é o Benfica", explicou.
"Durante anos, quando estive em Itália, sabíamos que estas deslocações, quando íamos a Lisboa ou Porto ou até mesmo a Barcelona, era para nós um jogo extremamente importante. Eles mostraram isso, mas nós também respeitámos muito o adversário, trabalhámos para conseguir a vitória e é esse o caminho que temos de fazer", concluiu.
Na segunda jornada, a 9 de Fevereiro, o Benfica desloca-se à Corunha, onde em Abril último conquistou a oficiosa Golden Cup, para defrontar o Liceo.
Até lá, há campeonato, e, logo após o jogo com o Calafell, Nuno Resende começou a preparar a (curta) deslocação ao João Rocha, para um Dérbi pelo primeiro lugar que se joga já este domingo.
Sexta-feira, 27 de Janeiro de 2023, 11h14