O Mago volta ao palco da estreia

Jordi Adroher está de volta ao SHUM, mais de duas décadas depois, para fechar o círculo de uma carreira memorável. Após uma época na Oliveirense, regressa ao clube pelo qual se estreou, ainda júnior, no principal campeonato espanhol.

O Mago volta ao palco da estreia

Há jogadores que marcam pela sua eficácia, pela capacidade de ganhar jogos. Mas há alguns que, por vezes, fazem esquecer o desfecho das partidas, encantando pela forma como tratam a bola. Jordi Adroher é um desses jogadores, com algo de romântico na forma como controla a "redondinha", como a conduz, como a remata para o fundo das redes contrárias. Roubando a metáfora ao futebol, no seu stick, a bola não chora. É todo um bailado de movimentos harmoniosos, um tratado na arte de bem jogar.

O fotógrafo Luís Velasco apelidou-o de "El Mago". O Mago. Seguramente pelo adorno nos golos marcados, mas também poderia ser pela forma como Adroher transforma jogos mais cinzentos em partidas coloridas, alegres, a reclamar sorrisos aos mais sisudos. É uma forma de jogar, mas também uma forma de viver, num dos jogadores e numa das pessoas mais consensuais das últimas décadas no Hóquei em Patins.

Adroher nasceu em Ribes de Freser, pequena localidade da província de Girona. Mas, como em muitas pequenas localidades catalãs, havia um "Club Patí" local onde abraçar o Hóquei em Patins. Destacando-se, rumou ao mais competitivo SHUM, de Maçanet de la Selva, estreando-se ainda júnior na OK Liga.

Em 2002, venceu um oficioso mundial de Sub-20 no Chile, ao lado de Marc Torra, e muitos apontaram que o futuro da Espanha estava assegurado. Adroher já estava comprometido com o Lloret e ali evoluiu ao longo de quatro temporadas. Rumou a Vic, um outro Vic que lutava por - e ganhava - troféus. Jordi Adroher, "Adro" para muitos, chegaria ao Barcelona em 2009, para "apenas" duas temporadas de blaugrana. Acabaria por não vingar desportivamente na então melhor equipa do Mundo, quiçá amarrado a um rigor matemático que colide com anarquia da arte.

Jordi Adroher foi três vezes campeão do Mundo e outras três da Europa, e venceu a Liga Europeia, a mais importante prova de clubes do Velho Continente, por Barcelona e Benfica.

Sem a mesma responsabilidade de ganhar, reencontrou-se com a alegria do jogo em Reus. Em 2014, Guillem Cabestany levou-o para Itália, para o Breganze. Conquistariam uma Coppa, chegariam à Final Four da Liga Europeia e viajariam para Portugal. O técnico aterrou no Porto, Adro em Lisboa.

O atacante catalão chegava ao Benfica um pouco na sombra do também reforço Marc Torra, que vinha do Barcelona, mas Adroher protagonizaria uma temporada extraordinária, coroada com a conquista do campeonato e da Liga Europeia. Em Dezembro de 2018, viu partir Pedro Nunes para a chegada de Alejandro Dominguez, que "recuperara" Adroher para "La Roja" e o título Mundial (2017) e Europeu (2018). Também por isso, a dispensa no Verão de 2020 foi uma surpresa para a maioria. Certamente, incluindo o próprio.

Foi uma prenda para o Liceo, já com a temporada prestes a arrancar. No permanente domínio do Barcelona, Adroher seria decisivo na conquista de uma Taça do Rei na sua primeira temporada em "los verdes" e da OK Liga na segunda. Foi chamado de volta ao campeonato português, pela Oliveirense, mas acabaria por ser uma vítima da decisão, tomada muito cedo, de rejuvenescimento da equipa.

Adroher completou 38 anos, mas deixa a Oliveirense depois de 15 golos na fase regular e dois nos três jogos realizados nos quartos-de-final do play-off. Havia outros interessados, mas decidiu voltar a vestir a camisola do clube que o levou ao mais importante campeonato espanhol. Decidiu retribuir, para fazer pelo SHUM o que o SHUM fez por si há mais de duas décadas.

Atacar a subida

Com Jordi Adroher, o SHUM ganha um trunfo forte para a luta pela subida à OK Liga.

Na temporada finda, a equipa de Maçanet ficou em 3º na OK Liga Plata Sur, a dois pontos de um segundo lugar do Manlleu que permitiria lutar por uma derradeira vaga na OK Liga.

O SHUM já anunciou a renovação com vários jogadores, como Miki Grau, catalão que representou o Benfica nos escalões de formação, procurando uma presença na categoria máxima, que não acontece desde a temporada de 2015/16. Então contava com o internacional português Diogo Neves que, desde 2016, está em Itália.

AMGRoller Compozito

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