Triunfo assente em sólido bloco
Na antecipada final ibérica, a Espanha adiantou-se e obrigou Portugal a andar atrás do resultado. A perder por 3-0, a selecção das quinas ainda reduziu para a margem mínima, mas a coesão do bloco defensivo de 'La Roja' segurou a vantagem e o título.
A Espanha sagrou-se este sábado tricampeã europeia ao vencer Portugal por 4-2 numa final antecipada por muitos.
Coube a Pedro Gil, que de Sant Sadurní partiu para seis títulos de Campeão do Mundo e sete da Europa, a simbólica stickada de saída. Ansiosa, a selecção portuguesa "apressou" a letra do hino. Ao hino espanhol, as bancadas, fervilhantes de espírito independentista catalão, responderam com uma monumental assobiadela.
A Espanha começou com Carles Grau, César Carballeira, Nil Roca, Pau Bargalló e Martí Casas, ao passo que Portugal iniciava com Pedro Henriques, Telmo Pinto, Hélder Nunes, Gonçalo Alves e João Rodrigues. Guillem Cabestany deixava fora dos 10 o jovem Roc Pujadas, abdicando da sua rebeldia em prol de um grupo mais sólido.
Logo aos 15 segundos, surgiu a primeira grande oportunidade, para Nil Roca. Com minuto e meio jogado, Portugal festejava num desvio de João Rodrigues, mas a bola não entrou. Era um início animado, de nervos. Os jogadores de um e outro lado pediam azuis a cada falta, e já se adivinhava tarefa complicada para os italianos Marco Rondina e Joseph Silecchia.
No passar dos minutos e com as primeiras substituições, a selecção das quinas acusava a rotação, perdendo capacidade de saída para o ataque, e, aos 13 minutos, Marc Grau era rápido a reagir depois de uma primeira defesa de Pedro Henriques e a Espanha inaugurava o marcador sem qualquer dos titulares em pista.
Portugal procurou reagir, com mais velocidade sobre a bola, mas sem conseguir definir lances de real perigo. A sete minutos do intervalo, voltavam Gonçalo Alves e João Rodrigues, já com Hélder Nunes em pista (sairia pouco depois, tocado, para regressar apenas na etapa complementar), mas mantinha-se uma falta de soluções ofensivas que Gonçalo, a assumir muitas vezes a responsabilidade, tentava disfarçar, a rematar, em progressão ou mesmo a lançar os companheiros, como quando isolou João Rodrigues, não conseguindo este desfeitear Carles Grau.
No calor da fricção entre a busca portuguesa do golo e a vontade espanhola de segurar a vantagem, os protestos sucediam-se e subiam de tom. Pau Bargalló e Henrique Magalhães viram azul, Renato Garrido foi advertido.
Sem mais golos, a etapa começava com sete faltas para o seleccionado espanhol e oito para o português, aproximando-se os livres directos. Mas o primeiro não seria pela 10ª falta.
Aos três minutos, já com nove faltas do lado português, houve azul para Rafa por falta sobre Nil Roca. Pedro Henriques ganhou o duelo a Pau Bargalló, e o quarteto português em pista parecia levar a bom porto a missão de evitar o golo em underplay. No entanto, no exacto segundo em que se cumpriam os dois minutos de inferioridade, Marc Grau voltava a marcar. Praticamente em acto contínuo, "caiu" a 10ª falta portuguesa, apontada a Gonçalo Alves no ataque.
Marc Julià foi chamado e Pedro Henriques até ganhou o duelo, mas seria mais uma vítima de uma regra sem apito que ninguém entende, que ninguém quer, e se tarda em mudar. Na repetição, Julià fazia o 3-0. A vantagem de três golos com seis minutos cumpridos nesta segunda parte animava as bancadas do Olímpico do Ateneu, por regra mais contestárias de decisões do que motivadoras, que o grito por "Espanha" custa a articular.
Portugal tinha de reagir e Gonçalo Alves reagiu. Um minuto volvido sobre o terceiro tento espanhol, o mais inconformado jogador português rematava muito forte e colocado, sem hipótese de defesa para o ex-colega Carles Grau. Mais minuto e meio decorrido e Sergi Aragonès via o azul. O Ateneu ficava em suspenso, com Gonçalo Alves a preparar-se para o remate, mas o azul não seria da falta (mas do que se seguiu) e não houve lugar a livre directo.
