Paradigma de II Divisão

Adiando no passado sábado o que já parecia inevitável e assumido, o Paço de Arcos viu, a meio da semana, confirmada a relegação à II Divisão e já se prepara a nova época neste histórico, oito vezes campeão. Ricardo Pereira é apontado ao leme.

Paradigma de II Divisão

Depois de duas temporadas no escalão maior, o Paço de Arcos vai regressar à II Divisão. Um jogo alheio, entre Juventude de Viana e Braga, a cerca de 400 km do "Casablanca", confirmou matematicamente a descida.

A vitória sobre o Parede no último sábado foi o quarto triunfo da temporada e até permitiu escapar ao indesejado último lugar. Mas tal não retirou ao Paço de Arcos o "estatuto" de pior ataque, com apenas 47 golos marcados (dois por jogo), e pior defesa, com 116 sofridos (cinco por jogo), do Campeonato Placard. Muito por força de uma fase em que já parecia haver alguma resignação.

Antes do jogo com o Parede, o Paço de Arcos vinha de sete derrotas consecutivas, com 43 golos sofridos, em que, curiosamente, o desfecho só fora equilibrado frente às equipas teoricamente mais fortes, Sporting (6-5) e Oliveirense (3-2). Pelo meio destes dois jogos, houve apenas quatro golos marcados. Destaque - pela negativa - para as derrotas caseiras com Riba d'Ave (2-6) e Murches (1-9) vincando o facto do "Casablanca" ter estado longe de ser a fortaleza desejada. Na primeira volta, o Paço de Arcos perdeu todos os sete jogos perante o seu (pouco) público.

Expectativas goradas

Campeão nacional em oito ocasiões (a última em 1955), o Paço de Arcos descera em 2020, na "liguilha" promovida na pandemia, depois de nove temporadas consecutivas na categoria máxima. Tristemente, celebraria o 100º aniversário na II Divisão, mas apenas um ano volvido sobre a descida, estava de volta, com André Luís a assumir o comando técnico para nova etapa do clube no convívio dos grandes.

Foi uma primeira temporada tranquila, culminando num 10º lugar a apenas um ponto do 9º e nove pontos acima da linha de água. A fazer acreditar que, talvez, pudesse ser possível apontar mais acima na nova temporada.

No defeso, houve poucas mudanças. Na baliza, o escudeiro de Diogo Rodrigues ("Matraco") deixou de ser José Silva para passar a ser Alexandre Ferreira. Na frente, saíram Diogo Alves (a pendurar os patins) e Filipe Fernandes (até tivera uma época marcada por lesões), chegou Bernardo Ramalho, cedido por empréstimo pelo Benfica. As "fichas" foram colocadas na continuidade de Gonçalo Nunes, que chegara a meio da temporada do Sporting.

Nos cinco primeiro jogos, apenas uma vitória, mas preciosa, em Viana. Houve a pausa para o Campeonato do Mundo e Bernardo Ramalho saiu para o Murches. Diogo Alves, que abraçara a coordenação do histórico emblema da Linha, tirou os patins do "prego".

Terminado o Mundial, o Paço de Arcos registou apenas mais três pontos, numa outra vitória, também fora, em Murches. A segunda volta começou praticamente com novo triunfo frente à Juventude de Viana, agora em casa. Mas o Paço de Arcos só voltaria a somar pontos frente ao Parede, depois de sete derrotas consecutivas em que os desfechos e exibições preconizavam já um paradigma de II Divisão.

A descida foi confirmada esta quarta-feira. A 10 pontos da primeira equipa acima da linha de água [o Riba d'Ave] e com apenas nove possíveis de conquistar, nem a matemática vale ao Paço de Arcos, que, até ao fim da fase regular, defronta Famalicense (16 de Abril) e Porto (22) fora e recebe o Óquei de Barcelos (25) na despedida - ou, um "até já" - à I Divisão.

Ricardo Pereira na calha para a próxima temporada

Com a despromoção a ser cada vez mais uma certeza, o Paço de Arcos foi trabalhando na próxima temporada. André Luís está de saída e o sucessor estará encontrado.

Depois de uma época algo ingrata como treinador no delapidado projecto feminino do Sporting, Ricardo Pereira deverá assumir o comando técnico da equipa principal do Paço de Arcos na próxima temporada.

Seria um regresso, depois de ali ter sido atleta de 2015 a 2017, na recta final de uma carreira recheada de títulos de clubes e selecção, e de ali ter sido treinador nos escalões de formação. Em 2022, "Peca" deixava o comando técnico dos Sub-17 do Paço de Arcos para abraçar o desafio à frente da equipa sénior feminina dos leões.

AMGRoller Compozito

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