Trissino e Valongo disputam Intercontinental só para europeus

Por Pedro Alves dos Santos

Trissino e Valongo vão defrontar-se a um só jogo pela Taça Intercontinental, na segunda edição consecutiva só com equipas europeias. Nos últimos 30 anos, a Intercontinental só se disputou fora do Velho Continente uma vez.

Trissino e Valongo disputam Intercontinental só para europeus

No próximo dia 17 de Junho, Trissino e Valongo, finalistas da Liga Europeia de 2022, disputam a Taça Intercontinental no Pavilhão Municipal de Valongo. Será um duelo apenas entre equipas europeias, como em 2021, e num só jogo.

A Taça Intercontinental terá tido uma primeira edição em 1983, nascendo para um tira-teimas entre as melhores equipas europeias e sul-americanas. Em 19 edições tidas como oficiais (segundo o site da World Skate), a prova realizou-se em mini-campeonato, duas mãos, jogo único ou Final Four, mas sempre com representantes de dois continentes. O que justificava o epíteto de Intercontinental.

Em 2018, citando Chico Buarque, "foi bonita a festa, pá". Num Aldo Cantoni que encheu, houve Taça Intercontinental no masculino e no feminino, com os finalistas das competições máximas europeia e sul-americana. Foi tão extraordinário que a World Skate redigiu, baseado no modelo, um regulamento que entraria em vigor em Maio de 2019. Mas, afinal, essa edição vai ficando como um canto de cisne...

A prova não se disputou em 2019 ou 2020. Em 2021, ainda na ressaca da pandemia, havia uma proposta argentina para a organização, mas Porto e Sporting, finalistas da Liga Europeia nesse ano, acabaram por decidir o título apenas entre si, em duas mãos. Agora, a decisão volta a ser apenas europeia, mas, na (falta de) coerência que é apontada às instâncias que regem o Hóquei em Patins, será decidida em jogo único.

O facto de só participarem equipas europeias, não contraria o regulamento, que salvaguarda que a World Skate defina os participantes em caso de desistências. Mas é o mesmo regulamento que diz que a prova deve ser disputada num fim-de-semana de Dezembro. Note-se que, por coincidência (e mérito), o Valongo até é vice-campeão europeu. Mas o Trissino já não é o campeão...

Se as equipas argentinas que tinham direito a disputar a prova (UVT e Lomas de Rivadavia) realmente desistiram, será outra questão. É plausível que questões económicas pudessem levar a tal decisão. "Não há dinheiro, não há circo. São uns chorões. Não querem vir, não vêm", dirão alguns.

Será fácil agora esquecer as queixas financeiras europeias dos Mundiais realizados na Argentina em Novembro último, quando, nos seniores masculinos, foi o 11º realizado na América do Sul contra 31 realizados na Europa em 45 edições. O que dirão os clubes sul-americanos, que nos últimos 30 anos (compreendendo 14 edições), depois de 1992, só tiveram uma edição da Taça Intercontinental no seu continente? Curiosamente, e com pouco espaço para discussão, foi a melhor de sempre.

À margem desta decisão de sede, participantes e formato, Valongo e Trissino vão defrontar-se por um troféu internacional pela terceira vez em pouco mais de um ano. Os italianos venceram em Torres Novas a mais importante prova europeia de clubes, a Liga Europeia, em Maio de 2022, com 4-4 no tempo regulamentar e 3-1 nas grandes penalidades. Os portugueses, em Setembro, já esta época, venceram a Taça Continental ao triunfarem, em Follonica, por 1-2 na final de uma disputa a quatro.

A nível nacional, o Valongo despediu-se do Campeonato Placard a 13 de Maio, caindo em dois jogos nos quartos-de-final do play-off. O Trissino vai este sábado iniciar a disputa da final da Serie A1 frente ao Forte, podendo "arrumar o assunto" (perdendo ou ganhando) a 3 de Junho, em três jogos, ou, se for até à negra, a 10 de Junho.

No fim, o vencedor da Taça Intercontinental proclamar-se-á, provavelmente, campeão do Mundo. Erroneamente, dado que será, de facto, "apenas" vencedor da Taça Intercontinental. O título de campeão do Mundo - conforme consagrado explicitamente nos regulamentos internacionais - é para o vencedor do campeonato do Mundo de selecções, e esse é a Argentina. E, ironicamente, nenhuma equipa argentina participará na disputa desta "intercontinental".

O Barcelona soma seis triunfos na prova, o Liceo cinco e o Benfica dois. Com um triunfo, à espera do vencedor desta decisão entre Trissino e Valongo, estão Follonica, Óquei de Barcelos, Porto, Reus, Vic e a UVT, única equipa sul-americana na lista de vencedores.

AMGRoller Compozito

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