Porto perde três internacionais
O defeso é altura de transferências de atletas e treinadores. Mas também de árbitros, ainda que sejam raras, pelos mais diversos motivos. A revolta contra sucessivos "atropelos" dos interesses pode ser um deles… E foi o alegado por três árbitros internacionais que deixam o Conselho de Árbitros (CA) do Porto para se juntarem a Aveiro.
Mas a transferência esteve longe de ser fácil.
Em Novembro, ainda com pouco tempo decorrido na época, já o árbitro Joaquim Pinto – o único português presente no último Mundial – pedira a transferência. Na altura, uma reunião com o presidente António Sampaio levou à continuidade do árbitro, ainda que os problemas regressassem poucas semanas volvidas.
Já no mês de Junho, Joaquim Pinto reiterou o seu pedido de transferência, sendo acompanhado na sua vontade por José Pinto e Paulo Santos, ambos também com a categoria de “Internacional”, ainda que Paulo Santos não esteja habilitado para nomeações internacionais na época que se avizinha.
O pedido do trio era fundamentado em cinco pontos comuns que aqui transcrevemos:
1 - O CRA do Porto tem vindo a seguir à algum tempo uma política de nomeações em que em algumas semanas existem certos e determinados árbitros com cinco, seis e mesmo sete jogos durante a semana, havendo outros árbitros sem qualquer jogo nessas mesmas semanas e não havendo qualquer impedimento por parte desses árbitros para não arbitrarem jogos.
2 - Foi-nos comunicado numa reunião, pelo Sr. Presidente do CRA do Porto de que a A.P. Porto já não podia pagar as portagens, por não ser legal, tendo sido pedido aos árbitros que arranjassem uma solução, pelo que foi proposto um aumento do valor do Km. para € 0,34, o qual a A.P. Porto aceitou mas baixando o número de Km. em quase todas as deslocações, o que em alguns casos ainda ficávamos a receber menos do que o que recebíamos com o valor das portagens.
3 - Numa segunda reunião foi então proposto de que se mantinha o número de Km. da tabela em vigor e alterando o valor do Km. para € 0,32 em todas as deslocações. Assim sendo iriamos perder algum dinheiro nas deslocações em que houvesse pagamento de portagens, mas esse valor seria recompensado nas deslocações em que não havia pagamento de qualquer portagem.
4 - Foi também decidido nessa reunião de que se a A.P. Porto não aceitasse esse valor, os árbitros se recusariam a arbitrar qualquer jogo organizado pela A.P. Porto, tendo sido dito pelo Sr. Presidente do CRA do Porto de que estava bem assim e que em princípio não haveria qualquer problema em a direção da A.P. Porto aceitar esta proposta. Mas realmente isso não se verificou porque a A.P. Porto aprovou uma tabela em que nas deslocações em que não havia portagens manteve o valor de € 0,30 e nas que tinha portagens é que alterou para € 0,32, não respeitando o que ficou decidido na reunião de árbitros.
Por parte do CRA do Porto nunca foi marcada uma reunião para informar os árbitros do porquê da aprovação desta tabela por parte da A.P. Porto e se estaríamos de acordo com a mesma.
5 - O CRA do Porto costumava enviar à 5ª feira as nomeações dos seus árbitros desde Sábado até à 6ª feira seguinte, mas algumas semanas a esta parte só tem enviado as de Sábado e Domingo de cada semana, tendo eu constatado de que também tem havido vários jogos de 2ª a 6ª feira dessas semanas. Com isto quer-me parecer que o Sr. Presidente do CRA do Porto não pretende dar a conhecer aos outros árbitros quem é que nomeia para evitar que se diga que uns têm muitos jogos e os outros não têm nenhuns.
#IMAGE4426 Joaquim Pinto apitou a final do Mundial
Conforme regulamentado, o pedido de transferência de filiação foi dirigido ao CA da FPP e aos dois conselhos regionais em causa, tendo sido diferido quer pelo órgão nacional, quer pelo de Aveiro. Mas o CA do Porto negou a transferência, colocando em causa os motivos dos três árbitros e mesmo sabendo que os mesmos permaneceriam (se permanecessem…) contrariados.
Face ao diferendo, o CA da FPP foi obrigado a intervir. Na reunião agendada e realizada a 18 de Julho em que, vendo negada a pretensão de alteração para dia 25, o CA da AP Porto não se fez representar nem na pessoa do seu presidente, nem – ainda que o presidente do Conselho de Arbitragem, Agostinho Peixoto, tivesse insistido - por nenhum outro representante, a decisão acabou por ser tomada à revelia.
Na base da decisão ficaram por esclarecer e provar – por força da ausência dos representadas do CA da AP Porto – algumas expressões na resposta aos pedidos de transferência que o CA da FPP questionou, como “despicientes e pérfidas”, “de forma soez e grosseira de nomeação”, “lançando atoardas, cultivando mentiras e espalhando boatos”, “… idoneidade, o carácter, a isenção, a honestidade e a gratidão, entre outras, que o valorizam e lhe dão crédito e estes são valores a preservar. O que demais abjecto existe é, sobretudo, a ingratidão…” ou “facciosos”.
Dando como provadas os motivos dos três internacionais, o CA da FPP deu provimento e aceitou a transferência pedida, sendo que, face às declarações difamatórias, será feita chegar uma participação ao Conselho de Disciplina pelos visados.
Segunda-feira, 27 de Julho de 2015, 22h18