'Stickadas' nas crises precisam-se

Com eleições marcadas para o passado dia 25, a Juventude de Viana anunciou a suspensão da Assembleia-Geral por falta de listas. Às dificuldades desportivas, junta-se a dificuldade directiva.

'Stickadas' nas crises precisam-se

No último defeso, a Associação Juventude de Viana parecia encaminhada para se consolidar na categoria máxima do Hóquei em Patins português. Com Tiago Alvadia na presidência e Reinaldo Ventura no comando técnico, o grupo NeivaSports procurava afirmar-se no panorama da modalidade e dava mesmo nome à equipa para a nova temporada. Um penúltimo lugar, com seis jornadas por disputar (e um calendário complicado), não será agora o melhor cartão de visita.

Não será recuar muito para encontrar os melhores anos da Juventude de Viana. Em 2008/09 e 2009/10, o investimento do falecido António Longarito catapultou a equipa para dois vice-campeonatos nacionais. Os vianenses tinham voltado à I Divisão em 2003, e, entre 2004 e 2013, foram mesmo a única a intrometer-se no monopólio de Porto e Benfica nos dois primeiros lugares de um campeonato quase sempre ganho pelos dragões (a excepção foi em 2012, conquistado pelas águias). Nomes maiores como Paulo Almeida, Didi, Pedro Alves ou Luís Viana faziam o Municipal de Monserrate encher e vibrar.

Assolada por dificuldades económicas, cairia no escalão secundário em 2012, mas voltaria, tal como em 1990: apenas um ano depois e com o título de campeã nacional na II Divisão. Na gestão de Rui Natário, houve rigor económico, que nem sempre se coaduna com resultados desportivos. Mas o mérito da presença entre os maiores da modalidade era inquestionável. Assegurou um lugar no play-off na penúltima temporada e ficou à porta, em 9º, na última.

Esta temporada, os resultados tardam em surgir. Com 20 jornadas cumpridas, a Juventude de Viana é penúltima, com apenas 10 pontos somados, a cinco pontos de Parede, a primeira equipa acima da linha de água. E os vianenses têm um calendário muito complicado até final. Desde já, está no temível ciclo com Porto (fora, perdeu 9-1), Benfica (casa) e Sporting (fora). Segue-se a recepção ao Braga, deslocação a Valongo e novo jogo no José Natário com a Oliveirense. Na derradeira jornada, a equipa de Reinaldo Ventura joga em Famalicão, sendo que, entre estes adversários, apenas Famalicense e Braga não estão nos seis primeiros lugares da classificação, mas lutam por um objectivo de play-off.

Sociedade civil sem compromisso

Neste cenário, horas antes de receber o Parede a 25 de Fevereiro, estava convocada Assembleia-Geral para eleição dos órgãos sociais para o biénio 2023/2025, Mas nenhuma lista se apresentou, ficando nova AG agendada para 12 de Março, logo após a recepção ao Benfica.

O chamativo adversário talvez mova mais pessoas ao Municipal José Natário, cuja moldura humana tem sido desoladora. Mas nem isso deverá fazer aparecer gente com vontade de assumir, de trabalhar, de dizer presente perante desafios económicos. "Reza a lenda" que, perante o largo investimento em infraestruturas camarárias para a celebração da Cidade Europeia do Desporto, tardam em chegar os necessários e fundamentais apoios às colectividades que representam o munícipio.

Em 2019, Rui Natário, neto do "Zé" que agora dá nome ao pavilhão, acabou reeleito depois de duas convocatórias sem candidatos. Seria um quinto (desgastante) mandato e era hora de passar o testemunho. Assumiu Alvadia, em 2021, ficando Natário como presidente da Mesa da Assembleia-Geral daquele que, em alta-competição, é claramente o emblema com mais potencial de projecção da cidade, sendo difícil de compreender a falta de investidores.

Falta saber o que - e quem - reserva o futuro próximo à Juventude.

AMGRoller Compozito

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