Os dois minutos de superioridade foram cumpridos ao compasso do embate dos remates portugueses nas caneleiras espanholas, sem que o quarteto luso conseguisse desequilibrar o trio espanhol para ter melhor "linha de tiro". A Espanha sobreviveu e manteve uma postura defensiva. Era hora de defender a vantagem e Cabestany abdicava mesmo de ter Pau Bargalló em pista.
Pese a vantagem da selecção anfitriã deste Europeu, o jogo estava longe de estar definido, sempre pendente da possibilidade de Gonçalo Alves rematar de qualquer sítio. Já nos 10 minutos finais, caía a 10ª falta espanhola, adiada por um bloco baixo que tinha mais de dar o corpo aos remates de meia distância do que lidar com a progressão contrária com bola.
Gonçalo Alves saltou do banco para a tentativa de conversão, mas Carles Grau defendeu. A Espanha respirava, mas de forma contida, nervosa. E Guillem Cabestany também não escaparia a uma advertência por protestos.
Na falta de soluções colectivas, com a selecção das quinas com muito coração e pouca cabeça, Gonçalo Alves voltava a assumir a vontade de um desfecho diferente e arrancava da sua meia pista para finalizar de forma brilhante, entre as pernas, depois de passar pelo bloco defensivo espanhol.
Portugal ficava a um golo da igualdade, mas nem um minuto volvido, nova falta no ataque - agora de João Rodrigues - valia nova oportunidade a Marc Julià. E o fantasista do Reus voltava a ser eficaz, repondo a vantagem de dois golos.
Sobravam seis minutos e o jogo estava completamente partido. A selecção de Renato Garrido insistia na meia distância, a selecção de Guillem Cabestany perdia-se na dúvida entre a saída rápida para o contragolpe ou o segurar a bola. A quatro minutos e meio do fim, a Espanha chegava à 14ª falta.
Perto de novo livre directo, voltou a faltar agressividade no "um-para-um" para Portugal garantir a desejada falta. E era os espanhóis quem mais reclamava mais qualquer coisa, quando os seus atacantes se poderiam isolar e eram travados em faltas providenciais dos portugueses.
O tempo chegava ao fim, para alívio e gaudio dos anfitriões. Mais uma vez, a sexta em outros tantos duelos na decisão ibérica de campeonatos europeus neste século, a Espanha impunha-se a Portugal numa final.
Campeonato da Europa 2023 - Grupo A
• Portugal 7-4 Itália • 17.Jul
• Espanha 2-2 França • 17.Jul
• Espanha 3-3 Portugal • 18.Jul
• Itália 4-2 França • 18.Jul
• Portugal 3-1 França • 19.Jul
• Itália 4-7 Espanha • 19.Jul
= 1º Portugal (7), 2º Espanha (5), 3º Itália (3), 4º França (1)
Campeonato da Europa 2023 - Grupo B
• Suíça 4-0 Inglaterra • 17.Jul
• Andorra 6-2 Alemanha • 17.Jul
• Andorra 2-5 Suíça • 18.Jul
• Inglaterra 2-8 Alemanha • 18.Jul
• Suíça 9-3 Alemanha • 19.Jul
• Inglaterra 2-4 Andorra • 19.Jul
= 1º Suíça (9), 2º Andorra (6), 3º Alemanha (3), 4º Inglaterra (0)
Campeonato da Europa 2023 - Quartos-de-final
• QF1 • França 5-0 Suíça • 20.Jul
• QF2 • Itália 4-1 Andorra • 20.Jul
• QF4 • Portugal 15-2 Inglaterra • 20.Jul
• QF3 • Espanha 5-0 Alemanha • 20.Jul
Campeonato da Europa 2023 - 5º ao 8º
• LF2 • Inglaterra 1-2 Suíça • 21.Jul
• LF1 • Alemanha 2-0 Andorra • 21.Jul
• 7º e 8º • Andorra 3-4 Inglaterra • 22.Jul
• 5º e 6º • Suíça 3-0 Alemanha • 22.Jul
Campeonato da Europa 2023 - 1º ao 4º
• MF2 • Portugal 5-2 França • 21.Jul
• MF1 • Espanha 7-4 Itália (4-4, 3-0 pen) • 21.Jul
• 3º e 4º • Itália 9-8 França (3-3, 2-2 prol, 4-3 pen) • 22.Jul
• Final • Espanha 4-2 Portugal • 22.Jul
Domingo, 23 de Julho de 2023, 10h49